sábado, 29 de agosto de 2015

Penhor – a dor devida




Sofre e se perde a toa o desavisado por não escolher devidamente o público responsável por resultado melhor no escrutínio quando quer que o apressado comedor de pão com manteiga da birosca da esquina entenda e julgue sua arte, quando a quer digna de um admirador de Toscanini.


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Do infindável desassossego



Lembro agora o que já relatou alguém, ao observar que o reino animal não necessita da confiança. O oposto somos nós; e daí nos preocupamos e preparamos engenhos e precauções; e o que temos?
Nem por isso eles sofrem mais ou um mínimo a mais do que imaginam... por não imaginar não sofrem, existem. Nós; imaginando o que não somos também o fazemos... apenas sofremos mais para manter nosso precário existir sob uma confiança quebradiça; não assumida por termos nos assumido superiores a eles também aqui.


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Lacuna invisível



Na mescla o ajuste fino – Da evolução humana para o nocivo humano alcançou-se tal ajuste que a mescla do confiável ao não confiável (transição) é totalmente imperceptível ou perfeita ao todo maior, se este está acompanhado ou foi cercado da blindagem social do que se entende essencial à manutenção, a assim permanecer. Morre-se como herói ainda que este, agora, seja um sinônimo ajustado muito aquém daquele a que se pretende aludir.


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Aceite





Entenda, em algumas situações da caminhada chegamos a ramos do conhecimento que nos tornamos “Discípulos do Nada”, pois nada realmente entendemos do que está acontecendo ainda que entendamos o que deveria estar acontecendo ou o que já aconteceu, e, portanto, é, ainda também, que não necessariamente necessitamos seguir aquele determinado ramo, basta entendermos que entendemos o processo da coisa em si.


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sábado, 22 de agosto de 2015

Xepa



Nossa existência parece ter atingido um divisor de águas... Realisticamente é possível compactuar com o pensamento de que chegamos ao inequívoco estado da evolução onde não podemos mais escolher entre as opções boas e ruins, sobrou-nos apenas as menos ruins.


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Mimeógrafo

O ler me tolhe; o não ler me liberta – outro paradoxo; porque também o não fazê-lo empata o indivíduo ainda mais no ignorar; na tacanhez; mantém-no tosco; ao que também isso não é obrigatoriamente sinônimo de ignorância.

Digo aqui, que nem sempre a leitura, o conhecer o pensamento alheio é apenas enriquecedor no que se refere a tornar-me um criador de originalidades; um original.

Tudo já está escrito, se o leio, se o acesso, o que escrevo passa a fazer parte de mais um arquivo. Em resumo, passo ser eu, leitor, um mero copiador; mimeografando o que compilei. Isso, de certo, não é exatamente meu.


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Recapitulação MCII






A lembrar de tempos em tempos

“Hábito das oposições – A observação inexata comum vê na natureza, por toda parte, oposições como por exemplo “quente e frio”) onde não há oposições, mas apenas diferenças de grau. Esse mau hábito nos induz também a querer entender e decompor a natureza interior, o mundo ético-espiritual, segundo tais oposições. É indizível o quanto de dor, pretensão, dureza, estranhamento, frieza, penetrou assim no sentimento humano, por se pensar ver oposições em lugar das transições.”

Nietzsche em Humano, demasiado humano.


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Porque não, agora?



Conversando com um colega de trabalho sobre a questão das pequenas desavenças praticadas cotidianamente, onde uma que outra demanda mais ou menos tempo para ser resolvida; decidi mais tarde aprofundar o assunto.  Imaginei o fato de que, se pensarmos considerando uma perspectiva de evolução infinita; onde fazemos parte de uma continuidade; é fácil aceitar que, em um determinado tempo da nossa existência, partindo do princípio inegociável de que o mundo tende ao equilíbrio, o ajuste acabará retornando naturalmente à calha do entendimento.

Porém aqui, ao pontuar esse pensamento, ainda utilizo o fator espaço/tempo. Parto então da premissa que, uma vez cientes da mecânica perfeita do processo quando ajustado, e de seu objetivo: esse período pode ser encurtado ou mesmo extinguido. Suprimindo justamente o período negativo, ou não prático; não positivo que, invariavelmente em algum momento futuro – levando em consideração o tempo material – juntará novamente as pontas soltas.

