domingo, 30 de junho de 2013

Outorga



        Outorga é um benefício ou privilégio dado de alguém. Poderíamos até acrescentar, que é algo que vem de outro; de um terceiro.

        De posse disso:

Ser outorgado ou ter sido nomeado por um, um grupo ou rei, a ser membro honorável ou mesmo vice rei, é estar à disposição, por exemplo.

A única nomeação a ser buscada é a autonomeação; somente esta é soberana.

Mas é-nos impossível imaginar as montanhas a serem derrubadas para que se possa bater no peito e dizer: EU SOU.

Porém, quando se sabe disso, nada mais há para se saber, e nenhuma busca interessa a não ser esta.

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sábado, 29 de junho de 2013

Voto vencido


        Ao longo dos séculos proliferam-se manifestações contra o inevitável, por motivos que não é possível se saber quais exatamente. Antecipadamente pode-se dizer que vão dos mais sórdidos e muito bem camuflados; manipulados por entre grupos particularíssimos e totalmente insuspeitáveis, a corporações também do mesmo naipe que garantem com sua autoridade conquistada sabe se lá a que preço que tudo é tão somente em defesa do humano, como é propalado por estes eminentes senhores sempre que há uma mínima oportunidade enquanto tentam o mais que podem manter a bandeira do antigo hasteada eternamente; um eterno sem valor, que dura o tempo que lhes convém.

        Estes defensores do velho valem-se de palavras fortes que nada dizem se consultado históricos que mostram que jamais a força do sistema abafou o progresso; as necessidades de mudança frente a encruzilhadas, caminhos e descaminhos criados por ele mesmo (o sistema) ou seja, não há meios ou força possível que reverta a trilha natural, ou mesmo uma avalanche obstinadamente contrária ao querer maior embora revestida da mais apurada ânsia humana. Reverter uma nova demanda derivada de uma falta de atenção generalizada do passado, por conta de displicências ou negligências originadas também, do limitado conhecimento laico que culminou com o novo e talvez assustador quadro que, inegavelmente, terá que ser resolvido através de soluções quase inaceitáveis por todo o estado que busca o acomodamento, que, mesmo revoltado por acreditar que o grande jamais poderá se submeter ao pequeno deverá, mesmo que paulatinamente, rever contrariado este dito entendendo não ser mais possível que a desatenção se mantenha em pauta.

        Pesquisas apontam que nunca, jamais, o interesse necessário, urgente ou não da minoria foi sobrepujado, refreado pela maioria – sempre será apenas uma questão de tempo. É certo que tudo o que é novo, tudo o que aqueles que mandam e podem são obrigados a digerir contra vontade devido ao gosto acre, lhes é - por se entenderem sumidades terrenas - de uma dificuldade atroz. E é certo também que moverão céus e terra. Procurarão mecanismos e ferramentas; inverterão e ressuscitarão leis para tornar o sapo a ser engolido mais digestível - isto se, em alguns casos até, não procurarem lucrar alguns com o indigesto ocorrido; porque não? Porém, repetindo, nenhuma pesquisa indica que o maior vence o menor quando se dá esta espécie de enfrentamento.

        É assim que funciona, é assim que deixamos acontecer. Deixando e desleixando temos que o fácil se torna difícil.

        Hoje brigamos para encontrar uma saída para o absurdo das drogas. Ainda não paramos realmente para pensar que milhares de pessoas têm e continuarão tendo por muito tempo ainda suas vidas seriamente afetadas devido ao avanço do crack, uma substância que até muito pouco tempo era tratada com desleixo por se entender insignificante.  Em decorrência dos índices de violência ou mesmo do estresse da vida contemporânea o uso ou não, a legalização ou não das armas é uma polêmica sem fim, e em meio a tantas dúvidas de o que é certo e o que é errado o mundo está às voltas com a novidade do casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalização ou não do aborto, ou então pessoas do mesmo sexo adotando filhos e assim por diante. A lista é extensa... a contrariedade em se assumir a necessidade de encará-la é ainda maior.

Definitivamente vivemos, como diz o filósofo, na era dos excessos. Tudo vem para nós agora em doses cavalares, e isto também é fruto de uma passado de falta de percepção para com o futuro e, que não será atenuado se de uma vez por todas as autoridades não começarem a pensar com mais seriedade sobre uma possível saída.

