sábado, 28 de agosto de 2010

Idolatria

Uma confusão comum acontece quando tratamos da questão da idolatria. Falo também da admiração normal e comum a alguém singular. Trata-se do fato de misturar o autor e sua obra. Tanto o autor quanto a obra devem ser respeitados, porém é necessário separá-los. Pode que um autor sem ter uma estrutura psicológica, de conhecimento ou de comportamento adequado consiga dar à luz uma obra sem precedentes e conseqüentemente revolucionária, embora possa ela se tratar apenas da primeira. Porém quando temos o casamento dos dois, mesmo não sendo comum, eles por si só disseminam a boa nova; situação que geralmente não acontece na causa anterior onde o autor menos evidente depende de alguma terceira pessoa ou terceiro veículo para semear a novidade, ou “vendê-la” até que os ramais necessários sejam atingidos. Voltando então a idolatria, é preciso que um cuidado especial seja anotado com relação aos autores, principalmente em se tratando do nosso segundo exemplo. É comum que a obra fique relegada ao segundo plano e passemos a uma admiração exagerada ao autor que nada mais é que um instrumento/autor. Isso acontece primeiramente devido ao pouco discernimento e falta de sabedoria, por se tratar nós de meros desavisados, porém isso se deve principalmente porque, no nosso desentendimento não sabemos compreender que a obra em si pode desencadear sentimentos; humores; e a abertura de entendimentos que, se buscado apenas no humano pode alongar-se por várias eternidades. Erradamente então entendemos que estudar a biografia do exímio autor, que dissecar o homem que em alguns casos foi apenas o canal condutor da descoberta. Nutrindo por ele um amor; o idolatrando; mas submetendo a obra a um segundo plano por entender que é mais fácil ou a ordem natural dever ser transferir conhecimento do humano para o humano, é como encantar-se com uma lagarta em transformação e então virar as costas para o que de mais surpreendente ainda está por vir.
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