sábado, 7 de agosto de 2021

Da obsolescência e da objetificação

 




Assumir sua obsolescência pode ser uma saída honrada para o homem que há séculos tem se transformado a cada dia mais em objeto.


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Greys do Poder Econômico - Heidegger anunciou nossa objetificação.  Ao abandonarmos a conexão com o Transcendente ao nos entender desconectados do Fio de Prata criamos um universo apenas mental e a ciência, de instrumento foi elencada a ditadora de regras e comportamentos e então foi engolida e realocada ao posto de ferramenta enquanto era possuída e condicionada, inicialmente a dois poderes unidos; o político e o religioso, assim, com tudo a perder o homem arrastou-se sobre duas Grandes Guerras e então a pá de cal que faltava, soterrou-o; quem dominaria tudo, sob a máxima de que nada está tão ruim que não possa piorar, assumindo o controle total, seriam os Greys do Poder Econômico.





Nada, absolutamente nada é permitido que o Poder Econômico não controle. O homem objeto de longe, passou de uma pilhéria, uma licença poética; do terreno sexual para o existir cotidiano generalizado. Estendendo-se de gerador da máquina às engrenagens do processo. Não é apenas o mecânico de Chaplin que roda entre as engrenagens que aos poucos não mais existirão – baixo lá, arrasta-se aqui; ele é a própria engrenagem no sentido de: ignorado sob a luz do resultado final. O homem invisível comum, há décadas vêm sendo o sustentador frágil do sistema concupiscioso enquanto a humanidade como um todo concorre em igualdade na obsolescência.






Somos todos autômatos, nos transformamos a todos, inclusive os donos do pedaço, àqueles que dominam o Planeta Terra na questão obrigatória tornada única: o poder de auto sustentar-se – da sobrevivência ao sustento supervalorizado. Não é possível que o sujeito se transforme em “pária” (loser) ou dependente, isso o classificará como marginal – no entanto, apenas um mísero grupo de miseráveis não o é.  Nos tornamos “escravos do invisível”. Hoje, a Terra foi tornada um lugar enfadonho. Quem tem poder brinca de - em um extremo - se distanciar de quem salta mais longe para fora do planeta, voltamos a ser crianças a brincar de “pular mais longe”, outros de explodir partículas, como na infância a divertir-nos com as “bombinhas”; entremeados a estes temos os entretenedores - bem vindos em comum - a criar parques de diversões para que todos possam se distrair enquanto não se esfolam vivos (durante o expediente) “güentando” as pontas para ganhar algum para, é claro, investir nos parques, redes sociais, streaming, jogos e os mais variados canais de televisão.





Os Sentidos; que animavam pessoas através do circo, da poesia, dança, teatro estimulando a sensibilidade e o amor puro foram tornadas coisa de parasitas sonhadores. Qual é a percentagem realmente atenta ao sentimento dos grandes concertos?





A Terra foi convertida no último estágio. Heidegger acertou ao se anunciar como um filósofo de alerta. Talvez essa tenha sido a última cartada nascida no cerne da veia intelectual. Observou muito acertadamente que o homem criou a ciência por ser capaz, por diferenciar-se dos demais seres vivos, no entanto incorreu no fenômeno paradoxal ao torna-la superior a ele e esta o afundou na objetificação, ou na coisificação como observado na década de 70. Hoje somos, em sentimento, em essência, piores que animais por conta da nossa megalomania e para os Princípios Verdadeiros somos, agora, obsoletos.





Assumir nossa atual condição risível é a única saída para um que outro que pretenda voltar a pensamentos empoados de algum sentido.






Teoricamente, apropriar-se da observação apontada não parece complicado. No entanto a teoria da leitura dificilmente coaduna com a prática pretendida. Decidir-se à mudança enquanto lê não se compara a tentativa das práxis.





Quando se é senhor de algo não se quer arriscar tudo. A boa vontade cessa no instante em que a mente vislumbra perdas; principalmente quanto se é proprietário louvando o Senhor da Posse; quando se é um idealista por osmose; por atavismo. No entanto, invertido os papéis, entendendo que pouco há a perder, e aqui o pouco pode ser quase nada como também um império que nada vale perante a transcendência: esta retoma sua relevância.





Que valor tem, ou melhor, existe algum megaprojeto que suplante na prática riscos aos seres vivos, massacre, doenças, aumento da miserabilidade regional ou mundial? Ou, na melhor das hipóteses; que gabaritos podem ser espelhados diante do vislumbre de prós ante os contras?





Por falta dessa régua, à máxima de Heidegger sobre o destino do homem a autodestruição; paradoxalmente o ato de transformar o volume maior de pessoas em objetos, em coisas, em seres invisíveis, deu aos Greys do Poder Econômico o salvo conduto da desnecessária importância aos habitantes do campo de Concentração Mundo em que eles próprio paulatinamente converteram.





Hoje nem de longe é uma questão de sentimento, mesmo porque jamais o tiveram; é de desprezo à “coisa” mesmo.





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