sábado, 15 de agosto de 2009

O Pensador e suas questões duca...


43 – O Problema do Dever e da Verdade

O dever é um sentimento imperioso que impele à ação, um sentimento que chamamos bom e que consideramos indiscutível (não falamos e não nos agrada que se fale de suas origens, de seus limites e de sua justificativa). Mas o pensador considera qualquer coisa como o resultado de uma evolução e tudo o que “se tornou” discutível; é, portanto, o homem sem dever – enquanto não é pensador. Como tal, ele não aceitaria, portanto tampouco o dever de considerar e de dizer a verdade e não experimentaria esse sentimento; ele se perguntaria: de onde ela vem? Para onde vai? – Mas essas mesmas perguntas são consideradas por ele como problemáticas. Ora, não teria melhor resultado se a máquina do pensador não funcionasse bem, se pudesse verdadeiramente se considerar como irresponsável na busca do conhecimento? Nesse sentido poder-se-ia dizer que, para alimentar a máquina, é necessário o mesmo elemento que deve ser examinado por meio desta. – A fórmula poderia talvez se resumir admitindo que existe um dever de reconhecer a verdade; qual é então a verdade com relação a toda outra espécie de dever? – Mas um sentimento hipotético de dever não é um contra-senso?

Retirado da pg. 44 do livro: O Viajante e Sua Sombra de F. W. Nietzsche. Editora Escala.

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