sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sobras de uma guerra particular II


Da janela do trem, sentados, assistimos ao desfilar das telas que se intercalam alheias.
Parecendo também isentos, apreciamos a paisagem, despertando todas as sensações que dão prazer ao nosso sentido principal; de posse de um sorriso gratuito, e inebriados pelo sentimento tão fugaz quanto mentiroso da segurança, não percebemos que o dono da locomotiva aproveita o período de armistício para a única coisa que a seu ver vale à pena: armar-se.
Mais tarde então, os comandantes oportunistas, aproveitando-se do torpor provocado por tamanha cegueira, não verão mal algum em utilizar os mesmos trens para novos fins, transformando a vida de alguns passageiros; dando-lhes novos sentidos valendo-se de velhos motivos.
Tornaremos assim às faces enfarruscadas, que antecede as de espanto e dor. Talvez uma resposta dura demais como resultado por um estado, onde permanecemos ausente por demasiado tempo.
Muitos; nem mesmo muito tarde, verão razão.
Só aquele que sabe entende.
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