segunda-feira, 1 de maio de 2017

Pontuando Homo Deus*


Normal aos bons textos, durante a leitura de Homo Deus, varias observações foram pontuando as interpretações; algumas poucas tive por capricho anotar e aqui registrá-las.




Estatística falha – Até onde são confiáveis as estatísticas – não menos sinistras e sem motivo algum de comemoração - ao registrarem, segundo o autor de Homo Deus, que as mortes por excesso de comida já superam as ainda absurdas perdas por conta da fome? Precisamos nos inteirar se isso não se dá tão somente porque a população considerada aumentou desproporcionalmente, camuflando os dados que devem ser observados separadamente, afinal, pode não ser os esfomeados que pararam de morrer, porém os outros, que, por desconhecimento, inflaram o débito por conta da conveniência do consumo.





Discriminação humana - Globalmente falando, chegaremos ao tempo em que o humano propriamente dito será discriminado por iguais de castas consideradas elitizadas?







Ao que parece, o governo ou a iniciativa privada precisará inventar uma espécie de gororoba universal industrializada, um mingau de fácil obtenção, minimamente energético, para abastecer a legião faminta do futuro. Uma ração barata que supra a necessidade ilógica de alimento da camada inoperante separada pelo abismo entre a elite e os super-humanos dessa imensidão, agora “inútil”, que ainda sobrevive no futuro tecnoeletronicizado e artificializado. 

 










Algo sobre a pg.310 
A política econômica – tão autofágica quanto retroalimentadora - por contra própria ou por atavismo ou algo do tipo, cria a dependência e incentiva a geração do senso de obrigada obediência abastando e cumulando a fatia dominante.
Este estado fabrica o sentido ilusório; do contrário: que soldado lutará por nada, ou quanto mais terão que trabalhá-lo ante a eminência da morte prematura? Quão mais ávido é aquele que se entende dono de algo e nem de longe que é apenas hipoteticamente livre? 




E sobre a pg.235 – Se o intuito das criações da tecnologia é servir e tornar cômoda a existência humana, como resolver que ela poderá cedo ou tarde torna-lo obsoleto aumentando assim, exponencialmente, o contingente de humanos supérfluos descartáveis, invertendo desastrosamente (contra ele, é claro) o processo natural que valida a vida em detrimento à coisa!?!




E sobre a pg.243 
“Conhecimento = Experiências x Sensibilidade”

Da assimilação do conhecimento ético à conexão de experiências - Há tempos possuímos o aval não apenas em registros sérios; de que podemos confiar em nossa sensibilidade observando um tipo de consciência coletiva e sensações e sentimentos propriamente ditos, porém ainda não buscamos trabalhar minimamente nossos interesses, vontades e responsabilidades para otimizar todo este indissociável, monumental e intocável estado de coisas a nos acompanhar silenciosamente, uma vez que, aprender a nos valer desta verdadeira usina energética faria com que o humano saltasse da inércia da confiança grupal para a ação da força individual unificada. Era preciso não somente perceber, mas considerar o uso desta assimilação e ultrapassar de uma vez por todas a simples camada individualista, da digladiante ou beligerante e degradante barreira do competir, ou seja, ir além do hoje limitado uso em benefício próprio ou de grupos sectários – para a verdadeira cooperação “univérsica”.



Deveríamos iniciar admitindo, assumindo e promulgando algumas novas leis universais dissociadas de doutrinas e calcadas em vontades históricas e percepções que vem aflorando por séculos no gênero humano em indivíduos dos mais variados matizes, em formas de arte; espiritualmente intelectualizados, através das mais diversas e criativas formas de registros e anotações.




E sobre a pg.272 – Com vontade própria e ingovernável - Primeiro a obrigatória necessidade de leis sociais e então o medo causado por tanta barbaridade a manter o primeiro ponto nos trouxeram de encruzilhada a encruzilhada a amadoras ou prematuras tomadas de ações. Intempestivas frente a necessidades ou garantias obrigadas ao extremismo do momento; destas pequenas derrotas ou não, desembocamos no intrigante estado vigente. A necessidade daí nascida; faz com que os sistemas, os padrões, sejam blindados de tal forma: algo muitíssimo bem intrincado para a não violação salvadora* que se transformou em uma via de mão única. Não há retorno, (obrigados) ou se admite, (engole) aceita o corporativismo exclusivo político econômico vigente instaurado ou ele mesmo ameaça intrinsicamente com o colapso total; é como está que precisa continuar, ou nada. Não há uma saída fácil, mesmo que minimamente falando; simplesmente porque não (“é permitido”, a estrutura organizada superou o humano ) há saída.






*destruindo o atual em detrimento a uma pretensa fórmula mágica





Pg.324 - O que “pensa” um robô quando percebe as limitações de quem o está construindo - que somente não é ainda por conta disso? Estará ele limitado ao seu criador, ou seja, seria ele ainda superior se suas mentes fossem realmente insuperáveis; e se fossem elas os criariam?




Pg.322 – Iremos viver mais e nos tornarmos menos capacitados, ou seja, com que precocidade o planeta acumulará volumes cada vez maiores de seres supérfluos, ainda em plena capacidade física? Como o estado nada proativo resolverá a equação da manutenção desse obsceno contingente improdutivo?





Pg.332 – Quem sabe com algoritmos que de uma vez por todas nivele consciente/artificialmente a nós próprios por nos conhecerem muito além de nós mesmos, e diante de inteligências artificiais inimaginavelmente superiores, criadas muito além da sua imagem e semelhança; possa o homem finalmente se recolher a inegável insignificância que, proibida e intocável, não pode negar lhe ter sido impressa originalmente e arduamente trabalhada para que assim (continue) permaneça.





