sábado, 10 de outubro de 2015

A partir da Torre...



Cristo disse: 
você pode o que Eu posso e pode ainda mais.

Confinamento Terra - Tenho me perguntado nos últimos tempos; e se alguém me perguntar: por que não dá certo; o que responderei?

É claro que não há uma fórmula para responder essa questão e nem mesmo compilei algo ainda nesse sentido, porém ao ler a chamada de um importante semanário, tanto despertou atenção que resolvi tomar como exemplo ao assunto, uma frase de determinado colunista, ao criticar o filme Jurassic World; provocando pensamentos sobre o fato, ou sobre o fardo enorme que cabe aos bons e velhos intelectuais da vez, resgatar e expurgar sandices ditas por “especialistas” na juventude (inclusive dele, porque não? Se se tratar de alguém sério realmente) – uma missão quase impossível devido a variáveis de nuances envolvidas.

De pronto, ao observar a frase - não li o artigo, também não sei se era totalmente contra o filme, e não vem ao caso agora; afinal esse não é o ponto aqui. A resenha chamava a atenção para algo em excesso na produção ou coisa que o valha; nem mesmo vou usar este espaço para defender a marca Jurassic Park, particularmente só apreciei de fato a primeira película; ali contava mais a idade; então, a partir do entendimento particular de tratar-se o autor de alguém que não detém qualquer conhecimento mais abrangente que resolveu escrever por saber que uma série de outros que pensa igual leem, mudei de página. Do meu lado, acredito que quando o quesito envolve entretenimento, o que vale é o sucesso que está fazendo e não se um ou outro detalhe técnico avançou o sinal.

Aconteceu então; ao ler a oração, houve uma daquelas explosões insight’s, onde percebi a extensão do “problema“ – analisando materialmente, observando apenas do ângulo homem-matéria -, onde nascemos; tornamo-nos adolescentes e então jovens, e passamos à adultos sem que um único momento desse processo seja por nós questionado realmente; ou altercada nossa forma de pensar. Portanto, quando maduros, percebemos o quanto estivemos enganados, ou não temos energia para lutar por uma mudança. Ou se ainda possuímos gana, não seremos ouvidos por se tratar nós, de velhos que já não detém mais poder na sociedade.

No momento recebi uma espécie de bafejo, qual um flash de inspiração tivesse clareado meu discernimento a respeito de o quanto as nossas vidas são expostas a nós mesmos enquanto desapercebidamente erramos alheios em meio a mistérios e dúvidas até pueris quando nos queremos senhores do universo. Destarte, não observamos nosso maior erro; nossa real insignificância: de a que nível não passamos de meros autodidatas à vida! Significando o que? Que estamos; que continuamos em um processo – ainda muitíssimo atrasado - de construção social; em busca de qual seria a melhor forma – exata, impossível, salvadora - de coabitarmos em um nível socialmente aceitável, onde, apesar dos milhares de anos que nossa história permite se classificar qualificando nosso existir social: continuamos inegavelmente em pleno século XXI e por quantas gerações mais, como símbolo; representante máximo de fracasso no quesito respeito e justiça. Dois pilares únicos e inegociáveis; justo a nós, que precisamos conviver; coexistir; coabitar esse confinamento Terra; valores tão principais quanto primordiais a ser entendido como tal antes de qualquer prosseguimento ao próximo capítulo. No entanto, dada à dificuldade da tarefa continuamos como sempre, tendenciosos à separação em nichos tanto para a exclusão quanto para a reclusão. Em feudos, - e quando possível em cápsulas individuais - digo feudos porque apenas progredimos como ser material, afinal, diante do caos de um golpe – palavra que não mais deveria existir no nosso dicionário (ou ser conjugado no tempo presente) caso tivéssemos evoluído – ou de uma catástrofe, mesmo nos feudos mais desenvolvidos; é a animalidade da espécie, mais em uma menos em outras, porém ainda patente em todos, que ditará as regras onde mulheres, crianças e aqueles de recursos escassos, elos frágeis da corrente, sofrerão o impacto maior por consequência das tragédias – sejam elas naturais ou daí originadas.

Trocando em miúdos, o que temos aqui, é que nosso sistema de evolução continua observando a cartilha individualista que prega: na eminência do colapso salvemos ao menos os nossos; que tenhamos, diante do pior cenário, garantida a sobrevivência da nossa casta – é inegável o fato de que agimos como se nos preparássemos, enquanto devastamos o planeta, para resguardar intacta essa via de segurança; ou seja, depredamos observando sempre o limite de segurança cada vez maior, ou pretensamente calculado, na proporção do estrago que nós mesmos (não) sabemos causar.

