E
por que não da certo? Porque não sabemos utilizar o “caldo” positivo; prático, preparado
com o tempero do bom senso, selecionado apenas com as lições que tornariam
nosso contrato, nossa constituição justa e igualitária ao serem pinçados com critérios mesclando inteligência e sabedoria. Isso, definitivamente, perdeu-se
ao longo do tempo.
Hoje
nos utilizamos de uma rede macabra, nociva, como um escamote para avalizar
nossas ações mais perversas que chamo de "Netética*". Não assumimos responsabilidades ou culpas, com
escusas, menos por ignorarmos e mais por nos aproveitar da oportunidade de saber
que todos aqueles que serão convencidos não o sabem – ou por algum motivo que
os mantém refém da situação construída. Verdadeiros acovardados em meio a opções que se auto impingiram. Tanto no que se refere a falácias;
a tratarmo-nos de falastrões, quanto às barbaridades defendidas.
Agarramos-nos
a informações inventadas, meias verdades, a-éticas para continuar cometendo
atrocidades ou insistindo por caminhos que nos mantêm como mentirosos,
estupradores, drogados, infiéis, bêbados, traficantes, promíscuos etc. sob um
véu social que finge não ver tais ações; que resultam no quadro exposto. Com a justificativa de que, mal
ou bem, estamos indo, e, para sustentar esse social insano nos valemos de uma
rede invisível que dá suporte e permite a continuidade tanto das desculpas quanto fornece
argumentos sem sentido que são pacificamente aceitos ou permitidos como evasivas que poderemos nos valer - se já não o fazemos - desde que, cercados
das explicações devidas que podem ser repassadas quando a vítima é confrontada
no; “o porquê sofre calada por tanto tempo?”; ou seja, a vítima não é vítima,
mas foi conivente por toda uma vida porque estava convencida de que não era uma
vítima – o problema reside no fato de que a própria vítima se vitimiza, mas
entende que o processo deve funcionar assim porque o estado, a sociedade toda
esta corrompida por ele; está corrompida ao ser conivente com um invisível,
porém inextricável e sempre presente, a-contrato social. E uma de suas regras
mais perversas; um de seus princípios menos aceito (abertamente) e mais
utilizados diz respeito ao fato de que todos sabem que aquilo que está sendo
dito é uma mentira, porém, quando envolvido em motivos que podem ser repassados
aos demais como mentiras aceitáveis; todos os “lapsos” podem continuar
ocorrendo uma vez que seja mantido o “equilíbrio material”. E no meu entendimento o carrasco, o pedófilo, o
infiel, o mentiroso, o assassino, o agiota, o estuprador, o déspota, o cafetão,
o corrupto, o esperto e todo aquele que foi anexado a nossa sombra para extorquir
(no comércio, no trabalho, na igreja, na família, na via pública...) valeu-se
do que anotei acima como “Netética”, uma rede “anti/social” no que se refere a sociedade
como princípio de decência. Que encobre os podres do escroto que está no
comando. Mas este intrincado processo é tão utilizado quanto visível, porém ele
corre como um esgoto fétido a céu aberto onde se nem todos veem, todos sabem
de sua existência, e pior, todos dele se aproveitam, o que o transforma em uma
vala enorme que invariavelmente acaba despejando todos os detritos sobre nós
mesmos.
Reféns,
de uma forma ou de outra, aguardamos em silêncio nos nossos porões
maquiavélicos a oportunidade de tomar a frente de algum negócio escuso e fazer
valer a nossa oportunidade de utilizar a rede. Assim, a “Netética” vem sendo utilizada
tanto para o “bem” quanto para o “mal”, embora ao final das contas, somente
alguns poucos entendem que ela só serve ao mal e, se olharmos ao redor,
poderemos enxergar que todos somos vítimas reais acertando as contas por conta
da própria conivência; é tudo uma questão de tempo.
*Netética; A rede invisível assumida como possível e eticamente aceitável, que sabe-se útil para manter o delicado sistema a-ético funcionando. Onde todos concordam pacificamente, por entender que se não agora, em algum momento se se mantiverem acovardados, omissos, coniventes com as ações tidas como normais em seu entorno, poderão também utilizá-la a seu favor em algum momento oportuno.
007.j cqe