sábado, 1 de agosto de 2015

Ainda fumantes



Na impetuosidade dos meus vinte e poucos anos fui arrebatado por uma das poucas pessoas que considero até hoje, quando, ao descobrir um caminho bastante diferente daquele mostrado na infância/adolescência, saí querendo mudar o mundo, ela então me controlou e acalmou-me dizendo, não tente mudar o mundo com palavras, dê exemplos.

*

         Aos poucos; paulatinamente - e ultimamente de forma mais agressiva em comunidades avançadas -, os fumantes vem se conscientizando de que, mais do que parar de fumar devido aos efeitos nocivos do cigarro, o fazem por vergonha, afinal, seus próximos os veem como uma espécie de ser nojento devido ao seu sempre impregnado estado de fumaça e nicotina, por exemplo. Muitos então, menos adoentados, mais por vaidade que sã consciência, se esforçam para abandonar o agora tornado, asqueroso vício, a um número maior de críticos.

         Observamos algo parecido, ainda que não a olhos vistos, no comportamento humano em relação à falta de traquejo, ao desnível cultural, a vergonha por não seguir as tendências sãs no que se refere à evolução dos seus iguais atentos às diferenças.

Assistimos ainda, - e por quanto tempo mais? - em um grau extremamente alto, pessoas questionando capítulos ou versículos tão enérgicos quanto inquietantemente sérios, de cunho universal, que há tempos nos foi repassado, envolto em eventos assumidamente compromissados; em tons de desrespeito ou provocação. Demonstração visível de falta de coragem em observar com seus próprios olhos o que lhes impuseram como inverdades, ou consideração àquele que abraçou o que lhe é diferente.

Recentemente, por falta de conhecimento da minha política contra a tacanhez canhota do programa retrogrado que insiste em atravancar o saber humano em direção a sua essência que acredito tende inexoravelmente ao equilíbrio, me enviaram um texto cujo título absurdamente questionava o propósito do universo.

         Assim, não por vaidade, isso está longe de acontecer, ao menos no quesito sabedoria a vaidade ainda não é o mote da evolução humana, infelizmente - nem aqui ela consegue executar algo de benéfico ao homem. Então, nesta questão, entendo que em algum momento as pessoas também vêm sofrendo uma pressão devido à vergonha que passam por estarem ainda bulindo com teses que já não fazem mais sentido em algumas associações honestas; em alguns grupos sociais que tentam avançar um passo além do politicamente correto ou socialmente aceitável; e porque estes de alguma forma, irão também sentir que estão provocando uma espécie de nojo; uma existência tediosa e aborrecidamente arrastada por continuar insistindo em assuntos que há muito deveria não mais causar estranhamento ou com perguntas que o tempo mesmo – basta olhara ao redor - já encarregou de respondê-las.
    

004.j cqe