De alguma maneira hoje fazemos isso. Mecânica e imperceptivelmente mantemos ajustados nossos movimentos diários dentro ou fora de casa quando, ato contínuo a qualquer movimento contrário; entendemos ser conveniente deixar pra lá, mas apenas quando levamos em consideração um interesse, um desejo, uma paixão, uma dívida ou uma necessidade; o que chamo isso de estar refém da situação. Então, se possuímos a consciência da necessidade livre, podemos perfeitamente eliminá-la se a imaginarmos contraproducente ou engessante, elegendo, definitivamente, o equilíbrio positivo em seu lugar.

Seria então natural admitir que uma vez envolvidos em desentendimento algures, procurássemos rever o assunto – acionar o alerta - caso o tom tendesse ao desequilíbrio. Se uma vez conscientes, levássemos automaticamente – primeiramente como um exercício - a ameaça que, inequivocamente tenderia ao desequilibrar da balança particular do bom senso, quando, ou um ou o outro não conseguiu assimilar, por algum motivo, o que foi dito. Assim, uma vez cônscio do estado da transcendência, ambos, não mais precisam recorrer a esse expediente, pois seus entendimentos têm assimilado que isso – qualquer contenda - cedo ou tarde caminhará inexoravelmente a obrigatoriedade da resolução. De posse disso, porque não fazê-lo já, voltando atrás em colocações prematuras, ou menos acertadas energicamente.

E porque isso não acontece com frequência entre nós humanos; afinal se à grande maioria o entendimento da existência de um depois não é totalmente descartada? Na mesma conversa chegamos a um acordo de que nem sempre observamos a questão do ponto de vista dos envolvidos. Geralmente o que acontece, é que tentamos impor a nossa vontade sem observar o grau de entendimento do nosso colega.

Decorrido algum tempo, pensando com meus botões; imaginei um quadro onde, ainda que haja as controvérsias, passe a existir também uma possível disputa entre nós em busca de deixar a porta aberta ao diálogo, ou seja, aceitar consciente a falta de conhecimento, ou respeitar o momento de desequilíbrio por que passa nosso detrator; nosso controverso opinioso contrário até que ele erga a cabeça e perceba quanto mais estamos aqui para aprender.


019.j cqe

Estorvado

Enquanto não agir ou escrever livre e inconsciente, desvestido da coragem soberana da existência; de que sou respaldado por pontas invisivelmente protetoras a amarrar ações, inapermitindo ao mais complexamente livre dos convencionados intelectuais a mínima conexão; estarei escrevendo o que me é comum ainda que aos demais, responsáveis primeiros por meu escrever mentirosamente atado as minhas despóticas amarras, pareça impossível.

Da série aproveitando-se da rede histórica oportunista, ou do oportunismo; quando tudo não passa, primeiramente, de “tirar uma lasquinha”.


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Orgulhoso por nada



Em algumas situações onde buscamos a atenção externa; sermos apreciados ou até mesmo invejados; é preciso tomar cuidado. A nem todos os presente é bom que nos mostremos em condições orgulhosamente vendidas, porém compradas como deploráveis por eles... afinal podemos estar sendo observados com olhos voltados a uma perspectiva totalmente distinta, até inimaginável a nossa – de sorte é que vivamos nossa eterna adolescência. Não há pior período em se tratando de auto humilhação. Ah! A liberdade... Porém esse comportamento desbragadamente acintoso, é indescritível ao persistir no adulto.





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domingo, 16 de agosto de 2015

Uma nota



Ouço Suas palavras, qual mãe, que insiste em recolher os últimos grãos de arroz que se misturaram ao pó após os pacotes terem sido lançados dos helicópteros.

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos


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sábado, 15 de agosto de 2015

Um Papel importante

Deve ser o papel primeiro, e se não, primeiro dos pensadores, obedecer a regra de civilidade mesclando seus pensares ao invés de oporem-se. Não é possível que outro gênero dê, antes da classe que deve representar a inteligência do homem, o passo inicial e decisivo em direção ao entendimento humano definitivo; apenas esse pode pensar o conjunto e abandonar, absolutamente, o individual – e que por Deus, os demais os sigam.


