domingo, 28 de agosto de 2011

Plenitude da Alma


Será que eu assustaria alguém em sua busca, contando o quanto é difícil atingir sensibilidade suficiente para vislumbrar apenas a entrada da plenitude da alma.

Será que ao contradizer-me no mesmo instante, faria com que a outra metade, aquela que mesmo entendendo ser difícil a caminhada, mesmo tendo continuando a busca a esta mesma plenitude, a este vislumbre, agora pudesse então desistir; entendendo em mim um louco não digno de crédito por brincar com algo tão sério e importante, ao comentar em tom também sério sobre a facilidade, a simplicidade de atingirmos finalmente, sensibilidade suficiente para entender: o quanto nos debatemos a toa, até atingirmos a entrada da plenitude da alma?


Paradoxal, ambíguo, incerto, matreiro, duvidoso, e que invariavelmente é seccionado por um dos nossos humores momentâneos, onde então voltaremos àquele ponto uma duas ou cem vidas mais tarde, assim é a busca.

Então todos os ascetas afins questionam: por que isso? De onde vem isso? É interessante que mesmo as perguntas não cabem, é tudo tão estranhamente irracional para o nosso plano para a nossa forma de pensamento que o melhor, o certo seria o silêncio, é por isso que em algumas doutrinas o silêncio é quase sagrado. Somos crianças, o buscador é puro como uma criança e então ele questiona.


Alguns questionam por curiosidade, mas estes têm um questionar curto, estes são os primeiros que farão silêncio; mais porque serão silenciados. Mas este não é o silêncio que o buscador deve procurar. Este aquietar-se é um desviar. Quando perdemos o interesse resolvemos não questionar mais, e então duas coisas, com certeza, podem ter acontecido: ou voltou-se ao comodismo anterior ou encontramos outras curiosidades ou entretenimentos que suscitaram novas questões, e por que não: mais interessantes ao momento vivido.

Então aqueles que continuam; que ainda não se deram por vencido mesmo não compreendendo o absurdo do que estão assistindo, estes por vários motivos mantém a curiosidade. (mas na verdade o motivo principal é que ele já possui a semente do pensar de que há algo ali; há algo mais)

São, realmente, de difícil compreensão os caminhos que levam ao eterno; fazer o caminho de volta; é tudo tão sem sentido, não existe prova, não existe teste, não existe grau, e tudo isso por quê? Porque não há competição.

Todos, cedo ou tarde, serão despertados, não existem os primeiros, não existirão os últimos. Existe você desperto que ainda não o foi, e não é fulano ou cicrano que fará isso por você, não é uma instituição, não é uma seita. De alguma forma o próprio comodismo não é condenável.

Não é alguém ou alguma doutrina do ocidente, ou mesmo do oriente; é você, tudo esta em você. Chegará um determinado tempo que a inércia provocará um enfado tão grande e tão sem sentido que toda a razão do mundo não conseguirá vencer este estado, é aí então que você, já não tendo poder algum, pois todos os poderes já lhe foram dado, e é somente quando fomos muito poderosos que descobrimos que nunca possuímos poder algum, é aí então, este é o derradeiro momento que simplesmente você se joga, dando-se por vencido, ou meramente por falta de opção, você se fartou, você está farto, e então você se joga naquele velho e sem sentido absurdo, paradoxal e ambíguo, de voltar-se para o eterno.

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