sábado, 24 de abril de 2021

No bom caminho

 


Adquira confiança no que faz e aprenderá que o silêncio alheio pode ser o maior dos estímulos.


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Quando se dá o florescimento?

 


Especialistas dizem que precisamos dos outros para florescer; o que é uma verdade. E quando isso se dá; se considerarmos a explosão de adultos feitos com os níveis mais baixo de autoestima já observado, da necessidade de companhia, da falta de amor próprio e de princípios, do déficit de atenção generalizado por falta de tempo para atender ou entender aqueles que precisam de nós!?!



Diz-se também que a necessidade de companhia está bastante ligada ao poder econômico; às necessidades de alcançar objetivos e às “net’s”, redes de intercomunicações que fazem com que as pessoas sejam encontradas; porém qual nosso grau de atenção derivados apenas para esse estado?





Precisamos dos outros para florescer, porém, quando se dará o florescimento?







De modo (in)comum criamos necessidades outras de nos agruparmos; o que é ótimo. Fraternidade, solidariedade, colaboração, segurança, compaixão, amor, e então a tão almejada autossuficiência pode ser despertada, porém se observarmos as patologias que acometem a humanidade a partir do final do século passado e vem se ampliando no início deste, por mais otimistas que tentemos ser é fácil entender que a necessidade de contato vem aumentando ou pior, deriva para o isolamento doentio enquanto continuamos subindo a montanha.



Os especialistas tem razão, porém não estão conseguindo reverter este quadro que deveria preocupar muito mais a nós, pacientes. Mas não temos tempo para isso, e ainda que saibamos como agir - afinal todos sabem o que fazer, ainda que seja impossível – venho prestando atenção a um que outro que tenta. No entanto, o que estarrece, é a presença de uma série de outros - que jamais irão florescer - tentando e conseguindo desencoraja-los da ousadia.




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Operação tartaruga

 


Só há uma solução, e ela é radical. Todos se alinharem para uma refeição mínima diária, básica, por quanto tempo for necessário; não mais comprar roupas e alimento além do básico; remédios, apenas em último caso e qualquer outro serviço apenas em caso de sobrevivência. Estão dependentes de aparelhos eletrônicos, esqueçam, não os compraremos mais – um rádio de pilhas te mantém conectado ao mundo; não precisamos interagir, ninguém ouve mesmo.

Isso se dará por quanto tempo? Meses; pode passar de um ano! Ok! Nós aguentaremos, nós nos ajudaremos uns aos outros dentro desse processo básico de sobrevivência. Perderemos nossos empregos; a economia irá colapsar? Com certeza, mas a culpa não será nossa – como não é somente nossa frente ao que estamos assistindo quando somos sempre os mais prejudicados - e não seremos mortos, porque nenhum de nós sairá às ruas. Cumpriremos todas as leis. Não lutaremos, não esbravejaremos. Ficaremos quietos, porém, não mais calados.

Ok! Ok! Brincadeirinha, afinal, a esperança é a última que morre.

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sábado, 17 de abril de 2021

O que vemos

 



























“E o vaivém continua! Trazem-nos, levam-nos, um por um ou em grupos, enviam-nos sabe-se lá para onde, em levas. Tudo tem um ar tão sério e tão inteligentemente planejado, que não se pode acreditar que nisso exista tanto absurdo.”

Alexandre Soljenítsin

No livro

Arquipélago Gulag p525

 















Quando Acabar O Maluco Sou Eu

Raul Seixas

 

Eis que eu sou normal e isso é coisa rara

 

A minha enfermeira tem mania de artista

Trepa em minha cama crente que é uma trapezista

Eu não vou dizer também que eu seja perfeito

Mamãe me viciou a só querer mamar no peito

Ehê, ahá! Quando acabar o maluco sou eu

O russo que guardava o botão da bomba H

Tomou um pilequinho e quis mandar tudo pro ar

Seu Zé preocupado anda numa de horror

Pois falta um carimbo no seu título de eleitor

Ehê, ahá! Quando acabar o maluco sou eu

Eu sou louco mas sou feliz

Muito mais louco é quem me diz

Eu sou dono do meu nariz

Em Feira de Santana ou mesmo em Paris

Não bulo com governo, com polícia, nem censura

É tudo gente fina, meu advogado jura

Já pensou o dia em que o papa se tocar

E sair pelado pela Itália a cantar

Ehê, ahá! Quando acabar o maluco sou eu

 

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Arrumando a casa

 


Quando é possível nos assistir nos outros? Volta e meia ainda critico o lance de caras e bocas de um que outro de milhares de personagens que passam a frente de meus olhos toda semana.



Há tempos venho tentando praticar o mantra de que todos em suas representações, mesmo as mais comuns, dão o seu melhor frente às plateias cotidianas; é preciso que respeitemos isso.





Vez por outra o fulano está próximo o suficiente a ponto de permitir-nos uma observação, mas, muito aos poucos e bastante tarde aprendi a me observar na outra pessoa, no entanto daí, da autocorreção a adquirir moral para chegar a apontar trejeitos ou exageros de nossos colegas e amigos é um passo que pode parecer legal ou uma ação que antes, ainda que não pareça intencional, é mais fácil derivar para a destrutiva.