Ficar hoje fazendo discursos sobre a liberação ou não do aborto, se é certo ou não ser homossexual, se dois homens ou mulheres que vivem juntos devem ou não ter filhos, é mais uma vez procrastinar soluções para que elas então continuem se acumulando em um funil existencial que conseguirá tornar a vida futura ainda mais sem sentido com seus pontos de interrogações que não permutarão; não questionarão apenas quais saídas, ou por quais soluções optar, e sim: porque isto não foi feito antes. Com o agravante de que isto deverá, inegociavelmente, ser aceito em algum momento futuro. É inevitável que isto aconteça.

Não há o que fazer a não ser ter coragem para fazer o que se há para fazer. Não há o que lutar contra. Em enumeras situações o sistema foi vencido. É preciso apenas assumir isso e regularizar o passado procrastinado, ou seja, arregaçar as mangas e trabalhar. Quem quer brigar não quer trabalhar. Quem busca e quem permite a discussão tentando emaranhar qualquer solução em que se assuma com dignidade a necessidade do novo quadro é preciso ser expurgado das negociações.  Temos que brigar sim, temos que discutir, porém é preciso que comecemos a avançar em direção as soluções também de cunho social, a humanidade têm se preocupado muito, ou ao menos com muita ênfase a sobrevivência econômica, agora do mundo – já podemos nos considerar finalmente um grupo bastante homogêneo. Parece que aqueles que assumiram os postos de controle nos últimos séculos estavam com suas preocupações bastante voltadas para o quesito economia – como se o dinheiro, ou bastante dinheiro fosse solução para tudo; parecendo assim, que a filosofia destes homens para o mundo estava exageradamente calcada no pensamento do homem família; na precisão então em mantê-la. Que precisa defender a prole; e nada mais acertado que manter-se bem financeiramente, imaginando erradamente que o restante se arranjaria de alguma maneira, ou ao menos, se se é abastado: para todo o resto encontraremos uma solução. Mas a filosofia de um país, de um estado todo não pode ser baseada na mentalidade conformista de gerenciar uma família ou mesmo um conglomerado.

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sábado, 22 de junho de 2013

Entre levantes e acordes



Em tempos de insurgências 

Existirão momentos-encruzilhadas
 onde não haverá escapatória
 para a velha e
 apreciada
 fuga


Há instantes tão raros quanto sutis na vida do homem que não há o que fazer a não ser ter coragem para fazer o que se há para fazer; e esta consciência pode atacá-lo individualmente ou enquanto célula social.


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Autoescorando-se


        

        Em determinado momento cobrei sua mudança. Disse que havia notado seu distanciamento ao longo dos anos, e que, embora entendesse que isto faz parte de um processo natural, com ele isto havia se dado de forma mais radical que com os demais companheiros – talvez houvesse ali uma espécie de curiosidade da minha parte, afinal, estamos sempre remexendo a nossa volta para testar até onde fomos ou ainda podemos ir, isto tem um motivo: não queremos ser mal queridos ou julgados culpados quando do rompimento de uma amizade.

Falou-me então uma série de coisas, todas bastante comoventes. Tanto, assim entendi, que resolvi pontuar o principal.

...

“Por tudo isso já não quero mais ninguém ao lado, revirando o passado, por outro lado, quando ligam me procurando ou aleatoriamente me encontram, querem que eu diga coisas. Dizer o quê, se o que quero dizer ninguém quer ouvir. As pessoas se acostumaram a falar fácil, do cotidiano, do simples, do corriqueiro, da novela, do futebol, dos lançamento dos novos modelos de automóveis. De coisas que não precisam ser pensadas, que já foram pensadas pelos outros; da vida alheia, de lamúrias onde um pensa estar auxiliando o outro ou imaginando ser. Onde na verdade estão se escorando; ninguém quer realmente ouvir sobre a sua felicidade.”
...

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domingo, 16 de junho de 2013

Se é para falar de esperança



        
Penso que nada faria sentido se não acreditasse que de alguma forma superaremos até mesmo a própria expansão do universo.

