sábado, 29 de outubro de 2016

VI - Das bodas de Mercúrio... Meá culpa



Lançando mão da humildade que a nós queremos rogar, por conta da impossibilidade do gênero, sem fugir da prepotência normal e desconhecida ao sempre impaciente entusiasta e tornada instrumento de posse arrasadora ao ladino que conhece e respeita ainda que se aproveite também da conexão natureza e esperteza humana. Este texto não busca demolir coisa alguma, muito menos construir novos adendos ao secular cânone edificado; pronto e exato. Mesmo porque todo o expectador tornado homem da ciência didática lógica possui sabedoria suficiente a disposição de tal domínio. Principalmente por entender que o mendigar atenção é falta pré-eliminatória a qualquer demanda séria, tanto quanto regatear ou desrespeitar, ao brincar com expressões que a nada levam a não ser a digressão vaziamente floreada, tipificada a quem pouco sabe, ou seja, tendo em mente, sempre prestar o reverência devida a referência do icônico vórtice energético constituído da erudição em torno de nomes e histórias agregadas ao plano/organismo há tanto definitivamente instalado.

Permanecerá para sempre aqui traçado juntamente com a importância deste processo de contenda que antes: norteará, evidentemente, a reputação do dito, desde a história Antiga a Idade Média, de Sócrates a Schopenhauer, de Zenão de Eleia a Teofrasto; a necessidade que carrega e que fez com que a Dialética aflorasse acima de todas as artes, até merecidamente volitar sobre a alcunha de fonte do saber científico “profundae fons decens scientiae” como proferiu divinamente Palas no “De nuptiis”; menos por insistirem ao longo de toda uma existência de manifestações no fato de também constituir-se uma usina geradora de enigmas, e mais por sua força nata, construída por conta não apenas sua, mas por superlativas gestações ininterruptas, vindas à luz após o contato com clássicos homens de pensamentos e ações. O que é certo e o que é errado, o que é verdadeiro e o que é falso, o que é necessário e o que é inexato quando se põem em marcha nova pesquisa a este respeito!

Se por um instante é depositada toda a fé e entendimento em detrimento de determinado aforismo, no seguinte, a certeza de outro que o refuta faz cair por terra toda uma defesa ilibada que até então se creditava por si só ou por conta do autor de inegociável beleza argumentativa ao causar o mesmo furor entusiasta tanto ao dizer quanto ao desdizer acertadas orações, agora, peremptoriamente questionáveis.

E assim persistirá para todo o sempre, afinal este é o espírito, a alma, o em si da Dialética. E aquele que ainda não percebeu que a magia ou que a mágica está representada justamente no espírito que comanda este embate, buscando decifrar ou delinear argumentações que releguem todos os paradigmas até então alinhados como mentirosos ou possuidores de uma verdade inventada, não apenas não sabe jogar o jogo sério envolvendo doxa ou endoxa, como é justo, não deva este participar de comissão alguma onde o preceito máximo do respeito, ou a premissa irrevogável da certeza no incerto é o que movimenta todo o processo dialético criativo.

Comprovadamente a Dialética tornou-se um corpo único, com identidade independente, portanto, é difícil nomear sua extensão tentacular. Por conta de toda essa configurada envergadura; assumida a partir de energias a nós desconhecidas, geradas em seu entorno. Deve-se considerar, afora vãs convenções, que a elipse garantida daí; da imensurável aura herdada desse inegável complexo existencial; ou melhor, é-nos, permitido afirmar, que isto foi construído observado por certo grau de importância não apenas do em si dialético, mas aqui, contrariamente a tantos que tentam derrotar ou eliminar o que malgradamente entendem como negativo, que acabam estes, não fazendo parte da elite dos dialéticos - ainda que de alguma maneira o são -, até porque eles precisam existir, ou convencerem-se, quanto então, obrigatoriamente e inequivocamente somam junto a tantos outros que defendem todo este incontestável legado ricamente estabelecido exatamente como conhecem e respeitam aqueles que o sabem – afinal tudo é muito maior que qualquer colegiado arredio a inatacável certeza. Nunca é demais expor que foi da desimportância, de hoje tornados respeitáveis detratores, superada em muito por importantes defensores seculares e até epistolares eruditos que construíram; cercado de particular simbologia, um Monólito Sagrado intocável, que compreende não de agora, todo o cabedal filológico linguista deste período que contém fácil: uma dezena de milhares de anos – apenas no tempo conhecido -; o conjunto formador do colosso designado Dialética.


Investir em defender qualquer tese a favor de uma peça de densidade inegociável não é tarefa fácil quanto é de extrema responsabilidade. A Escrita é a verdadeira representante da pura democracia original. Em assim sendo, ao deparar-se com esta terra de abundância e liberdade de significados, todos, ainda que o pior dos analfabetos: pode dissertar sobre o que entende que entende, e em qualquer momento da existência do indivíduo é possível que se depare com a necessidade de fazê-lo em situações de defesa ou ataque. E ainda que tenha ele que enfrentar alguém de técnica verdadeiramente argumentativa é certo que o espaço aberto a partir da disputa jamais deixará de levar em consideração as diferenças envolvidas, pretensões, necessidades e veracidades que nortearam o culminar do embate, e por mais que um apurado profissional da retórica venha a florear palavras experimentadas durante anos de exercícios, a diferença não apenas é levada em consideração quanto mais (é) a pureza e a vontade de cada um defender-se e atacar.