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Não vale a pena

Nenhuma verdade vale realmente o sacrifício humano para vir à tona - se é que possa ser esta uma expressão de anunciação de algo de valia a florescer neste ambiente onde reza a conivência com a injustiça, ou apenas uma forma eufemista de colocar nossa realidade! (como é que o melhor vem à tona no pior?) Porque sempre será uma verdade a tentar se impor a mentira e isso é tão desgastante e írrito quanto é ilusório tentar impor ou experimentar na nossa tradição o comparar o real ao não real quando é ao segundo que são dirigidas todas as súplicas. Ou, seja, ainda que reconhecidamente extraordinária e descomunal o peso da verdade nos corações humanos, e por mais absurdo que seja admitir que uma série de nós morresse tentando provar sua força – real -; aos poucos ela se mesclará ao plano irreal mimetizando-se até desaparecer e se tornar lenda; então a pergunta: até onde é válido qualquer sacrifício que se mostrará inferior por mais superior que possa valer sua defesa, por maior que seja a crença; a incondicionada convicção?



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Fontes outras...


...sempre há uma que nos sirva melhor a ser encontrada.

*

Dia desses, em um filme de ficção, o narrador colocou de uma maneira toda especial a diferença entre ter e ser. Desatento, invariavelmente a situei somente entre as lições religiosas espiritualistas, ainda que, para sempre, essa dupla antagônica apenas ao espírito ainda bruto será utilizada por seus iguais que insistem que a repetição é o melhor meio de manter adeptos atentos as suas ilações e efeitos milagrosos envoltos em mágicas dominicais. Porém, ali, o texto é apresentado de forma científica, e ainda que faça parte de um roteiro comercial, foi maravilhosamente bem anexado. Dando conta que; em determinado ponto o homem abandonou o conhecimento, a busca por seu conhecimento; o conhecimento em si; e optou pelo externo: a sua evolução materialmente falando e de suas maquinas e brinquedos. Mais ou menos como se, ao invés de tentar entender o porquê de sua existência – ser -, ou arrastá-la em paralelo, negligenciou este ramo, abortando-o. Dando vazão ao seu estado de deus criador, ou seja, ao invés de continuar como uma espécie de criação, que busca as raízes do seu criador; entendeu que descobrir-se; pesquisar sua gênese espiritual não era mais importante que chafurdar em cavernas descobrindo pinturas rupestres e fragmento de osso; a busca pela evolução mais acertada do corpo, por exemplo. Sua essência não era mais importante que a sua constituição corpórea e, em detrimento disso, a longevidade da matéria, apagando, rompendo com todos os vastos e riquíssimos ensinamentos que sempre promulgaram a nossa infinidade; a nossa eternidade como seres bem nascidos – e o mais interessante é que se abandonou tão necessária ação não devido à certeza de sua existência, mas por desistência. Imaginando-se, qual adolescente mimado, já estar apto a virar-se sozinho, abandonando seus tutores – diante de um quadro muito mais grave; quando não se conhece exatamente o poder destes muito menos a perversidade do que terá por frente sem eles - e, de posse de alguns badulaques arranjados resolveu soltar-se. É assim então, que o autor quer chamar a atenção; pois abandonamos o “ser”, a conexão com o conhecimento que faria de nós homens habilitados com nossa essência para optar, para pegar carona apenas no claudicante conhecimento – e o aperfeiçoamento - da subsistência, a qual, o máximo que nos tem dado é o avanço, a supremacia entre nós mesmos; entre os povos no que diz respeito aos parcos domínios da matéria, e então, volto ao elo perdido, quando houve essa divisão, essa ruptura à opção ao caminho do ainda adolescente para o conhecimento completo, foi abortada da mente humana o interesse ao retorno ou mesmo a continuidade da busca por suas origens.

Digo agora que o mais importante não seria a busca ao retorno efetivo, ou a segura proteção de entidades superiores, mas superado isso após a Verdadeira Conscientização, então retomar o paralelo a isso: onde o andar continuado à evolução material teria sido, ou estaria sendo muito menos traumática.

