domingo, 24 de fevereiro de 2013

Exatidão necessária ?!?



       Não é fácil que decifremos algumas reflexões mesmo que aparentemente pareçam de aspecto simples. Por exemplo; como seria percebido se colocássemos que toda a boa liberdade deve nascer de uma prisão séria e enérgica! Vamos, é claro, desconsiderar aqui a obviedade simplória da observação, afinal, qualquer um com mínima instrução detém esse conhecimento, ou consegue fazer ou ligar tais analogias de que quando se perde é que se dá realmente valor, porém este não é o caso aqui.

Tão obvio isto, quanto o entendimento de que apenas ao fato de mencionarmos a palavra "prisão", ao seu significado obscuro na psicologia humana, é que observaremos um menear incômodo por parte da maioria.

Mas é assim que é. Então, como exemplo, a despeito do sofrimento do cavalo, e apenas como uma ilustração infeliz, mas de fácil entendimento – afinal devemos adquirir a consciência total, tão necessária quanto urgente do não sofrimento de qualquer animal/ser vivo. E mesmo que façamos apenas uma alusão a esta abominável necessidade, e em algumas situações uma vergonhosa mania humana de subjugar os animais, ainda assim não nos sentimos bem. E, se por ventura couber a questão de: o porquê deste registro então? Isto serve mais e também, para demonstrar nossa posição firme quanto a contrariedade com relação a questões absurdas como esta.

Nosso amigo que uma vez livre e de beleza rara e incomparável na natureza selvagem seria praticamente indomável se não se provasse mais tarde tão dócil e praticamente mudo para gritar sua dor. Assim, era preciso que ele passasse pela doma, pela prisão do seu algoz para que então pudesse ser novamente "libertado".

Especificando mais a fundo, para quem não sabe - em era tecnológica. Não é possível que um cavalo seja "solto" em um cercado simples e da altura de seu dorso sem que ele tenha passado por uma verdadeira e torturante prisão até que seja condicionado a assim agir – respeitar aquela mísera cerca. Em suma, o cavalo só pode ser livre após ter passado pela prisão.

        Isso procede também conosco. E de alguma maneira não se sabe até quando ou até onde, - isto é resolvido de maneira particularíssima de indivíduo a indivíduo - estamos também limitados à altura do dorso, com um cerca invisível, porém ainda necessária. Está é nossa prisão.  O que o homem julga liberdade hoje, nada mais é que uma falsa liberdade – vide o texto “A era da impotência”, por exemplo. E continuará levando o homem a desfrutar conquistas inócuas de posse de um sentimento de poder inexistente e até, em incontáveis situações, subjetivo, porém, tido como real. E por que esta é uma necessidade imperceptível? Por que, ao contrário do nosso amigo Equus, que não possui o discernimento do gênero humano e precisa para sempre estar com algum anteparo visível entre ele e o mundo livre, uma corda, um cabresto, um buçal, a nós isto é possível sem a matéria. Nós observamos leis e necessidades de convívio, sendo eles absurdo ou não.

        Mas o homem poderá um dia livrar-se desses instrumentos sem jamais desrespeitar lei alguma. E isto acontece exatamente no momento em que ele se dá conta; quando ele adquirir a consciência devida, exata, de que se em algum momento não foi totalmente livre era porque ele ainda não havia adquirido a exatidão necessária para livrar-se do jugo invisível quase imperceptível, porém, tão necessário.

Esta liberdade, este imaginar-se livre, desvinculado de assumir uma postura de responsabilidade, ou mesmo de buscar entender se realmente há um significado maior para a sua existência, para sua estada aqui; faz com que suas ações e conquistas lhe sirvam mais para atrasá-lo, ao invés de lhe proporcionar algum tipo de salvo conduto para um futuro com menos aparelhos de coerção ou ao menos que, se não lhe trouxerem a paz necessária, causam menos dor ao espírito.

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