Parado no
trânsito por mais de uma hora pela enésima vez nos últimos dias, sob o sol
escaldante do litoral brasileiro; a mente não sossega, pensando em como ou o
que fazer para mudar a situação, e o que vem à mente é a nova consolação, o
novo aceitar das botas sobre nossas cabeças, e ainda que a expressão contenha o
significado sagrado, na ânsia da cabeça quente, imagino a satisfação do poderio
sócio/político que vê com bons olhos toda comiseração anódina de grande parte
da população ao somar mais essa desculpa a sempre auto piedosa conformação
indolente, onde muitos assumiram a expressão "não reclame, entenda como um
LIVRAMENTO", digna de uma população tão desnorteada quanto refreada, e meu
desconforto continua, atesto — contrariando minha crença de que devemos tender
sempre ao otimismo — que ela serve mais como um aceitar passivo complacente, de
indivíduos já à lona, ao que dita à crença escolhida sobre a sacralidade em
algum poder superior.
065.ac cqe