domingo, 14 de maio de 2017

Do pensar desconectado




Do pensar prematuro ainda no século XXI – Fomos libertados em plena puerilidade para o auto pensar: nós, “páginas em branco” a se auto preencher sem que ao menos aprendêssemos o significado desta arma potentíssima, tentando sobreviver no plano do desenvolvimento atropelado e execução automática.

De quantos milhares de anos falamos então se observarmos que nosso progresso pensante tem sido trabalhando fora do contexto da correção, pautado pelo condicionamento deliberado - sujeições às leis estabelecidas - marginalizando todo o processo! É fato o que disse Montesquieu que todos somos livres desde que pensemos dentro da lei; está aí a mais correta representação da coação permitida e claro, obrigatória em se tratando de gente necessitada de socialização. A educação prima o pensamento livre, próprio, mas o mundo condiciona ao: pensar dentro da caixa; porém quem são e como aprenderam a pensar todos aqueles que promulgaram as diretrizes, algumas perpetuadas, outras pétreas tão somente condicionadas a sua constituição que impossibilita contextualização!

Por ao menos duas décadas do seu nascimento, talvez fosse mais acertado que o cidadão aprendesse a pensar e então daí, uma vez patenteada essa lucidez abrangente: abrir-se-ia para as escolhas particulares, estas sim, conscientemente, livres e alinhadas, primeiramente pela razão, formando-se uma rede de corretas observações onde as gerações sucederiam partidárias aos mesmos valores e retidão apreendidos – mas isso seria outra forma de pensar condicionado, palpitariam muitos especialistas que aprenderam o “pensamento” atualizado em suas cátedras.

O pensar dentro da caixa está condicionado obrigatoriamente à premissa do necessário, tanto quanto mal feito ou inapropriado por conta da condição de despreparo em que atuamos – preceptor e aluno - correndo atrás de uma bola-de-meia amarrada em um barbante, e por mais que instrumentos dão conta desta estultice não é possível que todo o nosso universo montado, todo o nosso teatro de subsistência se renda ao capricho de revogar as leis que determinam esse andar sonâmbulo; em completa dormência. Não há saída!?! Não enquanto não houver a conscientização de que assim seguimos, e ainda aí: o caso é de difícil solução. 

Mas há um efeito, um paliativo anódino bastante difícil de ser entendido, afinal, mesmo que precisemos acordar para o que um dia chamaremos de vida real, existe realmente uma dificuldade de compreensão inserida por conta de amarrações diversas que suplanta a essência da questão, onde, no entanto: para se chegar ao razoável aqui observado é imprescindível que passemos por este processo “sem sentido” que, ainda que assim ocorra - destituído por ora de uma compreensão lógica -, estamos praticando atividades diversas, ou seja, somos co-partícipes de um projeto “duplamente” arranjado; e de outras nem mesmo imaginadas, tão necessárias quanto positivas (ou seria; obrigatoriamente necessárias?). No entanto podemos relaxar no fato de que, esta espécie de umbral a que estamos guardados e condicionando a cada dia mais nosso existir, é uma formação “real”, aparentemente triste, porém, necessária, para que purguemos vaidades e orgulhos adquiridos aqui e em outras esferas. A Sabedoria do Plano reside no fato de que, paulatinamente nos enfronhamos neste monturo que chamamos hoje existir terreno sem que percebamos o quão mimetizado a ele estamos, e é só a partir dessa tomada de pensamento que poderemos tomar também as rédeas conscienciosas que nos darão um mínimo de paz, inicialmente, particular.

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Existem apenas dois caminhos, continuar na irrealidade, ou seria na “verdade inventada” atual, ou atirar-se em um caminho de retidão e acreditar ou mesmo confiar que pudesse ser melhor!?! E quais os riscos de abandonar o primeiro em detrimento do segundo? Nenhum; talvez, inicialmente, passar por simplório, alienado, esquisito, desarrazoado, mas então, finalmente, sentir a liberdade que existe em abandonar toda uma convenção armada que pesa às costas ainda que não a sintamos por jamais ter experimentado removê-la.



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