sábado, 8 de novembro de 2025

Transição

 









“Fui ao templo cumprir minha obrigação.” Ouço isso de devotos diversos, há décadas.

Pode parecer estranho, e talvez não usual para uma série de céticos sob a revelia de vontade própria ou de um pesquisar detido, analisar os ritos tidos como sagrados sob a lente dos princípios de que a morte é apenas uma passagem, escorado no arbítrio de que os sofrimentos da fidelidade às obrigações religiosas tornadas quase prisão — por falta de compreensão — que daí pregam a virtude e a sublimação a partir dessas aflições; destarte, é perfeitamente original observar esse imbróglio como se tratando de um calvário na Terra, não apenas de pagãos desafortunados de outras eras, como também de legiões de desalmados religiosos e fundamentalistas de toda ordem.










Filtradas as devidas proporções, nunca é demais relembrar: que a contrapartida dos compromissos é a não liberdade; porém o que sempre nos foge a compreensão é porque entramos em um redemoinho de disposições sem nos darmos conta da premissa de toda responsabilidade assumida.










Pagar o preço imposto pelos ritos religiosos em si, com devoção ou como disciplina para alguns poucos, enquanto é considerado uma espécie de ônus ou mesmo tortura para uma série de outros neste vale terreno, apontando que, como se age com certo contentamento desprendido, é muito provável que, paulatinamente, as velhas faltas, em algum grau, estão sendo expiadas — até porque existem muitos afeitos ao sacerdócio que praticam as usuras fidelitas no mais alto grau; e isso por si só confere ao devoto uma carga extra de redenção.










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