Falta, também aqui, a conscientização de que, em caso de catástrofe, é condição sine qua non o auxiliar mútuo, e finalmente, em se tratando de nossa vontade social externa – aparente - tornada interna – real -, descontinuar o desenvolvimento do pensar egoísta, ainda que não se possa mensurar o quanto tarde estamos para reverter a cultura disseminada do: enquanto gero um estado de caos prejudicial aos demais, paralelamente busco criar também, alguma blindagem que me permita ficar auto imune a irrefletida condição criada, e então, uma vez dono do antídoto, posso alardear ao mundo a sua mais nova necessidade que me fará milionário e que pode ser, desde uma pá para cavar trincheiras, o monopólio na construção de um bunker, uma vacina que se mostrará indispensável ou até uma nave espacial, quanto mais proporciono segurança a população mais distancio-me de suas necessidades – resultante de outros tantos indivíduos de pensamentos iguais aos meus.

Portanto, gerar a necessidade a partir do desequilíbrio do próprio autor daquela. O desarrumar; a desorganização gerada pelo próprio homem, ou por ele aumentada quando descobre ser daí possível construir uma base sólida de sustentação apenas ao explorador (descobridor) ou grupo fechado.

Essa conscientização – proposta - diz respeito que, em caso de uma hecatombe ou qualquer terremoto local, não existirão aqueles que, diante de uma chuva-arrasa-quarteirão, pondo parte dos telhados abaixo, por exemplo; sem um mínimo de compaixão, aumentarão significativamente os preços das telhas que serão vendidas aos seus próprios vizinhos necessitados. Eliminando um princípio que se tornou lugar comum – como se estivéssemos absorvendo uma nova cultura abjeta, que prima à desonestidade – quando, ao invés de questionarmos a injustiça da situação, é criado um efeito contrário onde apoiamos veladamente o absurdo, ou mais, ao ouvirmos a conivência do ato escuso na frase “se eu ou um de nós estivéssemos no lugar dele faríamos igual”. O final absurdo dessa série é a continuidade de um processo que será esquecido por conveniência: alguns poucos e por pouco tempo se ajudarão, outros rezarão; outros tantos se espelharão em centenas de mais necessitados, mesmo do outro lado do planeta que se encontra em condições ainda piores, e uma parte irá se agarrar apenas ao orgulho de conseguir sobreviver sem a ajuda dos outros; às próprias custas.

E a Torre de Babel? Durante o “brainstorming”, o insight particular citado a pouco, veio a mente a história da Torre de Babel, particularmente não acredito muito nela, no fato de pessoas construírem uma torre que às levasse à Deus, porém, se imaginar as sandices que ainda praticamos – muitas avalizadas no próprio texto - entendo ser ela bastante possível ou racional para à época. A questão é se: a partir da Torre tudo se deu como agora é; esse total desentendimento? – que ao final é falta de conhecimento. Como seria se o fenômeno Torre de Babel não tivesse existido; ou ela apenas diz respeito àquele momento, ou seria aquele um divisor de águas para a humanidade com um propósito maior do Altíssimo?

Até onde posso divisar não é de todo errado afirmar, partindo do princípio da existência do fenômeno Torre, que o processo – confuso - ramificou-se de tal maneira, fazendo com que muitos de nós o entendêssemos como conveniente a própria sobrevivência; isso, quando não o aprovamos em proveito próprio avançando com o imbróglio mesmo extrapolando as margens da ética, da moral, do bem social, para angariar fundos extras, ainda que sem o devido conhecimento se essa deveria ou não ser uma prática possível na sua totalidade!  


O que não posso imaginar é uma forma de o jovem descobrir ou acreditar e por em prática a vontade do velho consciente, afinal, como posto acima, quando se sabe aos oitenta o que poderia ter melhorado aos trinta é tarde demais. O poder sempre estará na mão dos mais novos, e até os cinquenta – sendo otimista - não é possível que tenhamos uma ideia de nossas ainda atitudes vencedoras, porém, de uma forma ou de outra a ponte se rompe a partir dos sessenta, e mesmo que seja construída uma passagem através do tempo que permita que se entenda o que o velho quer dizer, ainda que ele deixe materialmente registrado; ainda assim o povo dos quarenta que busca a qualquer custo se manter no poder não tem ainda formada a mente para romper barreiras que agora, na idade plena, desestabilize tudo de alguma maneira – agora sim - construtiva e dê início a algum tipo de reforma, porque, vivemos agora o agravante de não ser um grupo de comandantes que decide o que será bom para o futuro, mas todo um universo de mentes novas havidas para serem reconhecidas já durante o seu breve período de poder.   

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