sábado, 4 de julho de 2015

Ode à metafísica; um exercício



Como se darão os ajustes do universo? O universo vem se fazendo em completa perfeição a partir de sua gênese; ou situações fogem também ali, ao controle? Ou sua equipe de planejamento está suficientemente atenta para o possível degringolar; ao inesperado, ou ao caos eminente? E, uma vez necessária a intervenção, como se dá este ajuste! Nada pode ser mais claro aqui do que o entendimento, a observação de que os arquivos (seus planos paralelos) do universo são indizíveis, se agora podemos compreender, tomando por base, fazendo uma alusão a mecânica do efeito dos sistemas de arquivos em nuvem, por exemplo – ainda que a mecânica não se pareça, é aplicável atentar-se para a dinâmica da não matéria, ou melhor, da não necessidade de um compartimento material para a contenção. Se nós humanos já conseguimos captar avanços dessa ordem é certo que não há limite fora da matéria. Fora daqui, não apenas isso, mas os acontecimentos, uma vez ocorridos - e mesmo os não a nós -, tornado organismos, assim continuam, para todo o sempre, porque não se pode negar o óbvio e esquecer a máxima de que onde não há princípio não há fim.

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Entendo e tento contar aqui, sustentando com argumentos próprios – que mais servem como uma disposição, ou seja, disponho-os apenas, pois, com um mínimo de imaginação é possível observar que se auto defendem - um, a princípio pequeno, mas significativo motivo, aventado. Lançando mão da certeza de que o cosmo não é egoísta; razão mais que suficiente, ou, por si só auto sustentável para ele dividir-se  em outros incontáveis planos.

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Uma visão ampla e nada mesquinha de uma observação ainda que teórica; provável per se em significado se pensarmos metafisicamente não apenas (o crer) a possibilidade da transcendência, mas o absurdo do nada imaterialmente denso.

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Deve haver uma porta, um portal que siga aberto para todo o sempre, possibilitando que em algum tempo/espaço de significativo grau de importância; lançando mão de ferramentas de alinhamento incompreensíveis a nós e comum ao mecanismo matemático universal; passível de ser acessado por todo aquele que venha recordar ou jamais se esqueceu de determinada encruzilhada decisiva – ou por razões nunca esclarecidas ao homem enquanto matéria - em qualquer uma de suas incontáveis existências.

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Entre os vários textos de Voltaire, existe um, onde determinado personagem discute o não casamento de outro com a mulher amada, fazendo-o entender, aludindo-o a observar que toda a diferença do próprio universo ou na história; o nascimento de uma guerra mundial que pode ser alterada ou construída a partir de então, por exemplo, seria modificada desde então. Desde a troca, o direcionamento dado ao “sim” da mulher.

Vamos aqui esquecer por um momento aquela história de que Forças Superiores intervêm em momentos decisivos; por pura ignorância. Ou seja, por ignorarmos completamente como isso acontece; como se dá essa mecânica real e irrefragável. E também esquecer a nossa desvelada natureza especulativa; e não somente para uma abnegada efetivação do texto, pois, sendo esta uma ideia afirmativa positiva, recorremos à análise de que os ramos, as raias, os caminhos são diversamente superiores ou competem em número ao corolário das conexões; todas.

A partir de então, penso, analiso e reflito nossa limitada ciência e, se de um lado pondero, de outro sou todo protestos. Concluindo que não pode ser o que pensamos ou como agora pensamos. Por mais que se constitua eu de um crente nos ajustes universais perfeitos e a nós invisíveis; isso não pode ser apenas isso que descobrimos até então. Que não é possível que o nascer de uma ação nega peremptoriamente, definitivamente; que venha calar e aniquilar para sempre a cadeia da continuidade caso a opção modifique-se naquele exato instante devido a infindáveis motivos que se alinharam para determinado e decisivo flagrante, muitos, advindo de humores de um ou de um grupo de homens acostumados a sempre negá-los!?!

Como um simples ato entre um homem e uma mulher, no exemplo de Voltaire, - ou quando, afinal, outros milhares em gênero; parelhos ou distintos, ocorrem a cada dia em uma única grande cidade - poderia ser o responsável por ações que se perpetuariam por centenas de anos, ou decisões e arranjos com a possibilidade de alterar para sempre toda uma dinastia, quando, tão somente uma não ação deixaria tudo estagnado ou um legado que não prosperaria além de uma mísera geração ainda que se deposite toda uma crença ao destino? 

Egoísmo seria o termo? Como podemos imaginar que todos os outros nasceram apenas para assistir alguns poucos que deixam seu nome na história?

Se acorrermos a um apanhado em toda a cronologia humana, teremos a proporção de menos de um por cento de grandes nomes. Nomes que fizeram a diferença para o total humano que já habitou o planeta; e o que isso significa? Que essa imensa maioria apenas nasceu para observar, ainda que muitos deles somassem trabalhando exemplarmente para a elevação do pequeno volume?

Nada. O universo não é regido sob a batuta do egoísmo; só há uma explicação: todos os universos continuam para além do observado.

A negação de hoje de alguma forma se perpetua em afirmação em outra dimensão; ou você entende que jamais poderá experienciar a sua vontade, o seu desejo à sua justiça? E você outro, entende que para sempre será achacado, injustiçado ou tido como um pária do universo, sabendo não o ser, apenas ao encontrar seus iguais post mortem?

O universo não é egoísta. O nosso mundo pode nos parecer um claustro, mas o mundo, definitivamente, não é limitado na mente do homem. Ao final, e uma vez mais, tudo é apenas; resume-se apenas, a uma questão de perspectiva.


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