quarta-feira, 20 de novembro de 2019

“12 Regras para a Vida”



Você tem uma natureza. Você pode fazer o papel do tirano, mas certamente se rebelará. Quão energicamente você consegue forçar a si mesmo a trabalhar em manter seu desejo de trabalhar? Quanto você consegue sacrificar ao seu parceiro antes que a generosidade se transforme em ressentimento? O que você ama, de verdade? O que você quer, genuinamente? Antes de poder articular seus próprios padrões de valor, você deve ver a si mesmo como um estranho – e, então, deve conhecer a si mesmo. O que você considera valoroso ou prazeroso? Quanto lazer, prazer e recompensa você requer para que se sinta mais do que uma besta de carga? Como deve tratar a si mesmo de modo que não mande tudo às favas? Você poderia se sacrificar na sua labuta diária e descontar as frustrações chutando o cão ao chegar a casa. Poderia assistir aos dias preciosos passarem. Ou você poderia aprender como instigar a si mesmo a se engajar em uma atividade sustentável e produtiva. Você pergunta a si mesmo o que quer? Você negocia justamente consigo mesmo? Ou você é um tirano, tendo a si mesmo com escravo?

Quando você deixa de gostar dos seus pais, cônjuge ou dos seus filhos, e por quê? O que pode ser feito a respeito disso? O que você precisa e quer de seus amigos e de seus parceiros de negócios? Isso não é uma mera questão do que você deveria querer. Não estou falando do que as outras pessoas exigem de você, ou de seus deveres com elas. Estou falando sobre determinar a natureza de sua obrigação moral com você mesmo. Deveria pode fazer parte da equação, porque você está inserido em uma rede social de obrigações. Deveria é sua responsabilidade, e você a deveria cumprir. Mas isso não quer dizer que você deva assumir o papel de um cãozinho de colo, obediente e inofensivo. É assim que um ditador deseja que seus escravos sejam. p92

Como você precisa que as pessoas falem com você? O que precisa obter das pessoas? O que está tolerando ou fingindo gostar entre seus deveres e obrigações? Consulte seu ressentimento. É uma emoção reveladora, apesar de sua patologia. É parte de uma tríade do mal: arrogância, falsidade e ressentimento. Nada causa mais danos do que essa Trindade do submundo. Mas o ressentimento sempre significa uma entre duas coisas. Ou a pessoa ressentida é imatura, e nesse caso deveria calar a boca, parar de se lamentar e seguir em frente, ou há uma tirania em progresso – e nesse caso a pessoa subjugada tem uma obrigação moral de não se calar. Por quê? Porque a consequência do silêncio é pior. Claro, é mais fácil no momento ficar quieto e evitar o conflito. Mas em longo prazo isso é mortal. Quando você tem algo a dizer, o segredo é uma mentira – e a tirania alimenta-se de mentiras. Quando você deveria rechaçar a opressão a despeito do perigo? Quando você começa a nutrir fantasias secretas de vingança; quando sua vida está sendo envenenada e sua imaginação se inunda de desejo de devorar e destruir. p93

Você nem sabia que estava cego. P106

Preste atenção. p110

...por que você não deve permitir que seus filhos façam algo que o faça não gostar deles e por que os antigos egípcios reverenciavam tanto a capacidade de prestar atenção a ponto de venerá-la na forma de um deus. Orelha do Livro
(...) E se você não estiver pensando cuidadosamente nessas coisas, então não está agindo responsavelmente como um pai. Você está deixando o trabalho sujo para outra pessoa, que será muito mais suja ao realiza-lo. p147

Não deixe que seus filhos façam algo que faça você deixar de gostar deles. p150

“A religião não é um fim” A.S.

Tanto para Nietzsche quanto para Dostoievski, a liberdade – e mesmo a capacidade de agir – requer comedimento. Por essa razão, ambos reconhecem a necessidade vital dos dogmas da Igreja. O indivíduo deve ser restringido e moldado – e até levado próximo à destruição – através de uma estrutura disciplinar coerente e restritiva, antes que possa agir de forma livre e competente. p201

Busque o que é significativo, não o que é conveniente. p211

Considere aquela pessoa que insiste que tudo está certo em sua vida. Ela evita o conflito, sorri e faz tudo o que lhe pedem para fazer. Ela encontra seu nicho e se esconde ali. Não questiona a autoridade nem apresenta suas ideias e não reclama quando é maltratada. Ela se emprenha pela invisibilidade como um peixe bem no meio do cardume. Mas uma secreta inquietação corrói seu coração. Ela ainda está sofreno, porque a vida é sofrimento. Ela está solitária, isolada e frustrada. Contudo, sua obediência e auto obliteração eliminam todo o significado de sua vida. Ela não se tornou nada além de uma escrava, uma ferramenta a ser explorada pelos Outros. Ela não consegue o que quer, ou precisa, porque isso significa falar o que pensa. Então, não há nada valioso em sua existência para contrabalançar os problemas da vida. E isso a deixa doente. p222

