quinta-feira, 1 de maio de 2025

Tempos muito após

 











O filósofo aponta caminhos; se, dono de bom senso e lucidez; aberto e amplo, melhor. Ilustrado; não é dogmático e muito menos sectário. Jamais partidário, embora sínico, é certo que nunca carrega bandeiras; no máximo defende um que outro de opinião mais acertada, mas, pontualmente, não se furta a abandoná-lo se esse, em algum tempo/grau se mostre dono de verdades fáceis. E aqui — inserido de todo o pluralismo e perspectivismo —, está a resposta de o pôr que as direções apontadas não podem ser aplicadas se não em um tempo muito após o ocaso deste.








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Nós, eruditos

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“Mas os autênticos filósofos são comandantes e legisladores: eles dizem ‘assim deve ser!’ eles determinam o para onde? e para quê? do ser humano, e nisso tem a seu dispor o trabalho prévio de todos os trabalhadores filosóficos, de todos os subjugadores do passado — estendem a mão criadora para o futuro, e tudo o que é e foi torna-se para eles um meio, um instrumento, um martelo. Seu “conhecer” é criar e legislar, sua vontade de verdade é — vontade de poder —. Existem hoje tais filósofos? Já existiram tais filósofos? Não têm que existir tais filósofos?...






Nietzsche em, Além do Bem e do Mal
Prelúdio a uma filosofia do futuro.

Nós, os eruditos/212 – 118p

Editora Companhia das Letras.

 











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