Na
impetuosidade dos meus vinte e poucos anos fui arrebatado por uma das poucas
pessoas que considero até hoje, quando, ao descobrir um caminho bastante
diferente daquele mostrado na infância/adolescência, saí querendo mudar o
mundo, ela então me controlou e acalmou-me dizendo, não tente mudar o mundo com
palavras, dê exemplos.
*
Aos
poucos; paulatinamente - e ultimamente de forma mais agressiva em comunidades
avançadas -, os fumantes vem se conscientizando de que, mais do que parar de
fumar devido aos efeitos nocivos do cigarro, o fazem por vergonha, afinal, seus
próximos os veem como uma espécie de ser nojento devido ao seu sempre
impregnado estado de fumaça e nicotina, por exemplo. Muitos então, menos
adoentados, mais por vaidade que sã consciência, se esforçam para abandonar o
agora tornado, asqueroso vício, a um número maior de críticos.
Observamos
algo parecido, ainda que não a olhos vistos, no comportamento humano em relação
à falta de traquejo, ao desnível cultural, a vergonha por não seguir as
tendências sãs no que se refere à evolução dos seus iguais atentos às
diferenças.
Assistimos
ainda, - e por quanto tempo mais? - em um grau extremamente alto, pessoas questionando
capítulos ou versículos tão enérgicos quanto inquietantemente sérios, de cunho
universal, que há tempos nos foi repassado, envolto em eventos assumidamente
compromissados; em tons de desrespeito ou provocação. Demonstração visível de
falta de coragem em observar com seus próprios olhos o que lhes impuseram como
inverdades, ou consideração àquele que abraçou o que lhe é diferente.
Recentemente,
por falta de conhecimento da minha política contra a tacanhez canhota do
programa retrogrado que insiste em atravancar o saber humano em direção a sua
essência que acredito tende inexoravelmente ao equilíbrio, me enviaram um texto
cujo título absurdamente questionava o propósito do universo.
Assim,
não por vaidade, isso está longe de acontecer, ao menos no quesito sabedoria a
vaidade ainda não é o mote da evolução humana, infelizmente - nem aqui ela
consegue executar algo de benéfico ao homem. Então, nesta questão, entendo que em
algum momento as pessoas também vêm sofrendo uma pressão devido à vergonha que
passam por estarem ainda bulindo com teses que já não fazem mais sentido em
algumas associações honestas; em alguns grupos sociais que tentam avançar um
passo além do politicamente correto ou socialmente aceitável; e porque estes de
alguma forma, irão também sentir que estão provocando uma espécie de nojo; uma
existência tediosa e aborrecidamente arrastada por continuar insistindo em assuntos
que há muito deveria não mais causar estranhamento ou com perguntas que o tempo
mesmo – basta olhara ao redor - já encarregou de respondê-las.
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