sábado, 29 de abril de 2023

Revisitando os muros de barro

 









Todos levantamos muros contra nós mesmos; esses muros servem como anteparos contra juízos ou boas ideias que poderiam nos libertar de nossos vícios, paradigmas ou vontades aferradas; não aceitamos nada que atue contra o que poderíamos chamar de anseios inexatos, preferimos nos afastar de ponderações sensatas ao nos conservar abraçados a muros que apenas nos mantêm onde sempre estivemos.





Ao apurado olhar externo, nosso comportamento lembra a icônica figura do pobre animal com força para sobrepujar qualquer homem, com uma corda no pescoço atrelado a uma reles cadeira de plástico. Esse é um processo natural e difícil de ser derrotado; somos presunçosos, não é fácil superar um paradigma assumindo-se falho, portanto, invariavelmente a dor, os desencontros, as decepções, as perdas, servem como chaves, gatilhos a desmontar certezas inócuas.













Depois de muito apanhar; assim que o suportar é vencido e após muito desestabilizar nos afastar de centenas de zonas de conforto, os muros da imodéstia vão desmoronando e algumas dessas camadas se desfazem definitivamente. E um recomeçar pragmático, autêntico - o iniciar de um processo de equilíbrio -, precisa passar por inferências onde nossas energias devem, paulatinamente, ser drenadas para que a luta vã cesse.







As quedas virão inexoravelmente à medida que as chamas do orgulho não são debeladas – e todas serão absorvidas em um alucinado caos chamado existir. Não há outra fórmula e não há teoria que resolva. A única meditação a que não podemos escapar, é aquela praticada diariamente ao sobreviver cotidiano, entendidas desavisadamente como as injustiças a que estamos expostos.






Antes de nos digladiarmos contra o que entendemos como injustiças, descaso, falta de reconhecimento ou humilhação, por exemplo, qual a porcentagem de estarmos recebendo em troca parte do que nós mesmos provocamos. Mas para isso é preciso esquecer o autor, os personagens por trás do desagravo e entender que todos somos ferramentas; instrumentos externos de correção que o universo lança mão para que possamos entender que não é possível convivermos como irmãos enquanto não entendermos o valor da humildade.








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