Porque não? Porque sim? Somos acostumados a, sempre que
temos uma vontade mais fugaz, perguntar; porque não? O que é bastante natural e
bem interessante, afinal, porque também não mereço uma extravagância? A partir
daí, é de bom tom, enumerarmos mentalmente, uma série de motivos a avalizar tal
decisão: tenho trabalhado bastante; já estou com uma certa idade e sempre
desejei isso; sempre quis ir àquele lugar; inaugurou agora e todos estão
comentando; toda a turma vai etc., etc., etc,.
Nós merecemos tudo. Está bastante claro que temos o
direito de comemorar e agraciar a nós próprios; nos presentearmos. Tomar uma
bebida especial, comer em um restaurante exclusivo, fazer uma viagem, adquirir
um bem. No entanto, na hora de decretar o, “porque sim”, seria conveniente
perguntar; porque sim? É realmente importante? Isso fará diferença em minha
vida e não apenas no meu bem-estar? Isto é, até onde há uma precipitação, uma
impetuosidade vaidosa baseada mais em exposição do que um prazer pessoal; que
grau de inconsequência não está sendo levado em consideração, na vontade do
momento!
Em algumas condições, a prudência nos obriga à pergunta;
o porquê da liberação? Por que devo ou mereço? Questionando-se também, se nessa
impulsividade, não há um abandono contumaz do meu planejamento, não apenas
venal, e daí: desperdício de energias vitais a serem desviadas de planos
programados ou quem sabe, da minha evolução pessoal. As Vezes a gente pode, mas
nem sempre deve. Este pensar fica ainda mais claustrofóbico ao pontuar aqui a
acertada colocação, “tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”, porém, a
moderação, a ponderação, o comedimento, é uma chave que temos à mão cuja senha
para sua utilização precisa sempre superar o crivo das respostas conscientes às
perguntas; se esse é o momento e se devemos ou não acioná-la!
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