Enquanto
isso na Copa...
E se for
verdade que nascemos neste vale de lágrimas infinitas e infinitas vezes até nos
conscientizar justamente sobre isto?
E se for
verdade que nos encontramos com esta mesma consciência todas as vezes que
fazemos a passagem?
*
Ao assistir
alguns jogos da Copa, uma ou outra vez a bola sobra em frente ao gol.
Justamente àquela, tanto aguardada, no entanto, inimaginável. Qualquer um que
esteja ali para coloca-la pra dentro idealizou este instante centenas de vezes;
imaginou-se exatamente nesse quadro – a bola da sua vida. À frente, a imensidão
de uma trave praticamente aberta, o goleiro batido. Porém a ânsia, o despreparo
que não sabia existir, o nervosismo, a expectativa, um turbilhão em um insight
toma conta da razão e ao invés de focar a bola; no ato: dá-se ao afã, e a
pelota é isolada; sem ao menos ter direito ao escanteio!
E se assim
é a nossa vida? Bruta, solitária e nada paternalista – disponível tão somente
ao verdadeiramente preparado! Dependendo às vezes de um instante, um lapso,
que, invariavelmente por ainda não termos definido o é do não é; se transforma
em um deslize... um já era... um isolar de bola. Onde se é, mais uma vez,
jogado pra escanteio!
*
E se tudo o
que é tão somente nosso depender, definitivamente, apenas de nós, de nossa ação
centrada? De nossa ação dedicada por centenas e milhares de outras existências,
porém, ainda mais uma vez - pela enésima - neste instante, que (não)entendemos
como nosso existir, nos dedicamos ao afã dos milhares de interesses alheios ao
que remete ao gol que mudará a jornada do dia seguinte?
E se o
existir não for cruel, mas, justo? E o que entendemos por união, irmandade,
família, não tem nada a ver com suportar um ser que não se governa e o que
entendemos por abandono tem a ver com maturidade, com evolução, com o acordar,
e enquanto nossos complexos não forem todos chorados esse maturar não estará ao
ponto de vingar como a verdadeira Fênix?
A bola da nossa vida passa em frente
ao nosso nariz cotidianamente, no entanto, e ainda, nos parece que nem mesmo
entendemos que estamos jogando.
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