sábado, 29 de outubro de 2016

Das bodas de Mercúrio... Do respeito













Ela; Minha Sempre Bem Amada, certa vez comentou sobre a simples menção da procura do significado remeter a análise ao nível menor.





“O aspecto da Dialética é, no conjunto, agressivo e ameaçador, e ela profere em voz alta, em tom sacerdotal e divinatório, fórmula incompreensíveis para a maioria: que a afirmativa universal se contrapõe de modo oblíquo à particular negativa, e que ambas são conversíveis; fala também de univocidade e equivocidade e assevera ser a única capaz de distinguir o verdadeiro do falso.”

De nuptiis Mercurii et Philologiae
de Martianum Capellam



 


A Dialética Erística é permissiva, porém jamais perigosa, por se realizar entre membros preparados, contudo, real quando inserida e dissecada em seu meio original. Em seu berço é respeitada como uma estrutura energicamente orgânica: a intrincada Mitologia Antiga; nervosa, carnal, visceral. Pois interessa e se apresenta apenas aos espíritos justos, ou no mínimo, ainda detentores de certa pureza, mas, se reclamada entre indivíduos que não estes: desce ao nível da reles política, da soberba, do vencer a qualquer custo, se não prestes, passível de cometer o pior dos erros, jamais permitido na dialética séria: o desrespeito antes, durante ou, e principalmente, depois do embate confirmar a derrota do adversário. Se existissem regras apontadas seria a primeira, como não há, o espírito da ética, ainda existente apenas entre os seres compromissados, deve seguir margeando os competidores no sentido de singular escolha simplesmente porque estes fazem parte de uma casta que tem como único intuito o debate saudável (disputatione). Aos olhos de hoje, se fossem ainda possíveis, mais a um entretenimento aristocrático, algo próximo ao xadrez, a bem dizer, ou melhor; para alguma compreensão em tempos de desconforto intelectual, os debates voltados a esta linha de ação podem muito bem ser considerados o xadrez da dialética no que se refere ao não enfrentamento agressivo. Os enxadristas combatem antes lutando contra si próprios. Concentrados, os defensores dos míticos combates erísticos estão sempre voltados também as suas representações argumentativas suplantando as possíveis estratégias adversárias, ainda que delas – em se tratando de bons combatentes – não se descuidam um único instante.

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Trabalharemos essa que é mais, uma homenagem à arte da Escrita e da Dialética e aos seus autores póstumos. Buscando na intenção, laurear principalmente seus Avatares a partir da emblemática história apontada n´As bodas de Mercúrio e Filologia, texto latino do século V d.c., do retor norte-africano, Martianum Capellam.

Somente faremos referência aqui a parte da clássica “de nuptiis...”, que foi publicada junto ao pequeno compêndio “A arte de ter razão”. Reunião de manuscritos que conferem 38 apontamentos sobre a dialética do debate de Arthur Schopenhauer, que fora exposto, - ao menos a parte inicial - em Parerga e Paralipomena (o filósofo alemão jamais publicou as pequenas anotações).

Afora as datações oficiais sobre quando se deu início as batalhas verbais, mais ou menos no ano 500 a.c. Respeitáveis perscrutações a fragmentos de hieroglyphos tecnologicamente datados fazem referências a possíveis batalhas voltadas a logicae, (por muitos confundida e por outros tantos defendida como sinônimo de dialética) séculos antes; quando os escolhidos dos burgus representavam suas autoridades máximas, simplesmente pelo prazer da dissertatio.


Porque Schopenhauer não publicou estes, que nos parece mais: uma forma de mostrar ao homem quão abjeto pode ser em busca da sua vitória egoísta ao fugir da Dialética propriamente dita e voltar-se ao ensimesmismo ordinário, comum e que a tudo corrói; é possível que tenhamos uma boa ideia ao deduzir do próprio filósofo, por conta de uma declaração carregada de palavras ácidas, ao se referir a sua compilação: “...pôr-me agora a ilustrar todas essas escapatórias da limitação e da incapacidade, irmãs da obtusidade, da vaidade e da desonestidade, causa-me náuseas; por isso detenho-me nestes ensaios e ressalto com energia maior as razões alegadas acima, para que se evite discussões com pessoas como quase todos são”.