Lembrando da história do Gandhi sobre a lição de não comer açúcar, em muitos casos o tempo da minha emenda é demasiado longo para sanar definitivamente a questão, daí, calar e conviver respeitando os outros, aprendi, é muito mais legal. Ao final acaba que sempre sou eu que preciso me emendar.



Certo é que na maioria das vezes o processo de autocorreção é demasiadamente longo que ao final nem estamos mais ao lado daqueles que nos levaram a corrigir-nos, porém é impressionante, que ao buscar o acerto entendi ser errado corrigir o outro e, na maioria dos casos, a tal particularidade não é um disparate a ser corrigido e sim, mais uma peculiaridade a ser respeitada.








Somos o que somos. A crítica, toda ela, se baseia em uma perspectiva particularíssima; o único crítico ainda possível é aquele que pratica o senso em si próprio, sem alardeá-lo, até aprender que sempre foi um mala e entender a insanidade do ato, pois está perdendo seu tempo enquanto provavelmente anda a desconstruir caminhos alheios, particularíssimos.



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Antissocial; maldito; misantropo

 







Ser social é participar, mesmo em parte, das convenções dos grupos aos quais pertencemos, família, escola, trabalho, social político. Contrário a esse modus temos o indivíduo antissocial, que recebe esta alcunha por dois motivos principais, ou não concorda com esta máxima e procura grupos tidos como marginais significando que juntos tentarão viver a margem do que dita o até então percepcionado e abertamente combinado. Participando de associações ou tribos estranhas à conjuntura montada, mesmo que não cometam ações que vilipendiem o grupo principal; formando, desde pequenas organizações paramilitares e místicas generalizadas a associações estudantis e punks radicais, por exemplo, andam por aí com ar de blasé, de soberba ou carrancudos a condenar a tolice dos demais. Todos, sempre, vigiados de perto; se o establishment estiver aparelhado e não gostar de surpresas desagradáveis.



No segundo caso, é bastante fácil derivar desses grupos inofensivos para a acefalia radical a apostar em reuniões antissociais verdadeiras; àqueles que vivem a margem da lei. Tornar-se um marginal propriamente dito, ladrão, sequestrador, ou um meliante qualquer também é ser um antissocial, porém não são estes que quero abordar neste exercício.



Posso ser um antissocial declarado, marrento, obtuso, sem instrução, sócio seguidor de influenciadores ladinos; estes, invariavelmente, são os preguiçosos, tentando apenas chamar a atenção para o fato de que não se dobraram ao grupo principal, quando na verdade se arrastam empregados, vivendo de biscates, ou acobertados por alguém ou uma associação que os mantêm alimentados.



Podemos encontrar misantropos cientes de que não pertencem ao processo? Sim; porém não é para qualquer um ser identificado como um verdadeiro antissocial. É preciso antes muito estudo, somente assim, após conhecer boa parte do processo o indivíduo pode ser tachado de marginal por não concordar com o que assiste, porém uma vez aí, lúcido, não o assistimos participar de revoltas contra o sistema alardeando ser um esquerdista juramentado. Aqui ele se amofina resguardado em seu próprio universo. Apolítico e apartidário; não empunha bandeiras. Descoberto o segredo da coisa toda, do processo, do conluio generalizado ele estanca. Não há como retornar, e, se seguir em frente é normal se tornar uma marginal de casaca, afinal não se pode conhecer os meandros do sistema social e igualar-se a ele sem que alguém seja prejudicado. É simplesmente impossível. Felizmente sempre terão aqueles probos abnegados que conseguem manter o teatro social e ajudar, auxiliar no processo visando concidadãos invisíveis marginalizados. São raríssimos esses que assim conseguem se manter até o fim dos dias.



Qual é o melhor caminho então, ou melhor, qual é a saída? É ficar. Estagnar. Acomodar-se. Afinal, quem é você frente à sociedade? Quem são vocês somando milhares de pessoas a desafiar o estado posto? Um nada. Entre o agitar-se qual louco sem as drogas no trânsito, nas festas, engalfinhar-se no ambiente muitas vezes nocivo do trabalho e viagens para os outros e então acabar em uma cama esperando a morte chegar enquanto alardeia o mantra do vivido!?! Não seria melhor gastar toda essa energia ocupando-se consigo mesmo, praticando alguma forma de arte, desenvolvendo uma aptidão, dedicando-se aos seus com préstimos altruístas; pesquisando compêndios que há tanto foram negligenciados?





Nascemos um, morreremos outro; é a distância altruísta entre o nascimento e a morte que será usada como crédito; o salvo conduto para o renascimento.






Quanto sua irracividade precisa ser tratada por especialistas para que volte a ser enquadrado como um sujeito social respeitado e então após ter aprendido como viver conforme as regras, finalmente entender a necessidade do salto para além do social sem as ranhetice e maus-costumes do sujeito inapto solto às rédeas tolas do instinto?




