“Fui ao
templo cumprir minha obrigação.” Ouço isso de devotos diversos, há décadas.
Pode parecer
estranho, e talvez não usual para uma série de céticos sob a revelia de vontade
própria ou de um pesquisar detido, analisar os ritos tidos como sagrados sob a
lente dos princípios de que a morte é apenas uma passagem, escorado no arbítrio
de que os sofrimentos da fidelidade às obrigações
religiosas tornadas quase prisão — por falta de compreensão — que daí pregam a
virtude e a sublimação a partir dessas aflições; destarte, é perfeitamente
original observar esse imbróglio como se tratando de um calvário na Terra, não
apenas de pagãos desafortunados de outras eras, como também de legiões de
desalmados religiosos e fundamentalistas de toda ordem.
Filtradas as
devidas proporções, nunca é demais relembrar: que a contrapartida dos
compromissos é a não liberdade; porém o que sempre nos foge a compreensão é
porque entramos em um redemoinho de disposições sem nos darmos conta da
premissa de toda responsabilidade assumida.
Pagar o preço
imposto pelos ritos religiosos em si, com devoção ou como disciplina para
alguns poucos, enquanto é considerado uma espécie de ônus ou mesmo tortura para
uma série de outros neste vale terreno, apontando que, como se age com certo
contentamento desprendido, é muito provável que, paulatinamente, as velhas
faltas, em algum grau, estão sendo expiadas — até porque existem muitos afeitos
ao sacerdócio que praticam as usuras
fidelitas no mais alto grau; e isso por si só confere ao devoto uma carga
extra de redenção.
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