sábado, 2 de setembro de 2017

A “bruxa” do conhecimento


E então o convite caiu no meu colo
Como são as melhores coisas da vida
Displicente, por acaso, inesperadas
Ah! As conjunções e alinhamentos
Jamais me imaginaria diante dela
Seria real; “ela é real!?!”
Aqui, onde nutro tão pouca esperança na cultura?
Que surpresa
Não, que ótima surpresa!
Mas seria mesmo ela!?!
A Viviane Mosé do Fantástico; a filósofa?
Vou conferir; vai que é!
É um nome diferente, não pode haver duas
E não há
Única
Pura
Visceral
Pulsante
Enérgica...
"A senhora é uma bruxa?"
Sim
Bruxa
Sábia
Filósofa
Singular
Alguém que conhece
“Sei do que estou falando!”
Nada comedida
Potencializa
Poetiza
Põem e tira
Precisa
“Vontade de poder” em um mundo onde não há o que fazer
Mas não interessa.
Não a ela
“E daí” que o mundo não tenha jeito!
“Dê seu jeito”
Não é isso que importa
O que importa é a comunicação, é o dar o recado, é o comunicar o que todos sabem e ninguém quer mesmo saber, mais do mesmo que não resolverá nada, mas...
“E daí!”
Por isso vou permanecer na minha zona de conforto?
No meu mundinho!
Buscando culpados!
Sim e não, você pode fazer o que quiser, mas pode optar por dar seu recado
Se envolver
Desopilar
Ajudar
Cooperar
Meditar agitando e se curar adoecendo
Tudo é válido só não vale não estar
“Se curar poetando”
Ela está e ela é
Puxa a orelha sem cobrar nada
Cutuca sem ser percebida
Irretocável
É intocável
Sem frases de efeito
Sem bordão
Sem trejeitos
Simples
Ouve e aceita xingamentos não por merecê-los, mas por entender o mundo ainda mais doente que ela
E recebe com simplicidade o pedido de perdão
Manda abraçar e poetiza sobre o “amor desgastado”
Mas ainda aí é apenas uma licença poética, um puxão de orelhas
Ela é só Amor
E é com tranquilidade que pontua a morte
Alguém que é sem querer sê-lo
Logo agora; aqui
Neste universo onde se não se é medalhão e precisa aprontar uma presepada por dia para ser curtido, para ser seguido, para ser adorado
Para receber “uma estela”, um coração, ou um “bom dia”
Uma filósofa brasileira, pura, do povo
Diz o que precisa ser dito
Sem querer chamar a atenção; desperta
Sem dizer palavrão; prende
Sem fazer piadas; faz rir
Sem querer ser; é
A síntese
“Fala muito” 
Mas gostaria de ficar ali por mais algumas horas
Envolvido em seu jogo de palavras
Ela prova ser fácil
Consciente ela
Consciente eu
Entendo sobre como é difícil estar ali
Como é difícil posicionar-se contra sem ser notada
Ou “má” interpretada
Diante da nova realidade humana do saber comum
Como tornar-se voz audível em um universo barulhento!
Mas ela não falou de Amor...!
Não ali
Ainda que o Amor estivesse presente em todos os seus gestos
E eu sei por que!
Não Viviane, o Amor não está “desgastado”
É o amor que está desgastado
O amor minúsculo, comercial
O Amor maiúsculo não cabia ali,
Faltou tempo
Imagine
Para o Amor
Portanto Ele não entra mais em qualquer lugar
Ele requer tempo, dizem
Mentira
O amor hoje é um caractere, um emoji, um coração
Não mais um sentimento
Não porque ele deixou de existir
Mas porque ele age como você ao receber xingamentos
Sabe que é a patologia “psicótica” do instante que assim requer
E assim como você estará sempre lá para entender e atender a todos
Assim é o Amor que também não desiste nunca
Não consegui fazer minha pergunta
Anoto-a então agora
Falamos dos professores, dos pais, da cultura e da educação
Sobre os pais abraçarem os filhos
Sobre chorar e perdoar mesmo sem por que
Em nome do bem maior: o resgatar
Sobre a criança “querer a presença e não o presente”
Sobre as diferenças entre a boa escola pública
E a paga, remediada
Antes que o professor seja um produto do meio
Detestando o sistema e se dando a obrigação
Se conscientize e aprenda qual é sua missão
Determinar vidas e mudar mentes
Ele é a direção
O canal
Essa é a minha questão
E só há uma forma de aplicar isso
Com a devida correção
Entregar-se ao que se presta
Aqui, agora; esquecendo-se da paga
Mas com Amor no coração
Então, ali,
Lembrei-me da Cora Coralina
Do Suassuna
Mas dedico esta escrita
Ao maior poeta nordestino
Patativa do Assaré
Que ensinou como um menino
Puro como você Viviane
Ainda que menos letrado
A não dobrar-se ao personagem
Dizer tão somente sim ao tino
É o que se é poetando
E a quem estou encantado
Mas e o Nietzsche onde fica?
Esquecemos do coitado!
Jamais
Reservei o final
Para esse querido amado
Nós dois o admiramos muito
Acredite
Ele está do nosso lado

Após assistir a palestra da Viviane Mosé:
“A poética do Repente”.

(as expressões entre aspas foram retiradas da própria palestra)



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