sábado, 13 de julho de 2019

Responsabilidade em meio ao amadorismo


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A primeira questão colocada observando o comprometimento, a consciência e a sensatez com o que entendemos sobre nossas obrigações, aborda um tomo paradoxal com respeito ao aumento da responsabilidade do indivíduo diligente em meio a um ambiente cujos associados, a cada dia mais, agem evidenciando quão irresponsável tornaram o comportar-se como um todo.


À medida que a evolução traz comodismos, inexoravelmente, nossas responsabilidades são exigidas e elevadas a outros graus de atenção, obrigatórios na equalização do senso crítico comum; mas, contrariamente a esta realidade o que se vê é o descaso trivializado por conta de ferramentas, artifícios e afrouxamento na educação didática e, principalmente, onde a ausência de comprometimento causa mais estragos: nas práticas familiares; por ser aí que se principia a vinculação com esta cultura.


Volume = barato; no entanto... - Os comodismos que obrigatoriamente avançam em maior proporção que a conscientização ou a contextualização somados portanto as gestões arvoradamente amadoras têm construído ambientes propício à delinquência da idoneidade garantindo e consequentemente aumentando exponencialmente grupos, associações e maltas de maus intencionados que, com o salvo conduto da desorganização, controles falhos, burocracias (inoperantes), a utilização do expediente “massa de manobra”: atores baratos que, pensando misturar-se ao jogo – espúrio -, acintosamente se deixam comprar; contribuem a, a partir deste quadro, se deitar sobre as mais inauditas zonas de conforto e, nestes palcos provisórios, o conformismo encontra terra fértil para relaxar sobre vontades tão abastadas quanto veladas; tornados agora, membros de um organismo que baldado, subjetivamente objetiva; sob regras absurdas do funcionar puro e simples, por meio de pessoas/ferramentas que ao não pensar apenas atuam sem ser atuantes; só executam.


Infiéis também aos seus - Apontado nestes termos é possível entender porque a engenhosidade da classe dominante trabalha com um coeficiente de cagaço elástico, - superestimado por conta de uma infidelidade mútua; rescaldo, rebarba, uma espécie de escória não reciclável do negócio - prevendo, justamente, a falibilidade de suas ferramentas orgânicas. Ao menos no nosso entorno sócio/político os donos do mercado entendem que não é possível exigir mais comprometimento da massa humana que aí está; então são eles obrigados a tomar medidas para que o descompromisso das classes não venha colapsar a corporação – o sistema por eles planejado.


Se o movimento das galeras é trabalhado para uma mecânica obtusa cabe aos engenheiros encontrar soluções elásticas, porém cercando, delimitando o senso inapropriado das ferramentas orgânicas que se movimentam aleatoriamente sob vontades; as mais inexplicáveis. No entanto cabe aqui a pergunta “como?”; se a final a própria engenhosidade se deteriorou ao ser também infectada por uma espécie de osmose atávica com o vírus do amadorismo.


E é ai, solitário, esquecido, fadigado, sempre calado, mas consciente do seu comprometimento – no entanto devidamente lesado por suas necessidades prementes -, que entra o burro-de-carga e escasso agente responsável; por sê-lo, este não consegue circular alheio ao amadorismo generalizado que assiste e então sua responsabilidade torna-se um fardo por seu tino de obrigatoriedade e prática do bom companheirismo cobrar-lhe atitudes que suplantam suas cotas de afazeres.


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Defesa - ...não caberá prescrições de pena, afinal, pode ser considerado responsável de mesmo peso aquele que se mantém obrigado, alheio a irresponsabilidade alheia, pois, ético, obriga-se com o todo que orbita e a carga de culpabilidade com respeito as falibilidades naturais ao construto da obra é portanto passível de atenuantes por conta de abnegados esforços uma vez que persistiu junto aos demais prevendo o que nenhum deles fora capaz, principalmente se observarmos que sempre o mantiveram “amordaçado”?




Homenagem a Hans Jonas
























“(...) o modo peculiar da transitoriedade de toda a vida é que faz dela unicamente um objeto próprio do cuidado”.

Hans Jonas





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