quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Circunstâncias


No thriller “Monster - Desejo Assassino”; chamou-me a atenção a palavra “circunstância”, a forma como ela foi usada.

Por um instante saí do filme, ou seja, desviei minha atenção e pensei sobre ela, devido ao seu estado “negritado” como foi exposta. O diretor ou sei lá quem resolveu dar um pouco de volume a ela, aquele volume sutil que só os bons profissionais conseguem.

Ao refletir sobre ela casei com o meu pensar já há muito defendido, onde entendo como um ato de bastante, extrema sabedoria parar e tentar entender o porquê, quais circunstâncias o colocaram onde se está naquele momento oportuno, antes de emitir qualquer opinião de contrariedade com relação ao estado constituído, por mais desafortunado que ele possa parecer.

Infelizmente este não é o caso no filme, onde em um momento bastante caótico, - o momento em questão, propriamente dito - na eminência de o personagem ser pego, na verdade é ela, ouve seu amigo, um veterano de guerra discorrer sobre as circunstâncias. Este amontoado de situações; um verdadeiro arcabouço de ações, que nos leva a cometer outros atos nem sempre dignos de serem expostos e que, segundo o relato do ex-soldado, o conduziu, ou o reduziu a um ser degradante que vive em torno de um balcão de bar a beira da estada. Uma clara demonstração de tentar acusá-las (as circunstâncias) de serem as verdadeiras culpadas por um ou outro ato execrável que a vida nos obriga a cometer para que possamos nos safar e continuar vivendo dentro dos padrões tidos como socialmente aceitáveis.

Com relação a isto é bastante normal que todos nós nos entendamos como não totalmente culpados quando virmos a ser condenados por tais atos, tentando por a culpa nas circunstâncias que cercaram nossos caminhos nos levando a fazer tais escolhas, o que na maioria das vezes não é verdade, porque sempre, - se observarmos atentamente - tivemos a chance de negar o caminho que nos foi apresentado, fato é que devido a nossa covardia, ao nosso medo, vislumbramos -“equivocadamente”- com antecedência as acusações que sofreríamos caso optássemos por uma postura corajosa. Se escolhêssemos de forma honrosa uma alternativa que exigisse um caráter além das forças aparentes, assim, é mais fácil contrariarmos procurando um atalho imaginando que jamais seremos pego.

A bem da verdade, tudo ao final acaba dando certo e por um motivo ou outro saímos de mais uma “sinuca de bico”, e, é exatamente aí, devido a um conjunto de coisas, a também essa conivência pacífica (passiva), a esse protelar relaxado, afinal todo mundo é igual, todo mundo erra, ou coisa que o valha, que o fator “circunstância” acaba por pagar o pato e recebendo a culpa.

Uma última situação observada a ser anotada. Em algum ponto do caminho deveremos rever todas as ações vividas até então, – “isto é condição sine qua non para uma passagem de nível” diria o Mestre - e uma vez mais as benditas circunstâncias estarão presente e poderão novamente ser levadas em consideração, e é claro, poderá o infeliz neófito valer-se delas outra vez, - este é um ciclo interminável que apenas aquele que escolhe poderá nele por fim - porém é certo que cedo ou tarde um rearranjo deverá ter início, e por mais que o alinhamento do universo sobre si tenha, assim como o seu entorno, “relaxado”, ele não descansa, e mais uma vez o camarada estará diante de uma condição única, embora seja a primeira vez que esteja consciente, quem sabe, e aí então dá-se o mais importante; depende dele e exclusivamente dele, quais as vontades, quais peças ainda precisam ser alinhadas ou até desalinhadas para que desta circunstância resulte um momento real de evolução no seu existir.

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