domingo, 11 de agosto de 2013

Ainda a esperança


 Ao longo de vários séculos, filósofos e pensadores que com seriedade preocupavam-se com os rumos da humanidade frente aos descalabros de sua existência, ao envilecimento exponencial e inflexível de suas respectivas épocas, ou já amontoadas de tempos anteriores, onde em muitas delas, quando acompanhada a pontuação na linha do tempo, é possível anotar situações que podem descansar sobre um histórico que as denomine; as qualifique como: momentos capitais acumulados e de proporções diversas para este que se tem como proprietário do planeta caso nada fosse procurado.

E, diga-se de passagem; seriamente? Não foi. Não houve uma preocupação séria, muitos menos foi pensado um plano “b”, assim mesmo, minúsculo, nem isso. Não foi; não está sendo, e aqui, não será.

Os momentos capitais foram barganhados paulatinamente, um a um, por um prato qualquer de comida, uma saída evasiva e condizendo com a inteligência dos administradores à época. Negociatas de aceite mutuo; acertos que beiraram a insanidade. Executados por gerenciadores de uma sociedade que precisava permanecer esfolando, explorando, coexistindo, tentando sobreviver a qualquer custo no planeta, por desconhecer – em alguns casos fingidamente; e por não ter certeza de que algum futuro ainda pior poderia (se é que isto fosse Possível) bater à porta.

Ainda assim, homens verdadeiramente preocupados tentaram a todo custo, uma saída que fosse, para que ao menos uma parte civilizada pudesse ser salva. Como se daquela parte, em algum momento futuro renascesse uma raça, acreditamos: como a idealizada por Deus. Mas nada, não salvaram aquela e o que assistimos foi uma derrocada ainda maior do humano como humano não somente na sua essência, mas na sua decência, ou nos despojos do que um dia foi imaginado um projeto promissor.

Por sua vez, isto nos dá ao menos uma lição; e é um tipo de lição esperança, porque ao analisarmos a que tipo de lodo pode o humano sobreviver, não digo apenas literalmente (ao que vemos em cidades e até países sem a mínima infra estrutura), mas também ao intrincado processo de aceitação das mais diversas vilanias que pode ele não apenas absorver, mas aplicar, assim que lhe é dada a chance, descobre-se do que é capaz, ou, quanto pode rastejar para manter-se no que entende como fazendo parte do que julga ainda uma sociedade.

É fato que as mentes pensantes de hoje já não tem mais motivos para se preocupar, elas se folgam na “inteligência” humana da adaptação, ou da aceitação promiscuamente barata de negociar um tipo de sobrevida para se ser aceito entre os seus.

Também é sabido que nos adaptaremos aos piores ataques da natureza, aos processos mais estéreis que formos apresentados. Nossos amigos intelectuais pensantes finalmente permanecem tranquilos, agora descansam em seus divagares prazerosos. É certo que é um tipo de tranquilidade de pais de adolescentes que ainda que pouco saibam da vida, se entendem pessoas grandes, livres e independentes.

Ou ainda, que mesmo frente às maiores barbaridades ou à eminência das maiores catástrofes, mesmo aquelas invisíveis que levam as famílias e até mesmo a instituição família, implacavelmente a extinção, bem como a extinção do caráter, do companheirismo, da amizade, do que é honra, do que é ética, nada; todas as cabeças inteligentes permanecem tão inertes quanto às massas no que diz respeito a tomarem medidas preventivas, não é preciso nada disso; já não é preciso que se faça mais nada. O homem finalmente provou; encimado, do ápice de sua insignificância; de sua ignorância, que está certo: encontrarão uma saída, se adaptarão. Este é o seu mundo. Foram e estão sendo talhados para aqui permanecer; debalde é anotar que fizeram por merecer.

O ser humano permanece intransigente, comandado por seus governos eleitos ou não, muito bem aconchavados ou que assim se mostram quando nada há a se fazer a não ser dar alguma demonstração de força de quem é que sabe; assim todos: comandantes e comandados sobrevivem no que podemos entender como uma paz arranjada e suportável, assim então, é certo que a capacidade total de adaptação a seja lá qual for o terreno fétido e inóspito que o habitante se auto proporcione, ainda assim podemos ter certeza: continuaremos chafurdando em frente, ou ao menos... chafurdando.

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