sábado, 30 de setembro de 2023

Pinceladas no tempo

 








Sempre aptos aos exercícios de escrita, vejo meu apontar de pensamentos flagrantes, aludindo-os às pinceladas rápidas em uma paleta etérea a fixar lúcidos esboços na superfície clara; comparáveis a prática de velhos artistas que se aligeiram a captar a luminosidade do instante frente ao fugidio sol europeu. Pinçando tintas a demarcar matizes à tela em seu praticar cotidiano de um completar contínuo; flagrante rearranjar de peças essenciais frente a dinâmico quebra-cabeças.

À mesa, estico as frases como o confeiteiro espicha a massa e o pintor estica as tintas, e, contrariando expectativas, dou forma ao pensamento original conservando sua força mantendo-o o mais próximo possível de sua essência autêntica. 










Da raridade da contemplação - Contrariando o artista das cores, o texto plasmado não despertará a atenção da obra prima exposta à parede.

Ainda que não tenha encontrado o ponto, sigo rabiscando esboços em forma de exercícios, primando o denso, o discutível; abandono à vontade volúvel ao homem normal, apenas ao raro os fragmentos farão sentido, apenas ele verá o esforço do princípio; as parcas pinceladas à luz.












O pontuar sem um viés dado remete a loucura, ao insano, ao contrassenso àqueles que se satisfazem com o pronto. Abstrato ao míope; Deleite ao olhar puro que, sem um acompanhamento holístico, sem que o observador reconheça os esforços por trás da diligência honesta do homem faber e a prática hercúlea sob o jugo comum ao establishment: ela é de impossível compreensão e será por muito ainda, de lastimável incompreensão.








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