A
ação condignamente perpetuada,
após
selada pelo tempo;
ainda
que deixe seu legado academicista,
adquire,
inequivocamente,
o
status supremo de mito.
*
Defendo
uma tese, até onde sei inédita. E o faço de tal maneira a ponto de acreditar,
tanto na observação particular que lhe dedico, quanto o sei que por si só tem
força para manter-se evoluindo, independentemente do julgamento externo.
Minhas
razões por esta teoria consiste em um princípio básico; e, muito embora ela
contemple como a maioria desses estudos, quando, obrigatoriamente - e de forma
natural por defensores afins do meio - costuma receber suas observações de
recusa, e neste caso específico possa se mostrar também como uma descoberta de
gosto duvidoso, de apreciações que em nada se justificam a um erudito
convencional, onde, também eu, defensor tácito do belo, preciso abdicar das
minhas negativas ferrenhas e deixar por conta da natureza matemática ou que
alinha astros e leis incorrigíveis a seu comando que, se nada tem de
desatenciosa é toda planejada e proativa; conserva em seus meandros,
inquestionáveis motivos críveis, de forma que: se há o não belo ou; se também o
não belo insiste em existir, é por um único motivo: somar na periferia para que
a excelência retorne com toda a sua inaudita exuberância.
A proposição já teve aqui revelado na prática,
meia resposta, mas completo afirmando que justifico essa interpretação, ainda
que deveras contrariado, até mesmo por desgostar não apenas do fato de estar
certo como também, pela ação que nos obriga a aceitar quando percebemos que
algo acintoso tomou um vulto inegociável, pois, assim que observado que tudo
conspira a favor de determinada situação – onde muitas, nasceram desacreditadas
para o tal - de um determinado acontecimento ou modismo involuntário. Se ele se
perpetua, ou como no caso de hoje – nossa exagerada falta de jeito para o que
realmente apraz - que traz a tona as mais ensandecidas criações; é preciso
concordar, partindo do princípio de que para tudo há um motivo – ainda que isso
possa parecer bastante obscuro ou em algumas situações de difícil compreensão e
por mais que estudemos o fenômeno não entendamos seu propósito – mas, se vem à
luz, é por uma causa, repiso: ainda que alguns de nós não a percebamos; se o
absurdo em voga é discutível por uma gama enorme em reuniões – de interesses escusos
ou afins - considerando-o - pasmem os apreciadores do belo: pode haver no Grande
Processo, que a nós é obviamente invisível, um grau de importância, um que de
necessário na finalização do projeto como um todo devido sua extensão
infinitamente continuada. Parto do princípio de que tudo o que nos é
apresentado faz parte de algum tipo de ferramenta que, se não nos é conveniente
agora é provável que tenha alguma serventia futura.
Mesmo
que decidido a colocar prematuramente esta minha mecânica em um assunto por
demais óbvio e para sempre obrigatório e essencial, entendo providencial o
momento, afinal, de alguma forma, trata-se este texto de um tipo de homenagem,
mas é certo que fazendo isso posso confundir um pouco o processo; vou clarear então.
Na
exposição passada, parto do princípio onde chama a atenção o movimento em torno
de determinado assunto, – a meu ver, precipitado e exagerado devido, primeiramente,
mas jamais exclusivo, ao desgaste do que se entende por conceito adquirido com
legitimidade – ainda que discutível. Por exemplo, não compactuo em quase nada
do que classificam hoje como artes plásticas e ainda menos quando a julgam
especial, somado a fama ignominiosa do material denominado como arte abstrata. E,
retirando os especialistas que no mais das vezes somente o são de nome e devido
ao despreparo instalado; destarte, jamais entenderei a polvorosa, os excessos
que são amealhados em torno do assunto. Vejo, é justo, que uma ou outra
situação acaba por se salvar e é somente então: desse processo que enxergo como
um conta-gotas do tempo que, devido à insistência – mesmo do que desagrada -;
uma mísera gota alheia é aproveitada. Um néctar de tudo o que está ali está
sendo ou será gestado, e isso, todo esse processo de gestação ainda que pareça
aqui, insignificante, e quase sem propósito; na linha do tempo que não cessa,
somar-se-á ao que realmente faz diferença. E da minha parte concluo, que
finalmente a insistência de todo o estardalhaço dos marchands que pouco mais entendem
do que gera soberba, e não raro alheios ao que eles próprios dizem: acabam por
contribuir com a coisa em si.
