“Grandes Forças Evolutivas do Universo”
“Nossa
vida deve se mover em direção às mesmas
das
Grandes Forças Evolutivas do Universo”
Uma das principais fontes de sofrimento humano é não
compreender algo essencial. Por desconhecimento, acabamos tornando o que é
fugaz, o que é secundário, como um propósito maior, e quando o desespero bate à
porta, falta-nos o preparo adequando para lidarmos com o problema; e por quê?
Porque até então estivemos voltados ao que é periférico ao existir real.
*
A primeira vez que ouvi falar sobre holística foi na SBEE
— Sociedade Brasileira de Estudos Espíritas, em Curitiba, nos trabalhos de
psicopictografia. Com não mais de 25 anos; gostei da palavra, porém entendi
muito limitadamente o seu significado. A uso com certa frequência em meus
textos, mas com cuidado em conversas, pois geralmente tenho que dar explicações
sobre ela, portanto escolho as palavras; pois saber da minha dificuldade em articular
e falar compassadamente atrapalha ainda mais; afora o entendimento de pertencer
a classe autodidata, diametralmente oposta à dos filólogos.
Esta semana a encontrei novamente em uma matéria da Revista
Sophia. Contagiado com a ideia do autor — Radha Burnier —, resolvi fazer um exercício de
escrita misturando os assuntos. Tenho sido negligente com esse meu exercício
dominical, porém é por uma boa causa. Estou trabalhando uma matéria, quase um
estudo, sobre um amigo que quer se livrar da doença do alcoolismo, e junto,
parar de fumar, se valendo de meios pouco ortodoxos, daí entendi por bem
registrá-lo. Infelizmente surgiu, ou foi evidenciado um outro problema bastante
sério e que é recorrente na saúde pública: uma espécie de fobia — hoje estão
usando a expressão síndrome de tal e tal coisa —; que ele sempre sentiu e que
se acentuou com a abstinência, aumentando em muito a minha aplicação,
principalmente de digitação; acontece que o trabalho, inegavelmente, se mostrará
ainda mais rico em detalhes, me obrigando ao esforço.
Falando friamente; defino holística como “abrangência”.
Poderia considera-la também como a visão periférica do estudioso, lembro aqui
do olho do camaleão, embora não tenha, no Reino Animal, a melhor visão, é claro
que essa é uma explicação rasa, sem falar que particularmente considero essa
matéria sob vieses que abarcam um longo caminho das minhas pesquisas pessoais,
portanto, no bojo da expressão, há muito mais do que uma mera descrição
didática.
A holística, como um conceito prático à evolução do
homem, não é bem vista em muitas, se não, em todas os grupos sociais contrários
às buscas abertas, inclusivas, fora dos ritos pré-estabelecidos. Afinal eles
focam o tolhimento, o fechado, portanto: a obtusidade do homem centrado em seus
dogmas e convenções; já o ser holístico busca a expansão, a descoberta; é
ousado dentro de certa razoabilidade crítica, no entanto prudente às ações que
envolvem todos os membros da coletividade, respeitando-os com muito mais
propriedades que os próprios que pouco se dão ao respeito; e aqui entra o mote
desse exercício e o que fez com que viesse a destilar entendimentos próprios sobre
as diferenças entre o homem obtuso e o homem holístico.
Como colocado: o indivíduo privado não respeita nem mesmo
a si próprio, já o indivíduo que pensa e se detém sobre as ocorrências; sobre o
porquê das ações e o princípio das coisas; tem respeito suficiente para
interagir com todos aqueles que são encaixados em seu caminho, pois esse, uma
vez que estudou, sabe que a vida vai muito além do simples coexistir, entende
que há mais; tanto mais que a sábia expressão: “há muito mais coisas entre o
céu e a terra do que supõe sua vã filosofia”, que não aponta nada muito maior
que uma cutícula do que realmente há além da nossa percepção, e ainda agora,
essa afirmação superlativa, não passa também de uma cutícula frente aos
meta-versos e a infinitude.
Por que essa megalomania da minha parte? Digo que não é
ser megalômano acreditar que o “há mais” é indizível, inominável, inumerável, e
sim declarar que me descobri ciente apenas dessa verdade, e isso é o mesmo que
um adolescente com média “A+” saber sobre o papel da ciência, enquanto a
maioria dos demais com notas “C’s” pouco compreendem sobre as aplicações da
matéria, ou seja; isso não faz do aluno que se destaca, um cientista.
Porém o que estudantes de média “A+” fazem? Estudam, se
formam em boas faculdades e em geral, terão ótimas carreiras e serão aclamados
e até deixarão seus nomes em ruas e bustos nas praças das cidades; e o que tem
isso a ver com a visão macro? Respondemos que na maioria esmagadora das vezes,
eles estarão confinados — e até mesmo privados — às suas escolhas
profissionais. O que é ótimo quando observado sob a visão macro da infinitude
da alma, porém o assunto que me trouxe até aqui busca jogar luz sobre o que é
essencial X o que é secundário (é essencial o profissionalismo sério, porém ele
é louvável quando tange do mero didatismo comercial/profissional rompendo essas
barreiras e fazendo com que, seu privilegiado aprendizado trace conjuntamente um
caminho paralelo altruísta: onde temos então, o essencial.)
A matéria de Burnier, chama a atenção para nosso
comportamento em relação aos outros. Somos refratários, nossa tendência social
é refratária, relutante, isto é, somos gratuitamente seletivos. Vou colocar de
forma amena — com os costumeiros vieses subliminares: talvez, devido ao nosso
instinto natural de sobrevivência: ao primeiro encontro casual, agimos como
que, armados, contra uma pessoa ou um grupo delas e, à medida que os encontros
evoluem, abandonamos esse sentimento e iniciamos considerações baseados em
parâmetros próprios ou sociais, sem os cuidados holísticos que a as avaliações
requerem, isto é, até onde entendemos ser prematuro julgar as pessoas sem levar
em conta tanto as nossas quanto as limitações terceiras e a carga de vida que
cada um de nós carrega em um bojo incomensurável; importado de outras vidas, ou
seja, quando nos permitimos ficar no que é secundário (obtuso) abandonamos o
que é essencial (holístico).
*
Nossa tentativa maior aqui, com esta construção de palavras: é alinhavar ideias prontas a eventuais possibilidades; desconstruindo um ou outro mundo particular inventado, acolhido e aceito por osmose; com o intuito maior de ampliar o número de indivíduos que se interessem por pesquisas e buscas que o levem ao autoconhecimento despertando para uma, obrigatória, final e definitiva, tomada de posse da consciência crítica individual dormente em cada um, onde juntos, uma vez ciente do processo maior de existir e abandonando de uma vez por todas o egoísmo; ao compreender que a única saída para uma vida plena: é nos sensibilizando sobre o dom do auxílio ao próximo, que hiberna em cada um nós.
“Nossa
vida deve se mover em direção às mesmas das
Grandes
Forças Evolutivas do Universo”
Revista Sophia Nº 114
Matéria: A realização
da Harmonia Interior
Por: Radha Burnier
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