Vem-me a mente agora o exemplo bem claro do aluno dedicado às artes marciais que, não abandonando o ego, rompe com o mestre antes da importante conclusão da disciplina, quando, uma vez devidamente instruído, lhe seria passada a iniciação derradeira e mais importante; assim, sai esse despreparado ego ambulante ensimesmado e entendendo-se superior a maioria que não participou do seu, ou de aprendizado algum. No quadro exposto, todos sabem, reconhecem sua superioridade, porém desconhecem o que omitiu; que o desfecho está muito além de suas possibilidades; afinal o que ele realmente conhece sem o domínio total da técnica?


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Patetas e patetices

O homem não aprendeu
que o patético
só serve mesmo à arte.

Na vida

queremos o pragmático,
o positivo;

a patetice deve ser 
expurgada.




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Em busca da...


...Sabedoria Suprema



Então Ele disse 
e eu entendi. 

Busco um sol outro; 
um Sol real 
e inextinguível. 

Um Sol exclusivo 
que brilhe ainda mais intenso 
dentro de mim.



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sábado, 8 de agosto de 2015

Registro invisível



De que adianta desculpar-me, disse, pois, ainda que saiba do que veladamente a precocidade sempre presente do seu senso imaturo me acusa, é muito difícil frear minha crítica. Por mais que entenda que a exerço sob uma ótica toda própria, sob a minha perspectiva; continuo registrando o fato como se disso não soubesse, como se não houvesse esse distanciamento, e não me entendo um covarde por isso, por parecer fraco ao que parece atacar um que outro. Não, registro o que vejo, como um fotógrafo. E não é minha intenção e sim confusão alheia se o foco é distorcido do significado real de todo esse processo que se revela somente a mim; que vem à luz na mais nítida imagem com todas as suas matizes permitindo assim observá-los.


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Pela pena




Pela pena do escritor o ficcional encoraja-se a saltar no nada ilusório...

A pena do escritor criativo é a ponte por onde o ficcional assim se lança, porém nem sempre assim permanece.


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Entre o ordinário e a metafísica




Ao final, há, é certo, que se levar em conta a questão patológica; ainda que cumpra ao estado equalizar os desvios da natureza humana, afora isso, a responsabilidade por ser como somos é exclusivamente nossa – antes de tudo; quando aprenderemos apenas isso!?!

O ato imediato e involuntário de pensar que a ação a seguir poderá gerar desrespeito a alguém, demonstrará a sua falta de preparo, de conhecimento e finalmente, de educação; porque o patamar de respeito a ser alcançado, ou jamais barganhado aquém disso, trás como referência, àquele inegociavelmente impingido à ação consciente, e não à consciência crítica se se estará ou não desrespeitando ao agir. O ser maduro age involuntariamente, sem mesmo saber ser aquilo dele – sua retidão irretocável. Ele nem mesmo cogita que poderia ser diferente.

*

Educar o mundo para pensar o respeito é apenas uma etapa para a construção do homem; do ser ideal. Talvez a mais árdua de todas.

A busca à correção; as inequívocas lições de como se ser reto, não procura inserir no homem que formule para si antes do ato a questão se estará ou não negligenciando direitos alheios, o ser legítimo sabe que obrigar-se a pensar se ferirá a moral de alguém antes de qualquer ato que seja é indício de que poderia falhar antes de decidir-se, e isso é inconcebível para o ser pronto.

Utopia!?! Utopia mesmo; seria aplicar esse estado de entendimento humano a todo o ser que coabita nossas existências.


*

O ato de pensar se se é ou se se está sendo ou não desrespeitoso está ainda a um passo do ser que se respeita.


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segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Netethics





E por que não da certo? Porque não sabemos utilizar o “caldo” positivo; prático, preparado com o tempero do bom senso, selecionado apenas com as lições que tornariam nosso contrato, nossa constituição justa e igualitária ao serem pinçados com critérios mesclando inteligência e sabedoria. Isso, definitivamente, perdeu-se ao longo do tempo.

