domingo, 13 de junho de 2010

Retroceder ou avançar?


       Qual a questão mais interessante: O velho como parâmetro útil ao evoluir? Um guia? Ou como uma barreira incômoda; um alvo a ser atacado dando continuidade a uma evolução que visivelmente sofre de uma paralisia patológica?

Já há alguns anos, venho me questionando sobre o meu ponto de partida, a minha base filosófica. Se alguém resolvesse me observar; observar o meu ponto de vista, os meus interesses, qual seria o ponto principal a ser levantado, o ponto digno de estudo e com base suficiente para ser levado a sério. Já existirá alguma observação minha, em meio a milhares de palavras registradas, e a este turbilhão de pensar que jamais cessa que possa ser acatado como um pensar lúcido, firme e meu; ou serei eu apenas mais um subproduto do analisado, não sobrando, ou sobrando muito pouco que valha a penas ser debatido?

Não quero a análise, o debate puro e simples. Este, volúvel, que quando se apresenta em qualquer roda onde estejam reunidos seres com uma consciência minimamente superior a média humana não requer força alguma para vingar. Penso que qualquer pleito não vale. Uma hora terão que ser esgotados os debates vãos, ou pelo menos, me vejo em um ponto onde estes já não mais associam questões de cunho evolutivo. O debate, as questões meramente circulares e não aspirais; não mais me interessam.

Chegamos a uma conclusão? Não.

Em verdade acredito que jamais chegarei. Primeiro porque não tenho paciência para isto, segundo, quando encontro um ponto não o anoto, porque entendo meu desenvolver como um costurar idéias pinçadas, imaginando que este aglutinar, quando bem intencionado e ainda superior em base, e firme em um propósito sensato, embora pareça simples; possui força e caráter suficiente para concretizar idéias advindas de um pensar lúcido.

Por outro lado, é muito; extremamente difícil para um ser que acredita ser este plano, uma placenta geradora de confusão, uma placenta laboratório, uma placenta de expiações, uma placenta terminal, no sentido de que aqui não é um fim e sim, que aqui nascemos com o fim de evoluir e não mais retornar; encontrar uma ideia fechada sem que esta não esteja ligada a essência, tenha o essencial como direção, único norte válido para uma passagem que preste.

Penso então que, se estamos aqui de passagem, muita informação, muito conhecimento, ou melhor, nem toda a informação, nem todo o conhecimento são importantes para todo mundo, porém entender isto, chegar ao ponto de saber discernir como lidar com isso, não é nada fácil, porque o processo todo a que estamos envolvidos ou nos diz o contrário, ou não permite que a maioria pense em desistir de alguns padrões que; ou fazem mais bem ao processo que a si mesmo ou mesmo porque se agirmos diferente do proposto pelo processo, estaremos correndo um sério risco de sermos excluídos do processo.

Não é minha intenção enumerar aqui, então, as conclusões as quais cheguei sobre o meu pensar, porque este nem é o ponto desta, apenas tem a ver com.

Cheguei a esta escrita após ler a revista “Conhecimento Prático Filosofia”, onde, em um artigo bastante interessante o Sr. Luis Eduardo Matta, coloca, traz a tona, toda esta comunicação social de sites de relacionamentos e afins, onde qualquer um coloca o que quer sem respeitar, ou até entendendo que quando se está defendendo uma opinião, e tem certeza do que se está falando, ou pelo que está brigando, mesmo que sem um mínimo de propriedade de causa, o indivíduo, muitas vezes anônimo, rasga o verbo de qualquer maneira.

Estas palavras são minhas, não copiei do Sr. Luis. Este foi bastante comedido e educado, diria até um “anormal”, com o perdão da palavra, se levar em conta a média do que é encontrado nas salas de bate papos ou fóruns da rede, que acaba, não raro, contaminando a escrita destes que se expõem ao comentar o assunto ou, no mínimo, mexendo com os humores destes, o que não foi o caso do autor citado.

Muito esclarecedor; este senhor, se vontade tivesse, poderia administrar um curso para internautas iniciantes, - com os veteranos mal criados pouco se pode fazer - a aprenderem a se comunicar na rede, e melhorar a média, não apenas do falar.

Continuando a leitura da revista, me deparei com o ponto onde acabaria por escrever o que estão lendo os senhores agora. Com o título: “Descartes Errou: Saiba por quê”, a Sra. Elizabeth Luft, comenta, principalmente, as opiniões do Escritor português António R. Damásio; o erro de Descartes.

Quero antes de tudo pedir de Coração e de Alma, desculpas ao Sr. René Descartes por trazer a tona estas palavras, por deixar registrado mais uma vez o nome deste livro.

Tenho convicções que não me perdoam por fazer isto, porém tenho a vontade enorme de expor o que agora entendo como necessidade, então, mesmo que não justifique, o que me resta é pedir desculpar ao Sr. Descartes por assim agir, ou provocar mais uma vez o retorno a este assunto.

Por outro lado espero que a idéia do Sr. António tenha sido apenas de levantar polêmica, muito embora muitos, assim como eu, hão de não perdoá-lo.

Ao comentar com a Minha Sempre Bem Amada o assunto; foi direta: “Pra quê?”

Por quê; de que adianta saber se Descartes estava certo ou errado? Ou no mínimo, qual a idéia de; ao editar um livro, frisar escrachadamente a palavra “erro”, associada a um dos maiores pensadores de todos os tempos?

Tudo é muito mais que isto, porém então, durante a leitura das anotações da Sra. Elizabeth, volto ao artigo do Sr. Luis fazendo uma analogia sobre a necessidade ou o que quer que seja que nos leva a expor nossas idéias. E concluo que: assim como os pobres de espírito e de poder financeiro, se utilizam de um meio barato para defender as barbaridades que pensam, utilizando-se da Internet no caso aqui, os intelectuais pobres de espírito, porém, donos de trocados, ou de uma rede de conhecimento suficiente de recursos, mesmo que, ignorante de conhecimento, utilizam-se de livros.

Volto ao meu ponto inicial. Existem aqueles que buscam aventar um determinado assunto apenas para gerar o debate, o debate circular, o debate que retrocede, e é devido a estes que podemos entender este como um Plano Placenta, e que, na “Net vida”, sempre teremos o poder de escolher entre o contínuo processo de mastigar o antigo por falta de conhecimento, – ruminar o velho mostrando nossa incapacidade para o avanço - ou por medo do novo; ou então, buscar de uma vez por todas utilizar o antigo como um degrau para acessar a próxima das infinitas placentas que estão nos esperando.

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