domingo, 17 de fevereiro de 2013

Era da impotência




A minha filosofia tem como princípio, inicialmente, o prestar atenção. Mesmo até que entenda que externamente tudo ficará para sempre como está, ou seja, não há nada para se fazer. Não há nada que se possa fazer, porém entendo que podemos nos orgulhar, - afinal temos o orgulho em tão alta conta - assim então, é preferível que nos orgulhemos por saber que não há nada que possamos fazer do que nos orgulharmos de sermos indomáveis e brigões ainda que não possamos fazer nada a não ser correr o risco de em dia de mau humor cometer algum ato de desequilíbrio e perceber da pior maneira que não se pode realmente nada.

Gosto de citar uma cineasta argentina que disse que “vivemos o século da impotência”, devido ao fato de podermos muito pouco, de conseguirmos muito pouco do que temos vontade. Quando temos uma vontade de verdade daquelas que realmente nos orgulharemos dela, ou de uma melhora de vida efetiva, ou de ver alguém que comete injustiça pagando por seus atos etc., mas infelizmente tenho que desdizê-la, entendo que esta é, na melhor das hipóteses, a era da impotência.

“Aqui é a terra das oportunidades”; “para aquele que tem vontade tudo é possível”; “vivemos no melhor dos mundos”, tudo é somente licença poética. Fato é que antes do fim, em um exame de consciência bastante crítico, o que se observa é que o preço de tudo é muitíssimo alto. Deve ser por isso que distribuída entre estas citações ouvimos constantemente a frase: “a vida é injusta”.

Por sua vez, a filosofia do prestar atenção tem como princípio: que se busque observar de verdade todo o universo que circunda o individuo; até que se descubra que o posto é uma realidade e ao final, ela o manterá tão, ou ainda mais inerte do que estavas, porém com uma diferença: trata-se agora de um sujeito consciente.

O ficar atento, ficar antenado e descobrir ou ao menos iniciar uma desconfiança sobre o que está acontecendo. Nos mantém em um estado de aceitação; em um estado de passividade; em um estado de acomodado, de condicionado. Tanto quanto quando se era apenas um vivente alienado, porém, quando prestamos atenção, começamos a entender que tudo faz sentido, nós mesmos teremos as respostas, já não precisaremos mais dos mestres, porém tudo será igual.

Embora isso não seja para agora, é assim que é.

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