Se trair a si mesmo, se disser coisas falsas, se agir de acordo com uma mentira, você enfraquece seu caráter. Se tiver um caráter fraco, a adversidade o derrubará quando surgir, e ela surgirá, inevitavelmente. Vai tentar se esconder, mas não haverá mais nenhum lugar em que se esconder. E então, você se verá fazendo coisas terríveis. p223

Para Milton (John Milton poeta), Lúcifer – o espírito da razão – era o anjo mais maravilhoso já criado por Deus, a partir do nada. Isso pode ser interpretado psicologicamente. A razão é uma coisa viva. Ela vive em todos nós. É mais velha do que qualquer um de nós. É melhor compreendida como uma personalidade e não como uma faculdade. Ela tem seus objetivos, tentações e fraquezas. Ela voa alto e pode ver muito mais longe do que qualquer outro espírito. Porém, a razão se apaixona por si mesmo, e o que é pior: ela se apaixona pelas próprias criações. Ela as eleva e as louva como absolutas. Assim, Lúcifer é o espírito do totalitarismo. Ele é lançado do Céu pra o Inferno porque tal elevação, tal rebelião contra o Altíssimo e Incompreensível, inevitavelmente produz o inferno. p229

Na grande mentira sempre há uma certa força de credibilidade ; porque as grandes massas de uma nação são sempre corrompidas mais facilmente na camada mais profunda de sua natureza emocional do que consciente e voluntariamente ; assim, na simplicidade primitiva de suas mentes , elas são vítimas mais fáceis da grande mentira do que da pequena , uma vez que elas mesmas geralmente contam pequenas mentiras de pequenas formas, mas ficariam envergonhados de usarem de falsidades em grande escala. Nunca passaria por suas cabeças inventar inverdades colossais e elas nunca acreditariam que outros pudessem ter a insolência de distorcer a verdade tão descaradamente. Mesmo que os fatos que provem isso, possam ser claramente apresentados para suas mentes, elas ainda duvidariam e hesitariam, continuando a pensar que poderia haver alguma outra explicação. p238 AH Mein kampf

...as pessoas frequentemente estão dispostas a gerar muitos danos colaterais para poder preservar sua teoria. p248

Nunca subestime o poder destrutivo dos pecados da omissão. p282

Quando tentado pelo próprio Diabo no deserto mesmo o próprio Cristo não estava disposto a chamar seu Pai para obter um favor; além disso, todos os dias, preces de pessoas desesperadas ficam sem respostas. Talvez isso ocorra porque os questionamentos que elas contêm não tenham sido construídos da forma adequada. Talvez não seja sensato pedir que Deus quebre as leis da física sempre que cairmos pelo caminho ou cometermos algum erro grave. Talvez, nessas ocasiões, não possamos simplesmente colocar a carroça na frente dos bois desejando que o problema seja resolvido de alguma maneira mágica. Em vez disso, poderíamos perguntar o que podemos fazer no momento para aumentar nossa determinação e força de caráter e encontrar a força para seguir em frente. Talvez pudéssemos pedir para ver a verdade. p366

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Alguém pode pensar que uma geração que ouviu incessantemente dos seus professores mais ligados à ideologia sobre direitos, direitos e mais direitos que lhe pertencem, oporia-se a ouvir que é melhor focar-se na aceitação das responsabilidades. No entanto, essa geração de muitos que foram criados em famílias pequenas por pais super-protetores em parquinhos com chão macio e depois ensinados em universidades com “espaços seguros”, que não precisa ouvir coisas que não queira – educada para ter aversão ao risco -, tem agora, em seu meio, milhões que se sentem entorpecidos por essa subestimação da sua resiliência potencial e que abraçaram a mensagem de Jordan de que cada indivíduo tem uma responsabilidade fundamental a assumir; de que para viver uma vida plena é preciso primeiro colocar a própria casa em ordem e, apenas então, será possível sensatamente pretender assumir responsabilidades maiores. A extensão dessa reação frequentemente levou nós dois às lágrimas.

Dr. Norman Doidge




“O que nos causa problemas não é o que não sabemos. É o que temos certeza que sabemos, e que, ao final, não é verdade.”
Mark Twain

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“Aquele cuja vida tem um porquê, pode suportar quase todos os comos.”
Friedrich Nietzsche

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“Nenhuma árvore pode crescer até o Céu, a menos que suas raízes desçam até o inferno.”
Carl Gustav Jung



No livro 
12 Regras para a Vida, 
de Jordan B. Peterson
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