sábado, 26 de abril de 2014

Companheiro de estimação



Conforme se dá nossa caminhada de ajustes (ao terceiro) em busca da parceira perfeita – como se o fossemos -, aquela que se adéqüe às nossas preferências; aos nossos quereres esdrúxulos. Continuamos apontando, exigindo, retorquindo, podando, tolhendo os modos da escolhida, até que, dependendo do grau de submissão ou de amor que ela nos guarda, tenhamos moldado, ou tenhamos adestrado nossa companheira de estimação, sim, é nisso que, inadvertidamente, a transformaremos.

A pessoa, quando ama de verdade, - porque apenas quem ama de verdade se submete aos mais duvidosos caprichos para agradar o parceiro; e já por isso não deveria ser perturbada – e com maturidade, busca equilibrar a relação; necessariamente precisa se anular, é somente assim, então, que finalmente teremos alguém ao nosso gosto, sem prestar atenção que castramos o mais divino que ali existia: sua Alma, sua Essência.

Fato é que a inspiração não vale como desculpa; usemo-la, então, como uma forma de autopunição e também um mínimo de reconhecimento de nossa destemperança criadeira, prenhe, imaginando quão simples seria se o perdão ou o arrependimento encerrasse finalmente todo o malfeito.

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos


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