terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Em Algum Chão de Fábrica


Enfastiado do mesmo desce-sobe do martelo do monjolo distancie-me da escrita que conta o destempero unânime e uniforme indistintamente encontrado no meu dia-a-dia por entre meus colegas de sorriso conveniente, sejam eles consumidores vorazes de angu, chucrute, ou a sempre adorada mistura de toucinho, pele de porco com pelos e feijão escaldado a qual chamam de feijoada.
Não que minha mente tenha falhado comigo, me deixado na mão pela primeira vez, ao apresentar-se com um longo espaço em branco de idéias; nada disso. Vivo num laboratório riquíssimo, e minha sempre admirada companheira de escárnio, companheira é modo de dizer, figura de linguagem, porque em verdade ela é única, ou seja; é apenas ela. Ela é solidão. Enfim, mesmo que ela voltasse a suas manifestações primeiras de mais de década, dificilmente deixaria de produzir em meio a este manancial, dado as pérolas diárias a que se depara. O que dizer quando é confrontada a todo instante com observações que dão-se em abundância, após tantos anos exercitados ininterruptamente em suas análises escritas? Tudo já vem tão mastigado; é só gastar papel.
Deparei-me então esta semana com uma seqüência não sem precedentes, porque abundam casos neste antro de abutres em que um está sempre a superar o outro no que diz respeito a baixar o nível. Deve ser o único lugar do mundo onde buscam se superarem negativamente.
Não cabe aqui relatar o episódio, porém acabou como de costume quando dá-se a química do encontro explosivo do orgulho com a ignorância, apimentado com a assistência tendenciosa de colegas que insistem em manter a chama acesa; ora por saber que pode dali sair algo mais que uma simples demonstração de rinha de galos, ora simplesmente porque entendem que é do meio estas freqüentes demonstrações insanas de confronto gratuito que, no mais das vezes não resulta em um virar de caras por mais de dois meses, - aí um ponto positivo. Porém; assistido através da angular de um desavisado incauto, mas culto, entenderia que jamais voltaria a ver estas duas figuras num mesmo enquadramento diminuto com as feições que demonstrassem simpatia para a lente a flagrá-las, afinal, o eriçamento de suas glândulas contaminadas com óleo são de causar inveja a qualquer luta de animais que se engalfinha buscando conquistar território.

Recalque, insegurança, falta de amor próprio, falta de respeito; mais por si do que para com seus colegas que antes de tudo são vistos como concorrentes – concorrente de nada. Nada aqui está realmente em jogo. Seria tão fácil, tão divertido se todos nós fizéssemos apenas o trabalho de execução para o qual somos pagos, e no mais, apenas ríssemos de tudo o que nos cerca. Riem-se sempre, mas não é alegria, riem de bobos que são. Riem de medo de terem que enfrentar o triste buraco a que suas escolhas os enfiaram; riem também inconscientes; porque sempre o riso será a única coisa que mesmo somando-se a enorme gratuidade em que se tornou seu existir, o riso frouxo é do que temos de gratuito a única coisa que lhes causa mais bem do que mal.

São por essas que alguns que tem estômago não demoram a liderar, a comandar sindicatos.

Em terra de cego quem tem um olho é rei; porém antes é preciso querer sê-lo.

Para que um cargo seja postulado, antes, ele precisa ser querido.
085 cqe