sábado, 13 de fevereiro de 2021

Chegamos no “depois”; e agora?

 




Que “depois” é esse?

O “depois” vem após outros “depois”.

Que “depois” virá depois de descobrirmos

que tudo o que pareceu nos bastar

trouxe a humanidade para este gargalo instransponível?

 



O que sabemos sobre o que não sabemos?

 

Seríamos nós as derradeiras gerações; o culminar tácito e trágico de todo o negligenciar humano? Falidos e Fadados a herdeiros de todo o débito; é certo afirmar que estarmos totalmente sobrecarregados de dívidas cujas faturas improrrogáveis recaíram sobre nossas costas são a razão de nossos maiores pesadelos – e que muitos de nós estão dormindo tão profundamente que nem mesmo atingiram esta fase de percepção?



Ao que parece chegamos ao ápice da evolução humana como ser vivo. Acumulados, implorando, cada um a sua maneira – mimetizado a sua ilusão – um naco melhor de sobrevida diante de um muro intransponível criado a partir do acumulo de todas as riquezas em algumas poucas mãos!

Negociatas; desvio de consciência, corrupção, conchavos, interesses comuns e o famoso toma-lá-dá-cá, fortalecendo a casta particular daqueles que passaram pelo crivo da irmandade de homens poderosos que têm como particularidade individual a inegociabilidade: poder suficiente para manter-se ingressado no Grupo Principal de Comando – muito além das vistas de simples mortais que arrotam poder e figuram nas listas de senhores influentes do planeta.

É somente quando eles pingam as burras – com o viés único da obscuridade do ganho, óbvio - que boa parte do resto se movimenta, no entanto esse movimento drena as moedas novamente aos Césares. Não há mais como sair deste vórtice nefando.



Os castelos pertencem a eles, porém lá não moram há séculos; descobriram que vazios lhes rendem mais ao arrendarem para um grupo fiel de vassalos para impressionadas visitações vigiadas. Ainda assim vivem encastelados, “escondidos”, camuflados em endereços seguros e discretos.





Não há mais necessidade de que terras sejam conquistadas; a maioria dos bárbaros da atualidade não possuem honra e podem ser facilmente dobrados. E as terras que proprietários legítimos gabam-se ter adquirido: serão permitidas enquanto suas produções são escoadas por veias – modais - predefinidas.

Escravos escravizando escravos - os proprietários fora da irmandade nada possuem; são os novos arrendatários - escravos empossados. A propriedade fora da irmandade é um fardo que o leigo efusivamente chama de sua vida, porém ele jamais perceberá que não pode desfrutar a vida enquanto mantém a “sua vida” - “isto aqui é minha vida”; e o que você faz com “sua vida”? Tenta mantê-la pungente, pulsante, ainda que não entenda realmente por que.


Vou para a faculdade para depois arranjar um emprego, uma família e depois uma casa e depois vou viver a vida trocando de carro, mantendo a casa, trocando de parceiros e depois montar meu negócio e depois quero aumentar o negócio...




Enquanto envolvido nesta roda tola se mantém suficientemente ocupado para se equilibrar entre ações sofríveis o bastante para gerir simultaneamente três vidas. Porém só se tem uma dentro de um dia que termina em 24 horas, então outro alugado buzina no ouvido para olhar para o concorrente do negócio ao lado que tem feito apostas melhores; “ei, você tem 24 horas no dia igual a ele; corrija o que você está errando”.

A arte da irmandade é fazer com que nos esqueçamos da beleza contida na singularidade de cada um. Como se referia o Raulizito ao sistema insano; o Monstro Sist, paradoxalmente prega a igualdade se referindo, aludindo maquiavelicamente à disputa, à concorrência, ao embate, à competição. Se ele pode você também pode e, se não for bem sucedido sob o véu dos argumentos habituais; apelam se utilizando até da lição Daquele que somente é referência na hora do merchan, “lembre-se, vocês podem o que Eu posso e podem ainda mais”. Porém o poder de cada um precisa ser despertado e as possibilidades de um igualar-se a um determinado outro qualquer provavelmente exigirá dispêndios despropositais de energia - realidade aprendida somente no adiantado da hora.




Não há o que se possa fazer. São muitas gerações praticando o mantra da obtenção de posses, terreno, carro, televisão, geladeira, até a família deixou de lado a importância maior e hoje se não é uma posse é uma frente maravilhosa de dispêndio inútil ferozmente incentivada pela irmandade.




O muro intransponível está a nossa frente e ele se fortalece da desestabilização daqueles que poderiam derruba-lo; é o paradoxo da mecânica; onde é a força contraria que fortifica a união ao ponto extremo de manter-se preso, mas por agora, esta força nem está sendo acionada, afinal não haverá força contrária conjunta enquanto persistir a esperança de novos “depois”.


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