domingo, 28 de julho de 2013

Valores desiguais


Estávamos, eu e o mestre, em uma situação descontraída. Quando assim, gosto particularmente de ouvi-lo; sempre se é possível aprender quando o mestre confabula com o discípulo - iniciante ou não. Indaguei então, descontraidamente o confessor amigo, sobre porquê alguns parecem dar demasiada importância a situações que geralmente nada dizem a alguns poucos mais preparados; estariam estes outros negligenciando algum passo importante do conviver harmônico em sociedade!?!

 Disse-me então que existem varias nuances a serem levadas em consideração quando de uma questão tão vasta e dinâmica – sem deixar de acrescentar (o que entendi desnecessário; não sei por que veem prazer nisso) que ainda assim meu litigar quase beirava o infantil. E, com ares de anuente assentiu que, depois de entender a pessoa por trás do ato, primeiramente, era preciso averiguar o grau de necessidade e o campo da preocupação: fruto das observações; e continuou, a sociedade impõe ao indivíduo uma série de complexas situações onde o que não tem importância para um pode ser capital para outro, mesmo muito próximo. Mas entendi o teor de sua questão (por que então a cutucada inicial; pensei) e o principal a observar, olhou-me com mais seriedade, é que, devido ao despreparo, ao desconhecimento, a falta de comando etc. não raro dá-se demasiado valor ao que pouco tem por não ter coragem suficiente para encarar o que realmente é necessário, em suma, é uma espécie de fuga premeditada, muito embora ela contenha uma carga enorme de cunho psicológico, ou seja, nem sempre percebemos exatamente como estamos agindo. Mas esta é apenas uma pincelada em um universo de possibilidades... como em tudo, finalizou.

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3ª. Pessoa



        Nós escritores temos a vantagem de escrever na terceira pessoa. Sair de nós e delatarmos assim nós mesmos. Confessarmos pecados ou gritar ânsias, desenterrar esqueletos e enfrentar nossos demônios...; somos privilegiados quando livres.

        Ainda assim posamos de incólumes, com um grau de perfeição, - embora a saibamos truqueira - muito acima da média.

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domingo, 21 de julho de 2013

Vendo mas não enxergando



 Quando menos nos enxergamos mais nos enxergam

Assistindo o velho insistindo que ainda pode o que todos sabem menos ele que nada mais consegue, me parece que a única solução para tipos assim é que velho tem que morrer novo.

Estes, não apenas para alguns, demonstram através de papeis ridículos: que continuam se arrastando como sempre fizeram; tentando mostrar o que não são por não terem aprendido nada da vida, e ainda envergonham seus outros iguais velhos que por tanto passaram para ter um comportamento digno na velhice.

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Sacolismo; plugado, mas desligado


       

        John Lennon, em 69, criou em Nova York o Bagism... Agora, estamos dando vazão ao Sacolismo, que engloba, agrega, une, remete, associa e, ao final de tudo, é um resumo; verdadeira síntese da sobrevivência mundial contemporânea. De um contemporâneo que se estenderá, nos parece, para muito além do contemporâneo como o conhecemos; como o entendemos: como um espaço de tempo mensurável.

O Sacolismo transcende este contemporâneo comum e pode ter como símbolo a própria matéria prima, (depois que o petróleo é transformado em plástico), à sua durabilidade; a sua resistência frente às intempéries do tempo para quantificar sua permanência. E também bastante apropriado. Até porque este objeto por si só demonstra a capacidade humana de criar materiais que, antes da preocupação de sua causa, (qual a gravidade, quão nocivo é o que estamos desenvolvendo; qual o percentual deste total pesquisado será gasto em observar o que a nova descoberta trará de malefícios ao planeta ou ao homem) a atenção se volta para o obvio. E o que é levado em consideração, sempre, - e porque não, somente - são os benefícios, porém, muito antecipadamente, os beneficiados (pesquisadores e seus financiadores).

Apreciando inicialmente a ideia bastante séria do Líder Inglês por trás de um material banal do cotidiano, (o saco) embora carregada como sempre, com seu humor ferino; de seu velado e agudo ataque verbal, surgiu a nossa observação. Entendendo que poderemos também aqui, criar a versão terceiromundista de mais uma de suas genialidades criativas - afinal nem de longe possuímos a sofisticação e a fama do Beatle, mas nem por isso somos proibidos de brincar, de satirizar, de inventar o que quer que seja; em um momento que, a cada dia mais, acontecemos como uma piada pronta frente ao universo.

O Sacolismo então é a derivação despretensiosa do Bagism.  E se o primo rico nasceu da sacola ou do saco, a nossa versão tem como porta estandarte a sacola plástica amiga de todas as horas. Que a cada dia mais, ganha as páginas dos noticiários com votos contra e a favor a sua utilização, mas este não é o ponto principal aqui desta nossa construção textual, quando entendemos que esta estrela poder muito bem suplantar, merecidamente, seu mísero posto de coadjuvante dos porta-malas de ricos e pobres e então ser elevada a um patamar filosófico digno, ao considera-la, alavanca-la a ícone, ao resumo final do pensamento humano atual: plugado, mas desligado – já chegaremos lá... a explicação.  

