"Não
me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."
Da
pretensão e do que é
(...)
Pergunta: pode propriamente um filósofo, com boa consciência, comprometer-se a
ter diariamente algo para ensinar? E a ensiná-lo diante de qualquer um que
queira ouvir? Ele não tem de se dar a aparência de saber mais do que sabe? Não
tem de falar, diante de um auditório desconhecido, sobre coisas das quais
somente com o amigo mais próximo poderia falar sem perigo? E, em geral: não se
despoja de sua mais esplêndida liberdade, a de seguir seu gênio, quando este
chama e para onde este chama? – por estar comprometido a pensar publicamente,
em horas determinadas, sobre algo pré-determinado. E isso diante de jovens! Um
tal pensar não está de antemão como que emasculado? E se ele sentisse um dia:
hoje não consigo pensar nada, não me ocorre nada que preste – e apesar disso
teria de se apresentar e parece pensar!
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