Pg.333 - Longo caminho – Iremos ainda, muitos de nós, para a invenção de outra prisão; de impensáveis e necessários novos algoritmos a nos afundar no universo artificial tecnoeletrônico, (tecnoeletronicizado) antes de nos entendermos “presos” as linhas do invisível, então que regem conformando necessidades reais “possíveis”, que escapam a “nossa” razão ou lógica relapsa, ou defeituosa, ou cerceada, ou preguiçosa, ou conveniente, ou...



Pg.378 - O poder que não dá sossego – Se bem observado, o poder invariavelmente transmite uma ideia falsa de poder ainda que internamente isso não seja percebido antes da vontade de possuí-lo. Todo poder se sustenta, esta é a lei, em uma pirâmide de poderes de menor importância, ainda que essenciais à manutenção arranjada, ou seja, não há, nunca, a sustentação por si, isso significa que não há sossego, portanto, manter o poder comum exige dinamismos exaustivos e constantes atualizações, afinal, não raro existem ameaças que fogem ao controle, mesmo os mais policialescos.




Pg.398 - Das dificuldades ainda não percebidas (Em seu tempo?) – Paradoxalmente podemos entender que, por conta de um mundo padronizado: as dificuldades pelas quais lamentamos são ainda inferiores aquelas não dado conta por nem se imaginar previsíveis. Uma ou outra; mínima ou intimidadora, aqui e ali são pinceladas por autores visionários como o Yuval, ou romanceada por ficcionistas, por exemplo. No entanto estamos tão arrolados às perceptíveis que não é possível prever mesmo a mais assustadora delas.







Da série; das dificuldades que compete a nós – criar e sanar -, no entanto, ainda não percebidas.






Ou

Em seu tempo? – As dificuldades pelas quais nos ocupamos são inferiores ainda aquelas não captadas nos obsoletos radares humanos; novidade alguma aqui, esta é uma situação recorrente à espécie – não temos tempo a dedicar a prevenção. Quando menos se espera percebe-se que a metástase está instalada sem que nem ao menos nos déssemos conta por, obviamente, nem sequer imaginarmos sua existência (embora estivesse camuflada sob nossos narizes como uma superbactéria que não é detectada sob pretextos mais negados que desconhecidos), algo, mínimo, sempre é pincelado; como prova, temos este historiador, Yuval, precoce em observações, - precocidade invalidada por sua natureza extemporânea - muito além do entendimento comum. E a partir de que estado patológico servirão suas observações, afinal, quando estes visionários aparecem, de qualquer modo, estamos tão arrolados as perceptíveis que não é possível notar ou pressentir o que temos a frente.




Sobre a afirmação do autor de que “a morte é um problema técnico” e que “o açúcar é mais letal que o terrorismo”; podemos afirmar que: mais vitimas faz a Coca-Cola que o terrorismo?




Lendo Yuval é fácil concluir que o terrorismo não tem as mesmas necessidades da Coca-Cola no entanto, com seu veneno doce, está em todos os cantos do mundo e que, sob essa sórdida filosofia, tudo o mais que é pernicioso desde que viável ao aquecimento econômico é inadvertidamente infiltrado sob as mais diversas nuances na sociedade, vendido ao homem e imposto ao planeta.










Trechos



“Ondas maciças de fome ainda atingem algumas regiões de tempos em tempos, mas são exceções, quase sempre provocadas por políticas humanas e não por catástrofes naturais. Não ocorrem mais surtos de fome por causas naturais; há apenas fomes políticas. Se pessoas na Síria, no Sudão ou na Somália morrem de fome, é porque alguns políticos querem que elas morras.” p.14




“Não é preciso esperar pela volta de Cristo a Terra para superar a morte. Alguns nerds num laboratório podem fazer isso. Se a morte era tradicionalmente a especialidade de sacerdotes e teólogos, hoje são os engenheiros que estão assumindo o caso."




Sem ciência - “A consciência é o subproduto biologicamente inútil de certos processos cerebrais. Motores a jato roncam ruidosamente, mas o ruído não impele a aeronave para a frente. Humanos não precisam de dióxido de carbono, contudo toda expiração enche o ar ainda mais com esse composto. Da mesma forma, a consciência pode ser uma espécie de poluição mental produzida pelo disparo de redes neurais complexas. Ela não faz nada. Apenas está lá. Se for verdade, isso implica que toda dor e todo prazer experimentado por bilhões de criaturas durante milhões de anos são apenas poluição mental. Essa é uma ideia na qual vale a pena pensar, mesmo que não seja verdade. Mas é bem surpreendente constatar que, em 2016, trata-se da melhor teoria relativa à consciência que a ciência contemporânea tem a nos oferecer.” – p.124








Muitos povos ancestrais, a sua maneira, afirmavam que relâmpagos, trovoadas ou eclipses ocorriam por conta direta de seus deuses, os antigos acreditavam que na ciência há resposta para tudo, hoje, o orgulho dos especialistas, a empáfia do universo científico é tão exacerbada que eles simplesmente não admitem que algumas situações pudessem ter relevância, apostando inclusive no prematuro descarte – no desvendar ou elucidar - devido a não necessidade de manter o que “ainda” não pode ser explicado, ao invés de admitirem o quão ínfimo é nossa sabedoria ou descabida a nossa falta de abertura para aceitar que respostas e soluções possam ser aventadas, ventiladas, sopradas, ditadas por conta de seres de planos superiores talvez até, mensageiros do próprio Deus – ou, que alguns mistérios devem assim permanecer.








Agradecido por não ter nascido cientista





*HOMO DEUS
Livro do autor de Sapiens,
Yuval Noah Harari
Companhia das Letras
















Contribuição da
Minha Sempre Bem Amada








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