Hoje nos utilizamos de uma rede macabra, nociva, como um escamote para avalizar nossas ações mais perversas que chamo de "Netética*". Não assumimos responsabilidades ou culpas, com escusas, menos por ignorarmos e mais por nos aproveitar da oportunidade de saber que todos aqueles que serão convencidos não o sabem – ou por algum motivo que os mantém refém da situação construída. Verdadeiros acovardados em meio a opções que se auto impingiram. Tanto no que se refere a falácias; a tratarmo-nos de falastrões, quanto às barbaridades defendidas.

Agarramos-nos a informações inventadas, meias verdades, a-éticas para continuar cometendo atrocidades ou insistindo por caminhos que nos mantêm como mentirosos, estupradores, drogados, infiéis, bêbados, traficantes, promíscuos etc. sob um véu social que finge não ver tais ações; que resultam no quadro exposto. Com a justificativa de que, mal ou bem, estamos indo, e, para sustentar esse social insano nos valemos de uma rede invisível que dá suporte e permite a continuidade tanto das desculpas quanto fornece argumentos sem sentido que são pacificamente aceitos ou permitidos como evasivas que poderemos nos valer - se já não o fazemos - desde que, cercados das explicações devidas que podem ser repassadas quando a vítima é confrontada no; “o porquê sofre calada por tanto tempo?”; ou seja, a vítima não é vítima, mas foi conivente por toda uma vida porque estava convencida de que não era uma vítima – o problema reside no fato de que a própria vítima se vitimiza, mas entende que o processo deve funcionar assim porque o estado, a sociedade toda esta corrompida por ele; está corrompida ao ser conivente com um invisível, porém inextricável e sempre presente, a-contrato social. E uma de suas regras mais perversas; um de seus princípios menos aceito (abertamente) e mais utilizados diz respeito ao fato de que todos sabem que aquilo que está sendo dito é uma mentira, porém, quando envolvido em motivos que podem ser repassados aos demais como mentiras aceitáveis; todos os “lapsos” podem continuar ocorrendo uma vez que seja mantido o “equilíbrio material”.  E no meu entendimento o carrasco, o pedófilo, o infiel, o mentiroso, o assassino, o agiota, o estuprador, o déspota, o cafetão, o corrupto, o esperto e todo aquele que foi anexado a nossa sombra para extorquir (no comércio, no trabalho, na igreja, na família, na via pública...) valeu-se do que anotei acima como “Netética”, uma rede “anti/social” no que se refere a sociedade como princípio de decência. Que encobre os podres do escroto que está no comando. Mas este intrincado processo é tão utilizado quanto visível, porém ele corre como um esgoto fétido a céu aberto onde se nem todos veem, todos sabem de sua existência, e pior, todos dele se aproveitam, o que o transforma em uma vala enorme que invariavelmente acaba despejando todos os detritos sobre nós mesmos.

Reféns, de uma forma ou de outra, aguardamos em silêncio nos nossos porões maquiavélicos a oportunidade de tomar a frente de algum negócio escuso e fazer valer a nossa oportunidade de utilizar a rede. Assim, a “Netética” vem sendo utilizada tanto para o “bem” quanto para o “mal”, embora ao final das contas, somente alguns poucos entendem que ela só serve ao mal e, se olharmos ao redor, poderemos enxergar que todos somos vítimas reais acertando as contas por conta da própria conivência; é tudo uma questão de tempo.

*Netética; A rede invisível assumida como possível e eticamente aceitável, que sabe-se útil para manter o delicado sistema a-ético funcionando. Onde todos concordam pacificamente, por entender que se não agora, em algum momento se se mantiverem acovardados, omissos, coniventes com as ações tidas como normais em seu entorno, poderão também utilizá-la a seu favor em algum momento oportuno.


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sábado, 1 de agosto de 2015

Desencontro



O diferente não está só por opção própria, ele é assim largado devido à conjunção antagônica da firmeza que o mantém estribado em suas opiniões convictas, da vergonha dos demais que não conseguem acompanhá-lo na liberdade de escolha que lhe sorri e, consequentemente, na falta de coragem destes que o preferem apartado, mote justo do complexo que efetiva todo o quadro.

Então, enquanto o primeiro respeita; o segundo envergonha-se por não entender o significado de respeito, em conjunto com o desconhecer que discrimina. Eis aí o motivo do desencontro.








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Vencendo o ímpeto



As vitórias sobre o ímpeto o situarão em um classificarão distinta.