Um prêmio tardio, seria mais como um reconhecimento pelo conjunto da obra. 

As sacolas plásticas tem várias utilidades; e, além de seu uso comum, são fartamente estocadas nos lares, mesmo aqueles bem localizados. Servindo a uma série de arranjos dos mais interessantes, e assim, fazendo uma alusão à ideia original do John; não seria despropósito que todos as adotássemos como uma espécie de máscara, onde então, poderíamos comungar tanto a ideia do revolucionário Inglês/Americano, ao associa-la a de outro cabeludo que a dois mil anos repetiu que todos nós somos iguais, daí, com as sacolas plásticas na cabeça, teríamos, - quem sabe - mais respeito uns pelos outros, pois obviamente, menos diferenças seriam apontadas entre nós.

É preciso reforçar nosso argumento lembrando que, embora venham se transformando em fonte constante de discussão de ecochatos ou não da vez, continuam mais versáteis do que nunca, tanto que chamou nossa atenção para que não passasse em branco no nosso discurso – talvez este texto seja mais uma demonstração escancarada de inveja por não conseguirmos ir além de ensacolar coisas neste ícone maior do (super)mercado consumista. Nem perto chegamos, por exemplo de inspirados engenheiros que por não terem conseguido se formar, demonstram suas aptidões perdidas, em um país que brinda a falta de cultura, de estudo; então, estes engenheiros que se perderam, pululam em comunidades pobres imitando Macgyver e criando até carrinhos transformers onde ONGs oportunistas já encontraram campo de atuação com o velho discurso social, que, além desta explicação altruísta, aparece outra também pura, a de empestar seus conhecimentos em fazer dinheiro e, com o apoio financeiro do governo, despretenciosamente, ajudarão a exportar sacolas plásticas agora transformadas em não-sei-o-que. São tantas novas utilidades. Está dando tão certo que até mesmo a repórter esteve lá.

Ao final as discussões são tanto para o bem quanto para o mal, nossas amigas sacolas têm a personalidade dos grandes personagens das histórias, ou seja: ou são amadas ou odiadas (inclusive elas poderão emprestar um pouco desta personalidades aos seus usuários). Poucos ficam indiferentes a elas em uma hora de precisão, e ao final podem ser comparadas ao humano comum: aceitam tudo.

Este aceitar tudo não pode ser confundido erroneamente como um parvo sem vontade de lutar, não, - não é isto que está em questão aqui - o que devemos entender neste ponto de vista é que, como as sacolas plásticas, alguns homens aceitam a opinião de qualquer um que lhes apresente um argumento um pouco mais elaborado que o admirado e até então insubstituível orador, agora ultrapassado. Acontece que isto se dá sempre sem que se busque entender quais das verdades é mais mentirosa.

O saco plástico é assim, se dá a qualquer um que o queira; não busca fazer distinção alguma sobre quem está querendo lhe alugar a cabeça, independentemente de para que fim se dê esta intenção.

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domingo, 14 de julho de 2013

O homem é limitado na ciência que é limitada na Física...(?)



Para a ciência nada é impossível desde que respeitada às leis da Física. Ouvi isso dia desses na televisão e comprovei certo; com a pessoa certa que mais confio neste mundo.

Partindo deste princípio, tentei aranhar algum tipo de imaginação a respeito de o que ainda será possível, que campos ainda terão por descobrir; o que os cientistas terão para acessar uma vez que a ciência por si só é limitadíssima no próprio homem!

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Retorno já! Ao carinho gratuito



Os poetas dizem que nos tornamos tão perversos; perversos a tal ponto, que um agrado, uma carícia a mais, um afago fora de hora, mesmo que autêntico à pessoa amada, não raro a leva a vacilar entre o prazer do toque e a dúvida, a desconfiança dura, cruel, de estarmos a agradá-la somente como paga a uma traição, ou a uma consciência que se atrasou em pesar.

“Vamos prolongar a existência do sentimento”
Bhonachinho

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Terra fértil para tendências oportunistas


Em tempos de auto afirmação

     Em quantas situações repassamos uma história sem verificar se a ação contém alguma verdade que a afirme, então: que faça parte de algo que se deu realmente?

Nossa preguiça em verificar a fonte é histórica. É muito mais fácil nos mostrarmos confiantes e depois culpar os outros por nos terem enganado; fato é que não corremos atrás, queremos e aceitamos o que a nós é disponibilizado sem verificar data de validade ou procedência da informação.

Somo levados, quase que diariamente, principalmente agora em tempos de informações rápidas, tocados a disseminar centenas de milhares de acontecimentos históricos, notícias, assuntos, fofocas, historietas em formas de piada que, como no conto de Machado de Assis, poderão chegar a um determinado estágio onde nada do que está sendo dito se casa com o que realmente aconteceu.

Era preciso entender que em um número considerável delas não é mais possível conter, segurar, ou tomar qualquer medida para desviar o caminho da falácia, - neste estágio depende apenas do esclarecimento ou da desconfiança do ouvinte - e mais, em algumas situações, onde a história beneficia alguém, é bastante claro que este, ou algum outro indivíduo beneficiado jamais irá se retratar afirmando que ele não é tão bom quanto, ou que inverdades estão sendo ditas.

