sábado, 10 de março de 2018

Avançar




Do avanço para o politico/social que não avança.

Leio nos jornais que ecos autoritários ressoam mais agora que há duas décadas, imagino o pessoal recém saído da ditadura, tudo está ainda queimando. Feridas cicatrizando e o ranço dos porões fétidos impregnam as ruas; enquanto queremos nos livrar logo disso.

Mas, agora, tudo já passou. Estamos na democracia. No entanto, como ainda não há paz, ou como explicar a existência de tanta desilusão, muita mentira, muita hipocrisia; por que, então, não enxergamos uma solução audaz, peremptória, por parte dos nossos governantes? Talvez porque eles saibam que em algumas situações os grupos de produção e/ou consumidores acabam se ajeitando por conta da precisão da pressão gerada para a subsistência de todos.


Independentemente do que esteja pela frente, o sistema econômico/político precisa seguir por uma razão pura e simples: há a obrigação e não se pode fugir a ela. No entanto estamos nos referindo a uma armação de cartas, se uma desabar é possível que todas venham abaixo, e, de alguma maneira, todos sabemos disso – quando não, é muito fácil explicar.





O indivíduo precisar dar um jeito se o calo aperta, e a empresa também. Ciente de que, se uma quebra tem outras dez prontas a ocupar aquele espaço, mesmo que oito delas não entenda todo o processo, mas, ainda que duas delas compreendam a cultura nefanda, elas irão continuar, afinal é preciso avançar, ou se avança ou definha, não há uma terceira alternativa.

No atropelo de uma multidão de milhares de pessoas, se a causa é de impossível enfrentamento, a única opção é correr, e, invariavelmente, muitos serão pisoteados; muito desse jeitão, dessa filosofia, está intrinsecamente instaurada na nossa (des)governança. Ou aqueles que estão no meio do furacão correm junto com todos, ou serão atropelados. E quem está assistindo ou provocando o alvoroço entende que uma minoria não conseguirá se salvar; mas, ao final a maior parte deles, acaba sobrevivendo.


Poderíamos voltar com algum sistema parecido com o militarismo? Não. Porém não porque ele não daria segurança às pessoas decentes, e sim porque a democracia criou muitos homens indecentes e corruptos, haveria uma carnificina e não haveria prisão para todo mundo. Somos uma sociedade acometida de um câncer social incurável; rumamos ao estado terminal do que entendíamos por sociedade de iguais. Acredito que metade da população nacional sobrevive de trabalhos escusos. Se não direta, mas indiretamente (seguradoras, shoppings, farmácias, concessionárias, montadoras, incluindo aí organizações ou não: ativas na prática de lavagem de dinheiro. Tudo alinhavado aos tentáculos das instituições financeiras) onde é o crime que mantém a movimentação muito superior e economicamente sustentável – o crime é uma instituição importantíssima na manutenção da economia. Como voltar atrás e acomodar tudo isso? Não é possível e a decisão caótica mais acertada é deixar que o turbilhão chamado existir em países do terceiro mundo continue fazendo suas vítimas. A solução individual é procurar ilhas de sobrevivências, mas é preciso muito esforço, resignação, inteligência, humildade para encontra-las e sobreviver bem ao observar as injustiças e o pisotear assistido e deixar tudo passando ao largo.



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