sábado, 17 de março de 2018

Tanto quanto



...eles, filósofos e pensadores, estão acometidos da hipocrisia em grau ainda superior aqueles que lhes têm como deuses do conhecimento.

Sábios e detentores de eminente erudição; arrivistas, abusados e oportunos: isto é o que são.

Acomodados em suas dependências cômodas ficam, sob a proteção ou acobertado por seus dons terrenos momentâneos, a apontar defeitos e a disseminar teses de impossível aplicação para o estado vigente. Aproveitadores esnobes, descalçados de senso de humildade em sua maioria, covardes, se aproveitam de uma superioridade efêmera quando poderiam dividir seu tempo do apontar falhas com um mínimo esforço em executar ações para antecipar a aplicação daquilo que defendem e quem sabem então, trazer soluções palpáveis para o seu agora.

E porque não o fazem?

Antes, gabam-se - dados a fanfarronice artificiosa, comercial, rentável. Por se entenderem sumidade quando esta não o serve nem mesmo para um único ato altruísta em prol da sociedade que não seja apontar erros e sinalizar soluções de impossível aplicação. Um único ato de um samaritano verdadeiramente engajado a visitar um moribundo condenado ao catre supera todas as teses que estes oportunistas têm como um valor inegociável.

Donos de inegável ciência; enxergam também a impossibilidade do seu agora em praticar o que têm assinalado. No entanto, sua vaidade também orbita a superlatividade, superando em muito seu saber. Essa premissa, por si só os impede da reserva, sendo assim: propalam sua arte, agastam-na, a massagear o próprio ego.

O sábio verdadeiro ao máximo aponta para si e seus afins, seu pensar. Ele não o faz para o mundo, o faz para burilar seu espírito. Agora, alheio, o universo poderá aproveita-se do que foi dito em outras eras, afinal, sabe também ele que nasceu para o seu trabalho, e se este em algum instante póstumo for necessário, estará pronto aquele que conseguir decifrá-lo em hora apropriada.



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