sexta-feira, 29 de maio de 2009

Ônus da traição III






O pobre diabo que não encontra mais prazer ao chegar em casa e apreciar uma mulher que nem de longe se parece com aquela que o iludiu fazendo-se passar por uma princesa, característica esta vista geralmente, aqui para nós, como a única beleza; o ponto mais alto que poderia ser alcançado se levar em consideração apenas o seu gosto, - nem sempre é assim, geralmente entra a vontade e as manhas sinistras do sexo feminino na decisão, sem contar uma infinidades de outros que não vem ao caso e muito menos tem a ver com os dotes generosos que tanto os apetece nas outras. Enganado por si próprio, muito mais do que pelas vielas tristes ensinadas no berço para que ela arranje rápido um bom partido; joga-se, - muitas vezes muito antes que ela, sim; porque ela o vê na mesma proporção – nos braços de outra infeliz que não conseguiu ainda nas dezenas de tentativas anteriores; enlaçar alguém melhor, que ainda não tenha um histórico de mazelas sem sentido, de um matrimônio mal arranjado – tudo é ainda muito mais complexo que isso, mas vamos lá. Se nossos personagens ainda carregam um pouco do que é considerado brio, sentirão vergonha do ato, tão pecaminoso quanto mais maravilhoso foi, e como se não bastasse o preço de uma mente perturbada, lhe custará muito caro, pois não apenas despenderá de um montante de economias que nem de longe apagará as escapadas que não passam de uma dose de droga de efeito fugas, como, não raro, para amainar sua consciência cobradora, aumentará seu gasto com a enganada oficial, porque no intuito de amenizar o estrago, gasta em casa, geralmente em forma de regalos inúteis, com objetos, no mais das vezes supérfluos, que jamais o imóvel ou a mulher veriam se não tivesse o marido gasto os tubos com a amante.


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