domingo, 8 de abril de 2012

Do bem



O fato de ser do bem não classifica ninguém como especial, isto não existe. Tenho assistido a pessoas que se dizem do bem excomungando os demais por as terem rechaçado, as terem humilhado, não as terem respeitado como merecem ou como entendem merecer por julgarem-se acima das demais, quando do cumprimento de seu voluntariado.

Em algumas situações até, com veemência, fazendo alusão ou mesmo lançando mão de retaliações; quando alguns de seus pares foram assassinados desempenhando ou não o trabalho a que julgaram mais aptas em benefício da humanidade, vide situações diversas como colaboradores da ONU, por exemplo, freiras ou religiosos em países pobres, pessoas comuns, estudantes, atores, biólogos e ripongas em defesa dos diretos humanos ou mesmo da preservação da natureza, por exemplo.

Mesmo que louvável, seus papéis, suas escolhas; não devem eles buscar um tratamento especial, diferenciado, afinal não apenas são voluntários, - o que já os qualifica como um nível superior aos não voluntários – como, implicitamente, devem esta dispostos a praticar o bem sob qualquer circunstância, - suas escolhas chancelam esta verdade - isto significa que devem se preparar para estarem aptas, prontas, atentas, em todas as situações, inclusive aquelas onde o bem principal é entender que o ignorar mundano os condenará a reles mortais como aqueles que os atacam - é o ônus da escolha.

Temos assistido ao longo, principalmente, destas últimas décadas, um avolumar-se de pessoas que, compadecidas, ou conscientizadas na necessidade do mundo diante de uma série de catástrofes, injustiças, crimes e covardias praticadas contra as pessoas ou o planeta, formaram um contingente louvável na defesa dos indefesos, porém não raro assistimos a estes, tomando tudo como uma luta pessoal, lhes sobe à cabeça o fato de ser diferenciado, onde, definitivamente, não pode ser assim.

Esta escolha é linda, magnífica, edificante, mas deve ser assimilada dentro de uma conscientização tão superior quanto à própria escolha, e exigir que as pessoas as respeitem de forma diferenciada devido a isto não é uma demonstração de humildade, é não apenas sentir-se diferente como querer ser reconhecido como diferente.

Este comportar-se, infelizmente a iguala aquele que isso não reconhece e por outro lado, apaga o rico trabalho feito junto àquele que a reconheceu até então.

Aquele que se entende superior não o é, já, aquele que é e assim não se entende, certamente é por isso que assim se mantém.

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