quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Torcendo pelo inimigo


Não canso de apontar que nosso mundo é fantástico, mesmo onde este adjetivo não tenha nada a ver com o que é verdadeiramente extraordinário por habitar as mais belas paixões, daquelas somente conseguidas por nos parecerem desprovidas totalmente de razão.

Falo da economia, porém minha atenção maior está aqui direcionada a rede bancária.

Lembro que há um ano, aqueles definitivamente declarados contra o sistema capitalista, e que, naturalmente, viam no enriquecimento absurdo dos bancos - o símbolo maior de todo este estado de coisas – um exagero sem medidas e impossível de ser estancado; conseguir atônitos, observar finalmente a anunciação de uma utopia realizada, ou seja, por um momento puderam vislumbrar, mesmo que prematuramente, uma impossível, ou pelo menos, jamais sonhada vitória sobre este algoz eterno e incansável, que teria finalmente decretada, sua pena capital; talvez até a maioria deles, quem sabe. - afinal a crise se mostrava como sempre tão impiedosa quanto à postura rígida até então imposta por eles a clientes que não conseguissem honrar seus compromissos. Um vingador voraz e definitivo, que finalmente faria com que estes futuros habitantes das falanges infernais tivessem já agora, uma mostra do poder infalível da vingança irremediável, e então aqueles, contrários a este quadro de injustiça, teriam assim confirmado que todo o protesto é válido, e cedo ou tarde será ouvido.

O que me trouxe aos teclados agora é uma constatação muito da impertinente, porque, como não poderia deixar de ser diferente; é também instigadora, e embora inoportuna apesar de parecer oportunista para quem não me conhece; confesso que até mesmo eu estou um pouco chateado em postar aqui este assunto tão agastado e enfadonho; porém, o que posso fazer se seu termo é compensador.

Minha análise então é simples como sempre; vejo que a coisa toda não é bem assim, como se diz no popular: “o buraco é mais em baixo”. Precisam estes panfletários derrotados continuarem acovardados, nada pode ser feito; a organização bancária tomou tal proporção que o próprio sistema como um todo o absorveu hoje como parte orgânica de todo o organismo social, e no final, o máximo conseguido foi um ajuste nas peças e um tremor sem maiores conseqüências a este gigante e assim, como se retornasse mais uma vez de um alarme falso, com o rabo entre as pernas, a oposição ao sistema vigente e a qualquer sistema, cabisbaixa, não apenas sentiu que seus sonhos de vingança estavam muito rapidamente desvanecendo-se no nada, como foi obrigada a torcer, alguns, por que não, rezar aos santos da vez para que os bancos pelo amor de Deus não quebrassem, e eles, - que maldade – pudessem voltar o mais rápido possível a adentrar seus portais seguros para pagar seus inadiáveis boletos.

Nunca desejamos tanto que mais uma vez os colaboradores bancários que continuaram ativos, - de alguma forma ele se beneficiou também, pois dispensou alguns parceiros do inimigo que só estavam esquentando cadeiras – pusesse em prática, novamente, toda a sua voracidade, e que seu instinto predador pudesse abocanhar, o mais rápido possível, o maior número de vítimas, tornando-se assim auto-suficiente tão rápido, que todo o dinheiro injetado pelos órgãos oficiais ou não, ditos para os socorrerem; possa antes mesmo de ser devolvido, ser usado para gerar ainda mais, e que sobre algum, é claro, para os diretores e acionistas.

Não esquentemos a cabeça então; comemoramos este mês um ano de crise e todos os indicadores mostram que o pior já passou, agora então podemos enfim usar a palavra “marolinha”.



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