sábado, 20 de outubro de 2018

Estudo sobre verdade



Heidegger falando sobre verdade aponta uma das observações de Aristóteles sobre o assunto onde o velho erudito assevera que no princípio os filósofos que o antecederam, em suas representações: foram conduzidos pelas “coisas elas mesmas”. Particularmente não me sinto confortável, não sou um aficionado por textos sobre a verdade em si, mas, a partir daí, me senti balançado nesse sentido a escrever alguma coisa sobre o tema. Principalmente pelo fato de que, particularmente, devidamente analisado, parece que assim continuam.

A verdade segue sendo representada pelas “coisas elas mesmas”; o homem não conseguiu mudar isso. Ele apenas tentou. Alguns poucos filósofos conseguiram, mas na bifurcação natural entre trabalhos e a socialização: na busca; no continuar perseguindo essa verdade ele se perdeu na vontade baixa, na vontade promíscua do homem pelo homem e o que temos – em essência - são as coisas se representando por elas mesmas sob aspectos dos mais variados. Ela continua incólume, intocada, virgem, e isso por si corrobora nossa pequenez; pois é correto afirmar que o homem distanciou-se de sua veia ousada em detrimento ao orgulho que o apequenou e daí coleciona uma cascata de resultados desastrosos dos quais podemos enumerar o abandono da persistência em manter-se atento as vontades e necessidades essenciais mais sagradas, a retidão em defesa de valores inegociáveis: por ter se limitado em si e não investigar com a devida disciplina o que há de verdade sobre a verdade. Nessa linha de raciocínio o que nós podemos falar sobre a verdade!?!


Tomemos como exemplo o ramo das leis, o advogar. Lados oposto argumentam em arenas tidas como imparciais conceitos diversos e negociáveis de verdade; o que não cabe aqui na argumentação maior. Insisto; apenas como exemplo.

Leis próprias deste estado de coisas onde a verdade de cada um é bastante bem representada. E a melhor argumentação possivelmente será confirmada vencedora, e onde sabemos, nem sempre o é. Mas em resumo, advogar conflitos ou a sobrevivência ordinária se resume em parcas negociatas nos infindáveis tribunais do cotidiano de cada um quando a questão, em essência é: esta é a única forma? Um recorrente arrastar-se entre perdas e ganhos diários? Onde seus finais se resumem em profissionalismos argumentativos, espertezas, jogos, necessidades, desconhecimento? Onde interesses de toda ordem se sobrepõem a verdade propriamente dita!

Somos partidários à defesa de uma verdade que vai além do interesse comum, isto é, de todas as verdades regradas conhecidas, indevidamente escrutinizadas - estas deveriam tão somente existir dentro da razoabilidade para o azeitamento das convivências e evoluções sociais. Não seria nova, mas, inusual. Não muito diferente, mais; esquecida. Infelizmente ainda peculiar. Essencial ao ponto de exigir nossa mais cara atenção, uma vez que deveríamos nos debruçar com ênfase arraigada por conta de sua força e valor, que é a desconhecida e ultrajada Verdade dos Sentidos. Era preciso que definitivamente entendêssemos que esta certeza existe e é pulsante em cada indivíduo, porém, até aqui, negligenciada.

Precisamos considerar a existência da verdade em dois aspectos, voltando à ideia do advogar. Existe a nossa verdade, a construída, social epistemológica, empírica, ampla, porém em situações diversas: arranjada e outorgada; validada tão somente nos parâmetros hermeticamente humanos. Baseada nas necessidades, tendências e oportunidades. Contanto existe também a verdade que insistimos em não assumir. Desacreditada por conta da insânia, da fraqueza social, e justamente ou em virtude das certezas implantadas, não queremos acreditar ou creditá-la: que é a verdade do sentido, do sentimento. Verdade daquele que busca e acaba sendo inspirado por uma Verdade Univérsica – uma verdade comum ao universo ainda intocada; e também fácil – e o mais importante; pessoal. Isto é, nada precisa ser buscado ou afirmado fora de si mesmo. Basta exercitar a crença em nossos sentidos; porém que, por pura fraqueza individual, ou pela luta vexatória de cada um ao deparar-se ao muro que encontra na sociedade ele - esse homem de sentidos - acaba sendo derrotado ou abandona essa força de verdade, desacreditada e aparentemente atrofiada, que cada um possui e que, uma vez trabalhada desde o que consideramos, do tempo de Aristóteles, com certeza não estaria sendo conduzido indiscriminadamente por verdades dispersas, antagônicas, viciadas, pioradas, fraudulentas; muito ainda influenciado e pouco além das “coisas elas mesmas”. Daí, suplantando-as e rechaçando os caminhos de inventar verdades convenientes às gerações que justamente o extraviou da vontade em si em detrimento à particular vaidosamente adulterada.


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