Portanto, precisamos hoje observar com cuidado ainda maior, ao depositarmos nossas fichas no santo do dia; porque se conseguirmos entender que este recurso foi largamente utilizado ao longo dos tempos para destacar positivamente, - mesmo enaltecendo com exageros - determinados ícones para que então a direção da história tomasse o rumo observado apenas por uma meia dúzia que detinha o poder de fazê-lo, agora, isto está muitíssimo mais fácil.

A verdade é flexível em casos de ajustes, sejam eles necessários ou não, positivos ou não. Em muitas situações, obrigatórios, porque não! Desde que, articulados por mãos hábeis e isentas. É bem possível de ser entendido que a história, em muitas situações, providencialmente, vestiu de santo uma série de indivíduos e com isso rearranjou o enredo humano onde, ou de maneira a não ser mais possível, mesmo que venham à tona verdades que parecem incontestes; porém, podemos permanecer em estado de atenção permanente ao que nos apresentam ou ao que estão tentando nos dizer, e perceber se aí não existe algum tipo de energia pérfida; forçando a implantação de determinada ação, como também é muito importante que não saiamos repassando uma informação por mais avalizada que possa parecer. Repassá-la sem a atenção devida significa, obviamente, que também nós a estamos avalizando.

  Como vivemos eternamente em tempos de ajustes, era preciso entender que temos duas opções: acreditar ou não no que estão nos dizendo. Queremos ou não fazer parte destes ajustes como um seguidor alienado que foi arrebanhado por um grito mais forte, ou preferimos ficar ainda um pouco mais debruçado sobre os livros e entender um pouco melhor o que realmente está acontecendo?

  E assim se dá a história. Em muitas situações entendemos que alguém é santo apenas devido aos seus atos passados que ficaram, e nos esquecemos de que todos podem esconder uma verdade menos colorida, concomitante, paralela ou intrínseca aos feitos; e esta, uma vez exposta, provavelmente, em muitas delas, não borraria apenas sua glória. 

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domingo, 7 de julho de 2013

Mais uma para o: “registros aleatórios”


        Coincidentemente ou providencialmente, esta semana aconteceram duas situações distintas a mim que acabaram por ter uma relação interessante. Curiosa a tal ponto que me levou a anotá-las.

Um colega de trabalho veio e questionou-me com certo interesse, - aquele misto de interesse, e a curiosidade da descoberta - sobre a novidade (para ele) de eu ter como hobby a escrita.

Falei algumas coisas e passei-lhe este endereço eletrônico, demonstrando que a melhor forma de compreender os meus exercícios, as minhas ideias e buscas não era eu falar, mas primeiramente, que os lesse.

 Dois dias depois me contou entre dentes algo que entendi como se não entendesse muito bem o meu propósito nos textos. Não consegui detectar se ficara mais, ou menos curioso.

A segunda ação se deu quando ao ler um pequeno texto em uma revista que rendia críticas elogiosas ao autor, peguei-me que, indiferente ao enunciado, - para dizer no mínimo – ao terminar a leitura, acabou que nada entendi de o porquê uma revista cultural bastante conceituada estava a elogiar aquele trabalho.

 Imediatamente lembrei-me do que havia ocorrido com o meu colega e imaginei - e confesso que tive um viés de receio - por um breve momento aludi em pequena cisma presumindo que muitos ou todos podem ter a mesma reação para com as minhas construções verbais.

        Mas isto se deu apenas no tempo de pensar em pontuar o acontecido (isto que aqui está), já antes de iniciar a escrita; que, somente foi registrada como mais um exercício, e, automaticamente arquivada como: “registros aleatórios”.

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Dissecar Palavras




Um bom texto é um corpo exclusivo e complexo, que, diferente de um corpo orgânico que é múltiplo em igualdades; é original e incomparável. E esta unicidade pode esconder o universo de uma mente também única de singular consciência, passível de conter um cabedal de conhecimento tão diverso quanto os caminhos à que o manuscrito pode conduzir após minuciosas dissecações.

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Nenhum pouco indiferente



Indiferença - retruquei? Talvez. Porém tem mais a ver com entender a necessidade normal a todo aquele que busca em qualquer próximo um alento que mantenha anônima sua insegurança.

Fato é que não me importo e tão pouco me incomodo com o elogio ao não belo. Quando manifesto-me em crítica, é apenas com receio de que, se não o fizer, alguém próximo que não me conhece entenda que, por um dos meus sentidos estar captando o que geralmente incomoda a alguém sensível ao que agrada, quando ainda assim permanece inerte: o silenciar-me; o calar, pode dar a entender que esteja a aprovar, ou fazendo coro com alguma espécie de refrão irritante, por exemplo, e, ainda é necessário um pequeno adendo aqui, confesso que conto os dias, imaginando um tempo em que nem isto então farei, por ser esta também uma demonstração de insegurança. Mas ainda assim não se tratará de indiferença.

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