sábado, 19 de abril de 2025

Visão holística

 





“Grandes Forças Evolutivas do Universo”





“Nossa vida deve se mover em direção às mesmas

das Grandes Forças Evolutivas do Universo”

 











Uma das principais fontes de sofrimento humano é não compreender algo essencial. Por desconhecimento, acabamos tornando o que é fugaz, o que é secundário, como um propósito maior, e quando o desespero bate à porta, falta-nos o preparo adequando para lidarmos com o problema; e por quê? Porque até então estivemos voltados ao que é periférico ao existir real.



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A primeira vez que ouvi falar sobre holística foi na SBEE — Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, em Curitiba, nos trabalhos de psicopictografia. Com não mais de 25 anos; gostei da palavra, porém entendi muito limitadamente o seu significado. A uso com certa frequência em meus textos, mas com cuidado em conversas, pois geralmente tenho que dar explicações sobre ela, portanto escolho as palavras; pois saber da minha dificuldade em articular e falar compassadamente atrapalha ainda mais; afora o entendimento de pertencer a classe autodidata, diametralmente oposta à dos filólogos.










Esta semana a encontrei novamente em uma matéria da Revista Sophia. Contagiado com a ideia do autor —  Radha Burnier —, resolvi fazer um exercício de escrita misturando os assuntos. Tenho sido negligente com esse meu exercício dominical, porém é por uma boa causa. Estou trabalhando uma matéria, quase um estudo, sobre um amigo que quer se livrar da doença do alcoolismo, e junto, parar de fumar, se valendo de meios pouco ortodoxos, daí entendi por bem registrá-lo. Infelizmente surgiu, ou foi evidenciado um outro problema bastante sério e que é recorrente na saúde pública: uma espécie de fobia — hoje estão usando a expressão síndrome de tal e tal coisa —; que ele sempre sentiu e que se acentuou com a abstinência, aumentando em muito a minha aplicação, principalmente de digitação; acontece que o trabalho, inegavelmente, se mostrará ainda mais rico em detalhes, me obrigando ao esforço.










Falando friamente; defino holística como “abrangência”. Poderia considera-la também como a visão periférica do estudioso, lembro aqui do olho do camaleão, embora não tenha, no Reino Animal, a melhor visão, é claro que essa é uma explicação rasa, sem falar que particularmente considero essa matéria sob vieses que abarcam um longo caminho das minhas pesquisas pessoais, portanto, no bojo da expressão, há muito mais do que uma mera descrição didática.










A holística, como um conceito prático à evolução do homem, não é bem vista em muitas, se não, em todas os grupos sociais contrários às buscas abertas, inclusivas, fora dos ritos pré-estabelecidos. Afinal eles focam o tolhimento, o fechado, portanto: a obtusidade do homem centrado em seus dogmas e convenções; já o ser holístico busca a expansão, a descoberta; é ousado dentro de certa razoabilidade crítica, no entanto prudente às ações que envolvem todos os membros da coletividade, respeitando-os com muito mais propriedades que os próprios que pouco se dão ao respeito; e aqui entra o mote desse exercício e o que fez com que viesse a destilar entendimentos próprios sobre as diferenças entre o homem obtuso e o homem holístico.










Como colocado: o indivíduo privado não respeita nem mesmo a si próprio, já o indivíduo que pensa e se detém sobre as ocorrências; sobre o porquê das ações e o princípio das coisas; tem respeito suficiente para interagir com todos aqueles que são encaixados em seu caminho, pois esse, uma vez que estudou, sabe que a vida vai muito além do simples coexistir, entende que há mais; tanto mais que a sábia expressão: “há muito mais coisas entre o céu e a terra do que supõe sua vã filosofia”, que não aponta nada muito maior que uma cutícula do que realmente há além da nossa percepção, e ainda agora, essa afirmação superlativa, não passa também de uma cutícula frente aos meta-versos e a infinitude.










Por que essa megalomania da minha parte? Digo que não é ser megalômano acreditar que o “há mais” é indizível, inominável, inumerável, e sim declarar que me descobri ciente apenas dessa verdade, e isso é o mesmo que um adolescente com média “A+” saber sobre o papel da ciência, enquanto a maioria dos demais com notas “C’s” pouco compreendem sobre as aplicações da matéria, ou seja; isso não faz do aluno que se destaca, um cientista.










Porém o que estudantes de média “A+” fazem? Estudam, se formam em boas faculdades e em geral, terão ótimas carreiras e serão aclamados e até deixarão seus nomes em ruas e bustos nas praças das cidades; e o que tem isso a ver com a visão macro? Respondemos que na maioria esmagadora das vezes, eles estarão confinados — e até mesmo privados — às suas escolhas profissionais. O que é ótimo quando observado sob a visão macro da infinitude da alma, porém o assunto que me trouxe até aqui busca jogar luz sobre o que é essencial X o que é secundário (é essencial o profissionalismo sério, porém ele é louvável quando tange do mero didatismo comercial/profissional rompendo essas barreiras e fazendo com que, seu privilegiado aprendizado trace conjuntamente um caminho paralelo altruísta: onde temos então, o essencial.)










A matéria de Burnier, chama a atenção para nosso comportamento em relação aos outros. Somos refratários, nossa tendência social é refratária, relutante, isto é, somos gratuitamente seletivos. Vou colocar de forma amena — com os costumeiros vieses subliminares: talvez, devido ao nosso instinto natural de sobrevivência: ao primeiro encontro casual, agimos como que, armados, contra uma pessoa ou um grupo delas e, à medida que os encontros evoluem, abandonamos esse sentimento e iniciamos considerações baseados em parâmetros próprios ou sociais, sem os cuidados holísticos que a as avaliações requerem, isto é, até onde entendemos ser prematuro julgar as pessoas sem levar em conta tanto as nossas quanto as limitações terceiras e a carga de vida que cada um de nós carrega em um bojo incomensurável; importado de outras vidas, ou seja, quando nos permitimos ficar no que é secundário (obtuso) abandonamos o que é essencial (holístico).



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Nossa tentativa maior aqui, com esta construção de palavras: é alinhavar ideias prontas a eventuais possibilidades; desconstruindo um ou outro mundo particular inventado, acolhido e aceito por osmose; com o intuito maior de ampliar o número de indivíduos que se interessem por pesquisas e buscas que o levem ao autoconhecimento despertando para uma, obrigatória, final e definitiva, tomada de posse da consciência crítica individual dormente em cada um, onde juntos, uma vez ciente do processo maior de existir e abandonando de uma vez por todas o egoísmo; ao compreender que a única saída para uma vida plena: é nos sensibilizando sobre o dom do auxílio ao próximo, que hiberna em cada um nós.

    







 




“Nossa vida deve se mover em direção às mesmas das

Grandes Forças Evolutivas do Universo”

 







Revista Sophia Nº 114

Matéria: A realização da Harmonia Interior

Por: Radha Burnier











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