sábado, 4 de abril de 2015

Os Didatistas e os Utopistas



A despeito do que já se disse; alguns pensadores se dividem entre os Didatistas e os Utopistas; os primeiros aprendem e então ensinam o caminho ainda próximo, ainda possível a sua contemporaneidade ou não – o óbvio ainda não assimilado; o corrente que ainda vive o estágio de ocorrência. O mínimo necessário para regular uma sociedade que não deveria mais discutir o que estas verdadeiras “ferramentas humanas seculares” talhadas à ponta de cinzel para esse único fim, então tornadas especialistas na observação de ações tão incontestáveis no curso da história quanto urgentes para alinhar o convívio entre os homens, transformando assim o sacrifício de vir à luz em exemplo raro.

Já os últimos, por parecer que nascem pronto, não se atentam para as obviedades. Fingem não conseguir entender como é possível que elas sejam sequer discutidas; que gastemos séculos traçando e alinhavando planos para implantar o mínimo necessário para que vivamos em paz. Despender tal expediente – a morosidade inconveniente dos interesses - para esse grupo de pesquisadores é um acinte sem cabimento, digno sequer de uma frase cunhada, a não ser para pontuar seu desdém. Por conta disso são do tipo ranzinza; intolerantes e intratáveis. Ansiosos; parece que nascem algo desconectados. De pavio curto e sem paciência para a vã discussão. Preferem então à clausura à exposição a um estado onde seus colegas primeiros não foram ouvidos.

A teoria didática entra em ação sempre que o homem por si só entende que ultrapassou sua vontade impetuosa de domínio ou quando as doenças advindas dessa vontade estagnada tornada ação, suplanta a ordem natural – estabelecia ou não -, ou o que entendemos como o “curso mínimo obrigatório do existir humano na Terra”.

Por sua vez, os Senhores do Pensar estão além do tempo, são considerados póstumos – não por nós, mortais. Suas pontuações atingem ainda um tempo medido em eras, possível apenas em planos outros. Considerados loucos, vivem como proscritos. Não entendem como possível que a sociedade consiga aplicar nem mesmo o óbvio, então cospem o que pensam apenas para plasmá-lo no tempo, registrando assim, a arte de pensar o impossível. Senhores de uma hermenêutica toda própria, registram a plasticidade de pensamentos únicos que podem ser classificados de surreal, cuja decodificação do complexo exige outras ferramentas que não se encaixam, ou impossível aos já costumeiros e surrados gabaritos.

De posse disso, parece-nos, depois de anos de observações, das quais resultaram que algumas de nossas colocações; de nossos quereres jamais foram e/ou poderão ser aplicados indistintamente entre todos: que o conjunto planeta/humanos tem um curso pré-determinado.

A ilustração mais acertada para essa conclusão é um braço mecânico, um braço robótico ou no nosso caso: está mais para uma haste mecânica articulada. Em suas movimentações há, obrigatoriamente, limites. E não é possível que estes limites sejam ultrapassados a menos que aconteça o estresse da peça e consequentemente, até, sua quebra, mas, indiscutivelmente, depende do novo ajuste, do concerto desta quebra para que o sistema retome seu curso – insisto nessa obviedade porque, ainda que de posse de parcas ferramentas e ideias não decodificadas, voltamos ao movimento da haste e, ainda que alquebrados, seguimos dentro do curso padrão possível. Ou seja, independentemente da vontade humana, por mais que os marqueteiros, gurus, sacerdotes e falsos mestres insistam que nós podemos tudo, não é verdade. Não é questão de contentar-se com menos, é questão de entender que nem mesmo no menos possível nós atingimos a excelência necessária para nosso desenvolvimento mínimo pessoal como pessoas dignas e decentes. Há um limite para que possamos trabalhar – apurar – com precisão nosso valoroso Eu, porém insistimos em orbitar além de nossas fronteiras particularíssimas; e é por isso que nos tornamos peças inoperantes, capengas ou passamos vidas e vidas em constante reparo.  

Parte desse analisar explicaria a dificuldade de alguns poucos se atentarem verdadeiramente ao fato e não entender o porque da disparidade de interação, mesmo entre indivíduos de um mesmo grupo étnico, ou, aproximando mais, para um mesmo estado vigente dito ou tido como plenamente evoluído apinhado em suas cidades planejadas; a intransigência de o humano se ou auto entender-se e portanto interagir entre grupos diversos tem como única explicação este pequeno curso, e, consequentemente, a não aceitação desse balizamento ainda não percebido, ou seja, o humano é limitado ao espaço/tempo Terra enquanto nele, e nesse ou e, dentro desse espaço/tempo Terra, ele teria apenas que desenvolver – primeiramente entendendo e aceitando-os paulatinamente - seus instintos primais para então galgar outras paragens mais finas; mais sutis, onde por sua vez, haveria um curso maior à ser explorado e assim por diante.


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