sábado, 3 de março de 2018

Delay


“Você sabe que não passou”, repete o Mestre. Não, não se repete, repete uma afirmação que se repete há anos sobre incontáveis testes aos quais falhei.

Novamente, ao final, fui informado que tudo não passou de um teste e que, outra vez, eu não havia passado.


Penso por quantos perrengues passamos, cotidianamente, sem nos dar conta de que aquilo não era importante em si, mas tão somente para que o universo descobrisse que estávamos avançando! E em quantas vezes ele retornou desacorçoado?

Outro Mestre que considero e que há muito as ocorrências naturais da vida dele me afastou, costumava aconselhar; “às vezes era preciso que você repetisse mais vezes, ‘não tem importância’” (quanto tempo levei para compreender isso, e a quanto venho me esforçando para aplicá-lo).




“Hoje tudo bem”, antigamente me incomodava muito este tipo de informação. Por haver “falhado” ou por não entender ou saber se uma indireta que sempre era uma direta estava endereçada a mim enquanto meus orgulho e vaidade procuravam uma desculpa para delas desviar-me.

Venho aprendendo sobre meus limites e por mais de duas décadas insistindo, me policiando e entendo que “houveram” avanços.



Fico apenas chateado, mas, bola pra frente.
Após todas estas lutas e derrotas, e a continuidade. A insistência em tentar, e mais, o querer; passei a acreditar haver um delay na minha evolução pessoal.

Ao Mestre apontar o resultado e esclarecer sobre outro teste negativo; a ele retorno vivenciando o em si da coisa. Fazendo uma retrospectiva não apenas do momento, porém de todo o bojo às vezes intragável. Envolto em uma aura de contrição e autopunição sadia permito-me a cobrança, e quase como um castigo - afinal estou consciente dos meus objetivos (Vontade), - e com veemência: procuro o porquê da contrariedade; do lutar obtuso contra a natureza. Chegando a duras penas, a conclusão que isto faz parte do processo. Que o curso evolutivo pode não ser – e definitivamente não é - finalizado com a reprovação nos testes. Que podemos continuar trabalhando no assunto, agora, com algumas informações importantíssimas.

Na verdade, uma vez domado, posso tornar o teste uma ferramenta; uma espécie de espião. No meu caso, precisei deixar o orgulho de lado e entrar dentro dos infernos que em mim ardiam toda vez que o Mestre, a meu favor, os instigava.




Uma vez educado, continuo, a contra gosto, costumo dizer – em tom de brincadeira-, “sob protestos”; assumindo sem lutar(muito); sem o debate estendido que o Mestre jamais esteve contra, no entanto sei agora que ele percebe muitos dos meus infernos, e ainda que isto não revele, tremo ao acreditar que revolverá tantos quantos for possível enquanto eu resistir.

Da Série; vamos prorrogar a existência dos sentimentos

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