domingo, 12 de dezembro de 2010

Desvalorizando o medo


Já adquirimos consciência suficiente para não termos mais medo,
porém aos poucos deveremos passar pelos perigos que isto significa,
até atingir a liberdade,
objeto principal desta descoberta.

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Avançamos o suficiente, já é possível hoje, acordar e entender que não precisamos mais viver com medo. Falo do medo real, aquele que nem mesmo é acessado por aficionados que ficam vidrados frente às sangrentas cenas de filmes “b” de terror que arrastam milhões aos cinemas. O que amedronta realmente, o medo que deveria ser eliminado, poucos tem conhecimento, e mesmo este, receio, alguns poucos despertos conseguiram decifrá-lo, mas insisto: a humanidade já avançou o suficiente; fazendo com que o homem disponha de instrumentos que “vazaram”, deixando-o numa posição confortável de não-medo. Sabemos que não é fácil. Por estarem impregnados do medo comum e simplório inculcado de maneira heurística por mais de cinco mil anos, e tendo sua disposição aumentada exponencialmente do final do século XX para hoje, onde, descaradamente, fora lançado mão de métodos que coroam principalmente o sentimento velado da emulação, tão bem dispostos que, num desbotar incessante, acaba mesclando-se, até que, finalmente se funde eclipsando o sentido real do agir; de como é importante mantermos com os iguais um comportamento sensato, cordato, respeitoso. Acordado, estou consciente também de outro porém. Talvez devamos passar ainda pelo verdadeiro inferno, o inferno que aqueles citados acima, que apesar do medo deleitam-se com as cenas sem razão da ficção, quando finalmente deverá a humanidade passar pelos perigos desta descoberta, deste estar consciente, - mas então, sem medo. Vou me distanciar um pouco do chão, e buscar em outras paragens, pegando um gancho naqueles que acreditam que há um depois no intuito de dirimir o inferno acima citado. Talvez, partindo do princípio que existe um depois, e a história de que viemos e voltaremos seja realmente verdade, poderemos costurar com o auxílio deste posto avançado, um despertar longe daqui, alguma espécie de doutrina, uma disciplina onde o pessoal vai se desligando aos poucos, sem muita revolta, a respeito do tempo perdido. Mostrando insistentemente até que percebam finalmente que esta consciência que hoje entendo como preparada, não venha a bater de frente, ao serem apagados os sinais e marcas de propriedade alheia. Entendo que somente assim não haverá sofrimento nesta transição. Fato é que existe o pós medo, e este é o objetivo principal desta. Talvez eu devesse colocar como um autor estes dias para mim explanou: “Nos primórdios mesmo, o medo não existia como agora o conhecemos, no máximo um receio com os animais que deveríamos matar. Foi somente muito mais tarde que o medo foi utilizado – do homem para o homem - como instrumento de castração do existir.” Assim como muitos de nós ainda não sabem como é viver sem medo, também nem imaginam como é, coexistir com o sentimento de liberdade.

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