Ao
longo da história, viemos aplicando significados e pesos diversos às palavras, fazendo
com que elas também sofressem uma espécie de “incrustar imaterial” com o tempo,
que embora imperceptível, diferentemente da fuligem da matéria que provoca
modificações nas estruturas, aqui ele progride do aculturamento de povos
inteiros, do vício de linguagem, do mau uso da língua, da miscelânea de dialetos,
gírias, interesses e desinteresses e desimportâncias sobre os diferentes modos
de expressão, e acaba criando uma crosta em um sem número delas que não é mais
possível, para gerações inteiras, entender o seu real significado. Escondendo,
que os termos empregados em determinadas situações não dizem, não significam
somente o aprendido e corriqueiramente utilizado ou mesmo nascido da
conveniência em comum ou habitual. Fazendo com que o texto seja negado, quando
não se entende o contexto do processo desenvolvido no pensar dos autores, por
exemplo; classificando todos; despejando-os no escaninho daquilo que é
desinteressante; do pontual que não agrega. Não entendendo a riqueza intencional;
relegando-o a mais um, e quando nada é despertado no leitor, continua ele com
suas interpretações de praxe sem se voltar a outro pensar que não o velho compreender
que aquilo não lhe diz respeito, ou coisa que o valha.
E
podemos ter atingido esse negligenciar expressivo, esse apagar, essa
invisibilidade de significados em determinado grau excludente que, ao citá-las,
primeiramente, precisamos explicar o que representam naquele instante, - não
seria exagerado apontar para os sinais de referências de notas - de tal forma,
que não somente o contexto ou o histórico do autor é suficiente para
desvesti-las das camadas agregadas, - não raro perversas - ao leitor mais
desatento.
Ao
se lançar mão, por exemplo, de palavras que sinalizam força por si só; lidas a
revelia como: “Material”, “Revolução”; “Religião”; “Crítica”; “Política”; na
tentativa de trazer o leitor ao significado raiz ou original dessas expressões,
o autor, se de alguma sorte se fizesse entender sem a necessidade de
explicações academicista, ou se perdesse em digressões desnecessárias, muitos
artigos seriam apreendidos próximos da essência de seus significados;
respeitando-se tanto esse quanto a ideia defendida no seu conjunto.
É
certo que tudo o que aqui nasce, morre, e, quanto ao material fadado a extinção
é possível que organizações somem esforços e prolongue ou até mesmo salve um
que outro espécime, porém, no que diz respeito ao arquivado em bibliotecas ou
pior, apenas na mente de velhos escolásticos eruditos, parece não haver
instituição capaz de fazê-lo.
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