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Nem de longe pensei isto



Depois de alguns comentários sobre o que escrevo decidi que nem tudo pode aqui ser exposto porque antes preciso pensar no que alguns pensam sobre o que (eu) não penso na hora em que escrevo.

        O que quero dizer é que em algumas situações que pensamos uma frase, uma ideia, um aforismo, nem sempre eles estão direcionados a uma ou outra pessoa, embora em seu íntimo, (é certo que pouco ou nada sabemos a respeito dos segredos de nossos próximos) ora ou outra uma determinada construção verbal, uma oração pode que se encaixe ipsis litteris com algum destes bem guardados segredos que não são nem mesmo pensado muito menos dividido com quem quer que seja. Porém, é certo que nem de longe pensamos em fazê-lo ou buscamos atacar um ou outro, por questões óbvias: simplesmente por não conhecemos os desvão da mente de quem quer que seja. Assim devo entender que nem sempre aquilo que pensei pode ser expressado porque de alguma maneira atinge alguém próximo sem que eu tenha sequer imaginado. E também, por entender que todo aquele que alimenta o medo tende a acreditar que qualquer ruído que ameace seu lado escuro é perigoso.

        O que existe de verdade da parte de quem pensa é uma enorme dificuldade de cercar seus pensamentos em relação ao meio em que vive, afinal é certo que todas as pessoas pouco esclarecidas se sentem atingidas devido ao fato de que nem sempre pensamos a respeito de que mais somos culpados do que atacados, ou seja, se estamos carregados de culpa, é certo que elas nem sempre são fáceis de serem assumidas. É muito mais prático nos revoltar com alguém outro do que assumirmos que precisamos mudar.

        Ao final é uma frustração de duas vias; do que pensa a frase e a trabalha para seu deleite pessoal imaginando-se apenas um artista que escolheu a palavra como forma de construção; no mais das vezes de maneira pura, e do leitor, em algumas situações até bastante próximo, que se entende um perseguido sem compreender verdadeiramente o sentimento amplo e até mesmo belo do aforismo apurado.    
         
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“O processo é loco”



Pra uns chega

Outros estão chegando

E assim se vão vidas

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domingo, 9 de junho de 2013

Per seguidores




Das ações que Os desmotivam

        Ela confessou-me, já em outra; que buscava alguns seguidores, porém o que conseguiu foram centenas de perseguidores.


Com a contribuição da Minha Sempre Bem Amada

       
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Percepção




        Você sente que está evoluindo quando começa a entender o seu atraso, e ainda, que não é isto que importa, o que importa é que aos poucos, muito pouco do que importa a muitos agora tem importância pra você... é uma mudança na maneira de existir.

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Lição MCCCVI



...

Em resumo, me parece, que o ganho maior era manter-me ali até resolver aquelas pendengas que faziam parte do meu aprendizado, aquilo tudo fazia parte dos meus perrengues, das escolhas minhas - talvez de eras; brotadas devido ao meu ignorar conforme. Fazia parte da experiência, ou ao menos dessa experiência, pois é certo que se agimos com desatenção; se as negligenciarmos; se as abortarmos, não significa que estamos livres delas, significa que não estamos ainda preparados, ou seja, se algo nos incomoda, não é o algo que incomoda: nós é que ainda não estamos preparados para aquele algo.

...

Em tempo: E só mais um segredinho (ou não), quando desistimos deste algo, quando o algo já não mais é algo que é motivo de atenção por não nos dizer mais nada, ele simplesmente desaparece.

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domingo, 2 de junho de 2013

Eu-outro



Da multiplicidade de eus

        Ao final é só você mesmo quem pode fazer uma crítica acertada sobre o seu trabalho – isto somente após muito trabalho.

        Não adianta buscar compreensão no externo. O externo tem seu próprio interno para controlar; a ser contextualizado; a ser trabalhado. Quando, ou se não o faz é porque não entende que existe a multiplicidade de eus.

Portanto, quando se invade o eu-outro nada mais é que especulação. Não é possível que se entenda acertadamente o eu-outro, assim como não é possível ainda que isto seja entendido.

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Violência no campo




        Um

- Pra que a vira-lata?

Outro

- Preciso que ela lata.  

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Paranaense Maldito


   

S.O.S.

        não houve sim que eu dissesse

        que não fosse o começo

        de um esse o esse

Paulo Leminski

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