Ainda hoje pode o ato de contrição, - não aquele ligado ao catecismo, mas um agir sereno, contrito, meditativo e só - servir como uma ferramenta válida.

Ele ainda é de grande serventia para, nos afazeres diários, observarmos onde estamos falhando; onde nosso comportamento vem gerando atrito e desconforto para os lados envolvidos no convívio com os nossos. Meditando se nos tornamos capazes de resolver determinada questão abandonando de uma vez por todas aquela mania, aquele orgulho e o ar vaidoso, foco de picuinhas que se arrastam há anos!

Embora pareça não ser essa uma pratica recorrente da maioria daqueles que conosco convivem - ainda que seja delicado apostar em tal observação. Não porque sabemos que nem sempre buscam mudar a impetuosidade dos humores sempre a postos, mas por entenderem que estão bem como estão; esse estado de leniência não deve avalizar, por sua vez, a minha inação; a minha conivência na manutenção de um quadro que, quando olhado com criticidade, se mostra extremamente desagradável.

Vivemos em um mundo egoísta onde o primeiro passo precisa ser dado pelo outro, porém, muito claramente nós retribuímos, não dando continuidade ao avanço da cordialidade; não dando o segundo passo. É preciso muito boa vontade para vencer o ímpeto; o ímpeto de fazer ou o ímpeto de não fazer. Então, de onde vem o impulso; onde nasce e o que fazer para sufocá-lo?


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Ainda fumantes



Na impetuosidade dos meus vinte e poucos anos fui arrebatado por uma das poucas pessoas que considero até hoje, quando, ao descobrir um caminho bastante diferente daquele mostrado na infância/adolescência, saí querendo mudar o mundo, ela então me controlou e acalmou-me dizendo, não tente mudar o mundo com palavras, dê exemplos.

*

         Aos poucos; paulatinamente - e ultimamente de forma mais agressiva em comunidades avançadas -, os fumantes vem se conscientizando de que, mais do que parar de fumar devido aos efeitos nocivos do cigarro, o fazem por vergonha, afinal, seus próximos os veem como uma espécie de ser nojento devido ao seu sempre impregnado estado de fumaça e nicotina, por exemplo. Muitos então, menos adoentados, mais por vaidade que sã consciência, se esforçam para abandonar o agora tornado, asqueroso vício, a um número maior de críticos.

         Observamos algo parecido, ainda que não a olhos vistos, no comportamento humano em relação à falta de traquejo, ao desnível cultural, a vergonha por não seguir as tendências sãs no que se refere à evolução dos seus iguais atentos às diferenças.

Assistimos ainda, - e por quanto tempo mais? - em um grau extremamente alto, pessoas questionando capítulos ou versículos tão enérgicos quanto inquietantemente sérios, de cunho universal, que há tempos nos foi repassado, envolto em eventos assumidamente compromissados; em tons de desrespeito ou provocação. Demonstração visível de falta de coragem em observar com seus próprios olhos o que lhes impuseram como inverdades, ou consideração àquele que abraçou o que lhe é diferente.

Recentemente, por falta de conhecimento da minha política contra a tacanhez canhota do programa retrogrado que insiste em atravancar o saber humano em direção a sua essência que acredito tende inexoravelmente ao equilíbrio, me enviaram um texto cujo título absurdamente questionava o propósito do universo.

         Assim, não por vaidade, isso está longe de acontecer, ao menos no quesito sabedoria a vaidade ainda não é o mote da evolução humana, infelizmente - nem aqui ela consegue executar algo de benéfico ao homem. Então, nesta questão, entendo que em algum momento as pessoas também vêm sofrendo uma pressão devido à vergonha que passam por estarem ainda bulindo com teses que já não fazem mais sentido em algumas associações honestas; em alguns grupos sociais que tentam avançar um passo além do politicamente correto ou socialmente aceitável; e porque estes de alguma forma, irão também sentir que estão provocando uma espécie de nojo; uma existência tediosa e aborrecidamente arrastada por continuar insistindo em assuntos que há muito deveria não mais causar estranhamento ou com perguntas que o tempo mesmo – basta olhara ao redor - já encarregou de respondê-las.
    

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