Simplesmente não há atalho. Podemos nos debater por eternidades atacando a injustiça do processo, o abuso do estado posto, o absurdo com o qual a maioria de nós é tratada sem nada poder fazer, mas isto se dá porque enquanto somos induzidos a malhar um ferro frio, tentando por inépcia vencer ou na esperança de que o comando maior se volte a nosso favor, estamos desperdiçando boas energias para encontrar o caminho de volta, que não precisa de grupos; é individual.



Homenagem aos meus malditos favoritos;

Raul Seixas,

Paulo Leminski

Plínio Marcos

e também a

Celso Blues Boy

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sábado, 10 de abril de 2021

A utopia de Edgar Morin

 


Após ler o livro A utopia de Edgar Morin pensei em montar um texto buscando exprimir em meio a expressões distintas tanto a essência de sua voz quanto sua ânsia sã na correção um tanto quanto utópica somado a forma bastante singular, comum aos grandes ícones, com a qual busca jogar luz sobre a educação e consequentemente corrigir alguns rumos a tempo de o que assistimos não consumar-se na mais absurda das realidades em relação à educação e consequentemente o que daí será gestado.


*


Inicio com uma questão; o que é a política e o que significa político-pedagógico? A política, genealogicamente falando, é uma entidade maravilhosa, essencial ao bom entendimento do processo, no entanto ela, aqui, é praticada pelo homem- homem que denomino como “homo-obtensis” - esta espécie tem como único objetivo amealhar, enredar, sufragar, articular, granjear partidários para aumentar seu espólio, seu poder de barganha. Em suma, é o homo-egóico. Este não tem como valor primeiro valorizar o entorno - antes valorá-lo -, se este não estiver de acordo com as SUAS necessidades. Aí nos perguntamos que política-pedagógica está entrelaçada com o processo de habilitação regional, inter/nacional há séculos?

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Existe o construto e o computo, nem tudo o que construímos - se passado por crivos sérios - deverá ser estimado, principalmente quando se observa e consegue se alinhar a Adorno assim que decifrado “a totalidade é não-verdade”. Saber distinguir o possível do impossível em meio ao meio inextricável de uma Máquina Mundo que se tornou pesada quando as ferramentas a disposição esbarram na fragilidade do Homo Sapies/Demens e na burocracia tendenciosa do homo-obtensis não pode jamais, ser dado como uma vontade posta.




Assim, diante da hipercomplexidade humana como se faz para descomplicar, descomplexizar, desdogmatizar e então descomplexar o humano ante ao todo complexo; partindo do princípio do dito de Morin, articulador do Pensamento Complexo: “O desenvolvimento deve ser concebido de maneira antropológica. O verdadeiro desenvolvimento é o desenvolvimento humano.”? Como; se a contextualização não acontecer?



Não é mais possível criar uma situação positiva através de um processo de simbiose buscando resultados simultâneos e únicos. Braços, tentáculos, canais, ramificações, intersecções, bifurcações, links e conexões de toda ordem criaram uma concepção, ou melhor; conceberam uma antropologia biocultural que funde e ultrapassa tudo o que podemos imaginar; daí é correto ousadamente assinalar que não há solução no velho. Tanto no campo epistemológico quanto no biológico antropológico baseado no cientificismo perenemente atuante atualizante – mais a força das necessidades que urgem. O programa; o algoritmo originado ultrapassa os planos parcamente ou totalmente não dominados e adentra desconhecidos. Era preciso desenvolver ferramentas para acessar o estado meta, o qual não é possível distinguir sem encarar que estamos impossibilitados. Nos tornamos retrógados para o que existe. A construção por si só advinda da revelia do negligenciar humano tomou forma - a mais funesta - por não ter sido gerada da vontade do ser puro, consciente, lúcido; antes, ou tão somente: de seres que buscaram figurar na história; serem venerados, embora o que não poderiam prever é que não haverá hiato – ao menos as distâncias entre o ignorante, o ignorado e o que ignora, nos parece, tem se encurtado, e ainda que possa assim ser configurado; isso não é boa notícia - entre eles e seus depauperados conterrâneos. É muito provável que teremos mais bustos, estátuas e monumentos trazidos de volta ao chão.






Teremos coragem? A aptidão geral terá que suplantar a vontade mercantilista ou viverá eternamente se valendo da velha aptidão para se adaptar a um plano historicamente fadado a servidão!?!








Há que se esquecer dos grandes movimentos pedagógicos “Paidéia Grega; “Humanitas” Romana e tantas outras, muito pouco poder-se-á aproveitar do que foi. O mestre Morin em sua utopia sempre bem vinda; afinal enche de esperanças um universo combalido, talvez agora, alguns anos depois de ter nos apresentado as mais do que válidas “metas-fins” talvez repense que “uma aptidão geral para colocar e tratar os problemas” justamente com “princípios apaziguadores que permitam ligar os saberes e lhes dar sentido” não é suficiente e precisa ser reavaliada porque esta faculdade apenas fará com que o indivíduo sobreviva em um meio que precisará de coragem para ser desobstruído.









Inspirado no livro

A utopia de Edgar Morin

Da complexidade à concidadania planetária.

De Celso José Martinazzo




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