Assim,
é certo o entendimento de que, se o mal feito, o desprovido de gosto e bom
senso pode e vem sendo, exageradamente, elevado ao patamar de arte, também é verdade
afirmar que, de alguma forma íntima, o autor está obtendo; - ainda que se
acomode com pequenas gorjetas, colhendo apenas os louros de uma platéia de
gosto duvidoso, - assimilando técnicas e adquirindo experiências, e finalmente
é correto afirmar, que uma série de acontecimentos dignos foram ocultado por
conta de um sem número de escolhas equivocadas de nossos comandantes, porém não
é verdade afirmar que assim será para sempre.
Desta
feita, considerando que algumas pessoas, por motivos parecidos aos aqui
descritos jamais entrem em uma galeria de arte abstrata por conta própria, não
significa que ao longo de um século nada tenha acontecido nesse meio que não possa
ser classificado por pessoas de sentido mais apurado e desobrigado de viés
qualquer.
Resolvi fazer este preâmbulo sem fim para
defender a ideia de Joseph Campbell sobre a importância do mito. Mas antes
quero expressar minhas escusas por misturar mitologia com o que entendo como, o
absurdo gerado em torno das artes plásticas ao longo dos últimos anos, devido
ao fato de não compreender, por exemplo, a importância, o destaque à sua abstração,
porém, já defendi meu ponto de vista onde entendo que tudo tem lá seu crédito,
por outro lado existem tantos apaixonados por este assunto que não mudaria em
nada um a mais fazer parte do clube.
Meu
caro Campbell; desculpe-me mais uma vez, porém, lendo suas colocações, vi-me na
obrigação de escrever sobre a importância do mito, expressar minhas opiniões,
que, ainda que pareça apenas um exercício de escrita, se quer sério por entender,
e fazer par com algumas das suas sobre este tema que lhe é tão caro.
Em
algum ponto já havia eu defendido também, o fato de que os antigos haviam
palmilhado toda a estrada, e que todos os aspectos mais importantes e que agora
pode servir ao homem inteligente, atento, - até porque um não existe sem o
outro - como um balizador, como um gabarito a ser usado de forma indistinta
auxiliando mesmo o mais cego de nós, e, em algumas situações, até para o
incauto, está evidenciado que o processo todo foi mastigado exaustivamente, de
tal maneira, que apenas precisa ser engolido. É inegável, porém, a existência daqueles
que estão aí para deturpar a brilhante forma encontrada, mas é inegociável que
haja outra aplicação que não a encontrada por nossos ícones soberbos e modelos
para uma humanidade às rédeas, que insiste em definhar desviando-se do caminho
desbravado; porém, é incontestável ainda, que o homem para defender seus
interesses comezinhos, não julga o arrastar dos séculos que advirão de sua luta
em manter o mito escondido, tornando o espetacular e (em?) mentiroso,
descartável; prolongando assim seu esquecimento.
Por
mais que entendamos a dificuldade de ajustar estas descobertas aos nossos
tempos e admiremos a luta de alguns de nós em conexão invisível com forças que
desconhecemos, conseguindo manter algum tipo de ordem aos absurdos de leis e
costumes insanos perpetuados que mergulham do passado no tempo presente como se
fossem indispensáveis, pouco, no que diz respeito aos nossos comandantes, tem
sido feito.
Talvez
esta seja a sua maior dificuldade amigo Joseph, convencer - ainda mais tarde -
um pessoal que carrega um mundo de informações on line no bolso, que se diz conectado e antenado com o futuro
negligenciando ainda uma vez mais o poder do mito.
Volto
então a minha dissertação inicial, que parece ser descabida, porém se não é um
caminho; ou um caminho válido, serve como ponto de partida. Por mais que a
mitologia carregue a pecha de pertencer ao arcaico ao erudito, ela sobreviveu –
e continuará sendo. É quase vexatório ter aqui que partir; utilizar-me da
mecânica descrita para defender algo de suma importância (essencial à
continuidade, continuidade não, a hoje quase utópica superação humana). Mas uma
vez que o gigante J. Campbell tenha colocado excepcionalmente a importância do
mito, expresso que, se ele ainda é lembrado, – não nos enganemos; e que esse
enganar-se não se perpetue por outras dezenas de séculos – não é apenas para
fazer parte da história ou ser romanceado quando mostrado - muitas vezes... de
forma oportuna.
Tudo
o que faz parte do efêmero não se perpetua, ele apenas existe e ainda que seja
eternizado na história, sempre será apenas ou pouco mais de mera estatística.
Não
o mito.
Por
mais que demoremos a aceitar, o mitológico é e sempre será não apenas um
arquivo vivo rico em reminiscências, o mito é muito mais que isso. Quando o
acessamos, devemos respeitá-lo, pois estaremos tratando com organismos vivos; alguns,
para todo o sempre, invioláveis.
097.g cqe